domingo, 23 de setembro de 2012

VIDA EM VIRTUÁLIA


O PANIFICADOR

O engenheiro Cleber chegou ao refeitório dos peões, isto às 22h 30 min., e falou alto e claro para que os quase 80 peões que moravam no alojamento ouvissem:
            - Atenção, atenção! O padeiro teve que ser internado num hospital na capital e preciso de um substituto!
            - QUEM JÁ TRABALHOU EM PADARIA ANTES?
               O silêncio foi quebrado pelo Gaúcho, - peão braçal, embora meio delicado para a função, gremista esperto e que queria se livrar do serviço pesado na pedreira:
            - EU TRABALHEI TCHÊ, DIGO, “DOCTOR”! TRABALHEI CINCO LONGOS ANOS NUMA PADARIA!
            - Então, amanhã, às 4h 30 min. esteja na padaria do canteiro de obras, ok?
            - Ok, tchê, opsss.. ”doctor”!
            - Como é o seu nome e matrícula? Perguntou o engenheiro.
            - Daniel, mas todos me chamam de Gaúcho e o número de minha matrícula é 171!
            - Então está tudo acertado, não vai faltar, ouviu Sr. Daniel?
            - Ok, Senhor Engenheiro! - falou no seu jeitinho o Daniel.
No outro dia às 7h 00 min. estava um tumulto sem igual no refeitório. O cozinheiro e os auxiliares de cozinha só serviram café e leite. Dr. Cleber chegou e perguntou:
            - Que bagunça é essa, minha gente?
             - É que não tem pão para o café da manhã, doutor! – falou Wagner, outro gaúcho, mas tinha vergonha de dizer a origem, o administrador.
            - Chamem o Daniel? – gritou Dr. Cleber.
            - Quem? Ah! Tá! É o Gaúcho!- lembrou o Wagner.
Todos ficaram na expectativa do esporro no pobre do gaúcho e, este, chega trazido pelo administrador e, o engenheiro pergunta:
            - Daniel... Gaúcho diga-me: - Por que você não fez os pães como eu mandei?
            - PORQUE EU NÃO SEI “DOCTOR”! –falou na “bucha” o peão.
            - Seu... seu... mas você falou e todo mundo ouviu que você trabalhou cinco anos numa padaria?
             O Daniel, gremista, (daqueles nojentos e encarnador) cuja matrícula era 171 respondeu:
            - TRABALHEI SIM, MESTRE, MAS CARREGANDO LENHA PARA O FORNO!

O refeitório explodiu num coro de gostosas gargalhadas e todos foram para o “batente” inclusive o Gaúcho.

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