sábado, 29 de setembro de 2012

VIDA EM VIRTUÁLIA


TRAFFIC CALMING

Na minha frente ia uma carroça cheia de entulhos e o condutor puxou a rédea afim de o burro parar abruptamente.
Motivo: - Tinha que parar no traffic calming para um casal de idosos, que iniciava a travessia da Rua Bento Bispo-Cardeal num  bairro nobre de Virtuália. O senhorzinho, que parecia ter quase um século de vida, ia amparado pela esposa, cuja idade regulava com a do parceiro e, iam a passos lentos.
O carroceiro pacientemente desceu da carroça e começou a verificar as amarras da complicada carga.
Eu observava tudo: a composição perfeita (carroça, condutor e burro); o traffic calming; o casal de idosos lentos na travessia da movimentada e estreita avenida de mão única; eu, ali, na pick up GMC 1957 (só faltava ter placa preta de tão conservada a vermelhona-chassi) e, logo atrás, uma fila se formava.
Quando notaram a carroça parada começou a buzinação. O carroceiro, sem se preocupar, notou que a bengala do sinhozinho, que se esforçava para andar além de suas forças, caíra no chão e prontamente foi ajudá-lo. A orquestra de buzinas foi acompanhada de um sonoro coro de palavrões.
         Após atravessar o casal, o condutor da carroça, aproveitando o ressalto do traffic calming, falou ao burro:
         - Vem Shrekiko! – puxando-o pelo cabresto. Ele, com sua força animal,  arrastou a carroça para que ocupasse meia calçada e liberar os apressados.
         Vi pelo retrovisor, após passar pela passarela de pedestre, que o carroceiro falava sorrindo:
         -Bom dia! – para o motorista da Hilux, do Pajero, do Freemont, do Tucson e para o carro oficial do prefeito que parou e o próprio, estendeu-lhe a mão cumprimentando-o.
         O condutor autônomo de um veículo com tração animal demonstrou que cordialidade e respeito no transito independem de traffic calming.













Nenhum comentário:

Postar um comentário