O PANIFICADOR
O engenheiro Cleber
chegou ao refeitório dos peões, isto às 22h 30 min., e falou alto e claro para
que os quase 80 peões que moravam no alojamento ouvissem:
- Atenção, atenção! O padeiro teve que ser internado
num hospital na capital e preciso de um substituto!
- QUEM JÁ TRABALHOU EM PADARIA ANTES?
O silêncio foi quebrado pelo Gaúcho, - peão braçal,
embora meio delicado para a função, gremista esperto e que queria se livrar do
serviço pesado na pedreira:
- EU TRABALHEI TCHÊ, DIGO, “DOCTOR”!
TRABALHEI CINCO LONGOS ANOS NUMA PADARIA!
- Então, amanhã, às 4h 30 min. esteja na
padaria do canteiro de obras, ok?
- Ok, tchê, opsss.. ”doctor”!
- Como é o seu nome e matrícula?
Perguntou o engenheiro.
- Daniel, mas todos me chamam de Gaúcho e o
número de minha matrícula é 171!
-
Então está tudo acertado, não vai faltar, ouviu Sr. Daniel?
- Ok, Senhor Engenheiro!
- falou no seu jeitinho o Daniel.
No outro dia às 7h 00 min. estava
um tumulto sem igual no refeitório. O cozinheiro e os auxiliares de cozinha só
serviram café e leite. Dr. Cleber chegou e perguntou:
- Que bagunça é essa, minha gente?
- É que não tem pão para o café da manhã,
doutor! – falou Wagner, outro gaúcho, mas
tinha vergonha de dizer a origem, o administrador.
- Chamem o Daniel? – gritou Dr. Cleber.
- Quem? Ah! Tá! É o Gaúcho!- lembrou o
Wagner.
Todos ficaram na expectativa do
esporro no pobre do gaúcho e, este, chega trazido pelo administrador e, o
engenheiro pergunta:
- Daniel... Gaúcho diga-me: - Por que você
não fez os pães como eu mandei?
- PORQUE EU NÃO SEI “DOCTOR”!
–falou na “bucha” o peão.
- Seu... seu... mas você falou e todo mundo
ouviu que você trabalhou cinco anos numa padaria?
O Daniel, gremista, (daqueles nojentos e
encarnador) cuja matrícula era 171 respondeu:
- TRABALHEI SIM, MESTRE, MAS
CARREGANDO LENHA PARA O FORNO!
O refeitório explodiu
num coro de gostosas gargalhadas e todos foram para o “batente” inclusive o
Gaúcho.
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