A CRIATURA
Aarão e Abraão, estudantes da Universidade Sideral de Virtuália
(USV), estavam na mata perto da Serra Madre á procura da rara e maior borboleta
do mundo, ou seja, a Queem Alexandra Birdiwing que, diziam, ter sido avistada
borboleteando por aquela área.
-
Abraão, nós estamos perdendo tempo, aqui não tem esse inseto Lepidóptero; o
mais raro que encontramos foi a oitenta e oito e não é tão raro assim de vê-lo
por aí – falou Aarão.
-
Já são catorze horas, vamos procurar por mais quinze minutos, se não
encontrarmos... – Abraão ficou estático e sem fala.
-
O que foi cara, o que vistes; foi uma Queem – perguntou Aarão.
-
O... Oooolheee no chão o tamanho dessas pegadas!
-
Ca... caracóóóóis, parecem as pegadas de um sasquatch, ou melhor dizendo, de um
bigfoot, melhor ainda, de um pé grande; só pode ser – falou Aarão.
-
Vamos marcar este lugar no nosso GPS e voltar aqui depois com o professor
Oscarzinho (*) – sugeriu o Aabrão.
A
notícia se espalhou e toda a Virtuália se orgulhava de ter esse novo mistério
que existe, também, semelhante em várias partes do mundo e, a manchete da Folha
de Virtuália estampava:
“PÉ
GRANDE VIVE NA SERRA MADRE, NA MINA DO MORRO VELHO!”
Na
delegacia de Virtuália:
-
Não vou perder tempo com pegadas, preciso de coisas mais concretas, aliás, nem
crime ocorreu – falava Carabina Doze, o delegado, à imprensa.
Paulinho
Goró, que estava por perto, se intrometeu:
-
E os javaporcos da minha amiga Xerequéia, que estão desaparecendo há meses sem
deixarem pistas?
-
Isso não quer dizer nada, eles podem ter fugido para o mato. O cercado que a
Xerequéia fez, e você ajudou, é muito frágil. Eu já fui lá registrar a
ocorrência e constatei isso –
rebateu o Carabina e continuou:
-
Vou fazer o seguinte: amanhã cedinho vou lá onde encontraram as pegadas; vou
com o cabo Valério e o soldado Márcio e... – Goró novamente se
intrometeu:
-
Eu tenho coragem de ir junto e vou levar a minha antiga máquina fotográfica. Se
eu não pegar “ele” à unha eu, pelo menos, tiro um retrato dele!
-
Está bom, mister coragem, amanhã às sete horas vamos lá com minha
guarnição – falou o delegado.
Na
manhã seguinte as sete e trinta a comitiva deixara a caminhonete, da delegacia,
estacionada embaixo de um ipê amarelo e seguiram à pé mato adentro, até que:
-
Olhe delegado, que bicho é aquele lá perto da margem do Ribeirão Limpo –
perguntou Goró apontando em direção ao curso de água.
-
Por todos os pés grandes é ele, só pode ser; é grande e coberto de pelos
escuros – espantado gritou o delegado e,
prosseguiu:
-
Olhem, ele leva dois javaporcos debaixo dos braços. Tire, antes de qualquer
coisa, uma foto dele Goró, rápido!
-
Eu não trouxe a máquina, Carabina, não existem mais filmes para ela. O pessoal
só está usando máquina digital – rebateu o Goró.
-
Não vai dar para encarar essa criatura. Acho que ela tem quase três metros de
altura. Márcio e Valério, atenção! Vou apontar a minha carabina nas
perns dela e se ela não cair vocês descarreguem seus "trinta e oito" nela, ok? –
os praças não responderam, pois estavam petrificados de medo e Goró falou;
- Esse
aí não tem como pegar à unha. Se eu fosse você mirava no meio dela, delegado!
Foi
o que Carabina fez: apontou, mirou e detonou. A criatura não emitiu nenhum som,
apenas começou a pegar fogo instantaneamente ao ser atingida.
-
Que diabo é isso, Delegado, o bicho se incendiou com o impacto do tiro – gritou
o Goró.
Os
javaporcos incendiaram-se junto com a criatura e o cheiro, da fumaça produzida,
era insuportável.
- Não
vamos chegar perto ainda; deixa queimar até o fim. Pelo menos vamos ter o
esqueleto dela como prova – sabiamente decidiu o Carabina.
Mais ou
menos vinte minutos depois já não saía mais fumaça de onde caíra o pé grande e
Goró foi o primeiro a se aproximar e gritou:
-
Delegado, aqui não tem nenhum esqueleto, aliás, nem cinza, só mato chamuscado!
-
Não estou entendendo mais nada, mas duas coisas são certas: a criatura não
existe mais e vão parar o sumiço de javaporco da Xerequéia – disse o Carabina.
-
Tens razão doutor – disse o Cabo Valério – o caso está
solucionado!
-
Acho bom a gente esquecer o acontecido; ninguém vai acreditar na gente e
seremos motivo para piadas – sugeriu o Carabina.
-
Está certo delegado, tens razão; se pelo menos eu tivesse uma máquina
fotográfica digital... - Goró foi asperamente interrompido:
-
Pois é senhor Paulo de Paulli, eu tenho uma do último modelo, mas confiei em
que você traria e não trouxestes a tua!
-
O que é, é; o que tem que ser, será! – disse o soldado Márcio.
-
Vamos voltar para Virtuália e esquecer o que vimos, mas antes vamos apagar
quaisquer vestígios, inclusive as pegadas anteriores – ordenou o
delegado.
(*) Vide “ OSCARZINHO, O PROFESSOR “ de
02/07/2012
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