IMORTAIS SENHORES DE SI MESMOS
171.171 anos AEM (*)
O sol castigava as planícies, vales,
montanhas, mares, rios, lagos, enfim, todo o planeta. A seca assolava geral,
mas Hungh, na sua esperteza, colheu e guardou, para ele e os que o acompanhava,
grande quantidade da planta super verde que, quando mascada, dava ânimo,
euforia, alegria e deixava tudo melhor naqueles dias de vida duríssima. Porém
com o passar do tempo até os pés colhidos e armazenados no fundo fresco da
caverna estavam secos e difíceis de mascar.
Certo dia Hingh, filho de Hungh com
Hangha, beirando seus dez anos, brincava na entrada da caverna com um galho
seco da planta e um pedaço de cristal. Ele colocava o cristal diante dos olhos
e sorria vendo os tamanhos das formigas, que estavam tirando nacos das folhas
secas do galho, com o qual brincava aumentarem seus tamanhos. Num determinado momento
o sol, a pino, fez com que sua incidência sobre o cristal, provocasse fogo na
planta seca. Hingh começou a gritar e seu pai veio acudi-lo:
- Hingh up ag ting fog ig? (traduzindo:
- Hingh, o que houve?)
- Hingh fex lux
fol id fum! (- Hingh fez
luz e fumaça!)
Hungh
pegou o galho que queimava e produzia muita fumaça e a aspirou. Ao inalá-la deu
um grito:
- Iiiiiiiiiiiiçá! Ist it meg masc! (- Içá! Isto
é melhor do que mascar a planta!)
Hingh
explicou ao pai como havia conseguido por fogo na plantinha seca; e a partir
daquele momento foi inventado o isqueiro natural e uma moderníssima ideia veio
à cabeça de Hungh: Trocar pequenas porções da planta seca por pedaços de
carnes, frutas, raízes, peixes, peles e, etc... Ele fornecia, ainda, um
caquinho do isqueiro natural e ensinava a usá-lo.
Espalhou-se pela planície, daquela
região, a mágica que Hungh trocava por víveres e isto o tornou poderoso.
Fungt, um pretensioso a tomar o
lugar do chefe dos nômades e com inveja, roubou uma grande quantidade das
plantas secas de Hungh e fugiu para o outro lado da planície. Fornecia a quatro
amigos enormes, que o acompanhou, quantidades da planta e deu a cada, um pedaço
do cristal mágico, isto, em troca de sua proteção.
A seca prosseguia e já durava um ano.
Fungt e Hungh entraram em guerra tentando tirar um do outro o que ainda restava
da planta seca.
Os
indivíduos se matavam por um galhinho por mais pequenino que fosse. Estavam
dependentes da fumaça que ele produzia quando queimado; porém não existia
sequer um ramozinho em lugar nenhum conhecido por eles.
Não chovia a mais de um ano e nada
brotava naquela região do planeta e o que existiu esturricou-se pelo infernal
calor. Todos que habitavam aquela região pereceram e com eles o segredo da
planta que, queimada, produzia uma fumaça que, ao ser inalado, dava uma ilusão
idiota que os tornavam “imortais senhores de si mesmos”.
Será que a mágica descoberta pelos aborígenes pereceu com eles?
Será que a ideia de Hungh, assim como a planta, se alastrou?
(*)AEM = Antes
da Era Moderna
Nenhum comentário:
Postar um comentário