TRAFFIC
CALMING
Na
minha frente ia uma carroça cheia de entulhos e o condutor puxou a rédea afim de
o burro parar abruptamente.
Motivo: - Tinha que
parar no traffic calming para um casal de idosos, que iniciava a travessia da Rua
Bento Bispo-Cardeal num bairro nobre de
Virtuália. O senhorzinho, que parecia ter quase um século de vida, ia amparado
pela esposa, cuja idade regulava com a do parceiro e, iam a passos lentos.
O
carroceiro pacientemente desceu da carroça e começou a verificar as amarras da
complicada carga.
Eu
observava tudo: a composição perfeita (carroça, condutor e burro); o traffic
calming; o casal de idosos lentos na travessia da movimentada e estreita
avenida de mão única; eu, ali, na pick up GMC 1957 (só faltava ter placa preta
de tão conservada a vermelhona-chassi) e, logo atrás, uma fila se formava.
Quando
notaram a carroça parada começou a buzinação. O carroceiro, sem se preocupar,
notou que a bengala do sinhozinho, que se esforçava para andar além de suas
forças, caíra no chão e prontamente foi ajudá-lo. A orquestra de buzinas foi
acompanhada de um sonoro coro de palavrões.
Após atravessar o casal, o condutor da carroça, aproveitando
o ressalto do traffic calming, falou ao burro:
- Vem Shrekiko! –
puxando-o pelo cabresto. Ele, com sua força animal, arrastou a carroça para que ocupasse meia
calçada e liberar os apressados.
Vi pelo retrovisor, após passar pela passarela de pedestre,
que o carroceiro falava sorrindo:
-Bom dia! – para o
motorista da Hilux, do Pajero, do Freemont, do Tucson e para o carro oficial do
prefeito que parou e o próprio, estendeu-lhe a mão cumprimentando-o.
O condutor autônomo de um veículo com tração animal
demonstrou que cordialidade e respeito no transito independem de traffic
calming.
Nenhum comentário:
Postar um comentário