domingo, 18 de novembro de 2012

VIDA EM VIRTUÁLIA



A CRIATURA

            Aarão e Abraão, estudantes da Universidade Sideral de Virtuália (USV), estavam na mata perto da Serra Madre á procura da rara e maior borboleta do mundo, ou seja, a Queem Alexandra Birdiwing que, diziam, ter sido avistada borboleteando por aquela área.
        - Abraão, nós estamos perdendo tempo, aqui não tem esse inseto Lepidóptero; o mais raro que encontramos foi a oitenta e oito e não é tão raro assim de vê-lo por aí – falou Aarão.
    - Já são catorze horas, vamos procurar por mais quinze minutos, se não encontrarmos... – Abraão ficou estático e sem fala.
       - O que foi cara, o que vistes; foi uma Queem – perguntou Aarão.
       - O... Oooolheee no chão o tamanho dessas pegadas!
       - Ca... caracóóóóis, parecem as pegadas de um sasquatch, ou melhor dizendo, de um bigfoot, melhor ainda, de um pé grande; só pode ser – falou Aarão.
      - Vamos marcar este lugar no nosso GPS e voltar aqui depois com o professor Oscarzinho (*)  sugeriu o Aabrão.
     A notícia se espalhou e toda a Virtuália se orgulhava de ter esse novo mistério que existe, também, semelhante em várias partes do mundo e, a manchete da Folha de Virtuália estampava:
   “PÉ GRANDE VIVE NA SERRA MADRE, NA MINA DO MORRO VELHO!”
         Na delegacia de Virtuália:
       - Não vou perder tempo com pegadas, preciso de coisas mais concretas, aliás, nem crime ocorreu – falava Carabina Doze, o delegado, à imprensa.
         Paulinho Goró, que estava por perto, se intrometeu:
    - E os javaporcos da minha amiga Xerequéia, que estão desaparecendo há meses sem deixarem pistas?
      - Isso não quer dizer nada, eles podem ter fugido para o mato. O cercado que a Xerequéia fez, e você ajudou, é muito frágil. Eu já fui lá registrar a ocorrência e constatei isso – rebateu o Carabina e continuou:
     - Vou fazer o seguinte: amanhã cedinho vou lá onde encontraram as pegadas; vou com o cabo Valério e o soldado Márcio e... – Goró novamente se intrometeu:
   - Eu tenho coragem de ir junto e vou levar a minha antiga máquina fotográfica. Se eu não pegar “ele” à unha eu, pelo menos, tiro um retrato dele!
    - Está bom,  mister coragem, amanhã às sete horas vamos lá com minha guarnição – falou o delegado.
       Na manhã seguinte as sete e trinta a comitiva deixara a caminhonete, da delegacia, estacionada embaixo de um ipê amarelo e seguiram à pé mato adentro, até que:
         - Olhe delegado, que bicho é aquele lá perto da margem do Ribeirão Limpo – perguntou Goró apontando em direção ao curso de água.
      - Por todos os pés grandes é ele, só pode ser; é grande e coberto de pelos escuros – espantado gritou o delegado e, prosseguiu:
       - Olhem, ele leva dois javaporcos debaixo dos braços. Tire, antes de qualquer coisa, uma foto dele Goró, rápido!
       - Eu não trouxe a máquina, Carabina, não existem mais filmes para ela. O pessoal só está usando máquina digital – rebateu o Goró.
        - Não vai dar para encarar essa criatura. Acho que ela tem quase três metros de altura. Márcio e Valério, atenção!  Vou apontar a minha carabina nas perns dela e se ela não cair vocês descarreguem seus "trinta e oito" nela, ok? – os praças não responderam, pois estavam petrificados de medo e Goró falou;
        - Esse aí não tem como pegar à unha. Se eu fosse você mirava no meio dela, delegado!
        Foi o que Carabina fez: apontou, mirou e detonou. A criatura não emitiu nenhum som, apenas começou a pegar fogo instantaneamente ao ser atingida.
      - Que diabo é isso, Delegado, o bicho se incendiou com o impacto do tiro – gritou o Goró.
       Os javaporcos incendiaram-se junto com a criatura e o cheiro, da fumaça produzida, era insuportável.
       - Não vamos chegar perto ainda; deixa queimar até o fim. Pelo menos vamos ter o esqueleto dela como prova – sabiamente decidiu o Carabina.
       Mais ou menos vinte minutos depois já não saía mais fumaça de onde caíra o pé grande e Goró foi o primeiro a se aproximar e gritou:
  - Delegado, aqui não tem nenhum esqueleto, aliás, nem cinza, só mato chamuscado!
      - Não estou entendendo mais nada, mas duas coisas são certas: a criatura não existe mais e vão parar o sumiço de javaporco da Xerequéia – disse o Carabina.
     - Tens razão doutor – disse o Cabo Valério – o caso está solucionado!
    - Acho bom a gente esquecer o acontecido; ninguém vai acreditar na gente e seremos motivo para piadas – sugeriu o Carabina.
   - Está certo delegado, tens razão; se pelo menos eu tivesse uma máquina fotográfica digital... - Goró foi asperamente interrompido:
     - Pois é senhor Paulo de Paulli, eu tenho uma do último modelo, mas confiei em que você traria e não trouxestes a tua!
     - O que é, é; o que tem que ser, será! – disse o soldado Márcio.
    - Vamos voltar para Virtuália e esquecer o que vimos, mas antes vamos apagar quaisquer vestígios, inclusive as pegadas anteriores – ordenou o delegado.

(*) Vide “ OSCARZINHO, O PROFESSOR “ de 02/07/2012



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