*<*<*<*GIBIZINHO *>*>*>*
Gibizinho
adentrou em Virtuália perto do Rio do Peixe. Como andarilho, faz suas andanças margeando os
rios, ribeirões, córregos, igarapés, sangas e outros cursos de água que dão
vida a essa Terra abençoada.
Dez
horas.
Ele para defronte a um horti-fruti e começa a
procurar restos de frutas em um tonel de plástico usado para descartes. Uma voz
altiva o interrompe:
- Ei, meu “chapa”! Não vai “me” revirar
esse lixo e sujar a frente do meu estabelecimento; venha até aqui que lhe darei
algumas frutas! - gritou Marconi, o dono da sortida quitanda.
- Não, muito obrigado, não quero. Eu só
vou pegar algumas frutas muito maduras, que jogastes no lixo, para separar as
sementes! Retrucou Gibizinho sorrindo e com duas goiabas, um mamão papaia e três mangas-ubá apodrecendo nas mãos.
- É cada um que me aparece! Resmungou baixinho o comerciante voltando ao labor
de polir as laranjas-pêra da banca.
Gibizinho
foi até a pracinha defronte, sentou num dos bancos, separou as partes boas das
frutas, selecionou as sementes e as guardou em jornais e murmurou:
- São as frutas, apodrecendo de maduras,
que dão boas sementes!
Saboreou
com gosto as partes aproveitáveis das mesmas. Terminando o laudo banquete foi
até a uma bica de água pública da praça; lavou as mãos, rosto e sorveu grande
quantidade do precioso líquido. Encheu uma garrafa de plástico, que ele carrega
consigo há pelo menos cinco anos; alojou-a na velha e surrada mochila e seguiu
para perto da margem esquerda do Rio do Peixe.
Com
seu velho e inseparável canivete, que ele guarda e usa desde os tempos do
exército, há pelo menos sessenta anos, começou a abrir covas e sepultar as
sementes. Primeiro as de goiaba vermelha; caminhava uns vinte metros e, repetia a operação com os caroços de
manga, as sementes de mamão e assim sucessivamente até que:
- O que está você fazendo, velho? Ah!Ah!Ah!
Plantando um pomar? Ah!Ah!Ah!Ah! -
zombou dele um dos senhores, bem trajado e à caráter, de um grupo de oito
pescadores de fim de semana, já com alto índice etílico, que aproveitavam o
domingo.
Sorridente,
como sempre, Gibizinho falou:
- Adivinhastes meu senhor! Coopero com a
natureza já que a usufruo com minha estadia no planeta! Pensem bem, meus caros:
- o universo observável tem um diâmetro perto de cem bilhões de anos-luz com
mais de trezentos sextilhões de estrelas; nossa galáxia tem cem mil anos-luz de
circunferência, estimada e com trezentos bilhões de “astros reis” e só neste
grãozinho de areia, em que habitamos, a Terra, é que temos certeza existir
vida. Então, enquanto eu puder, vou continuar cuidando de manter este pomar.
Todos
calaram com os risos e gargalhadas e entreolharam-se pensativos diante da
cultura do maltrapilho.
O
mendigo seguiu seu caminho de margear os rios, ribeirões, córregos, igarapés,
sangas e outros cursos de água plantando pomares. Têm-se provas concretas disto
em quase todo o território nacional. É só ir às margens de quaisquer
correntezas de água e verificar.
Enquanto
existirem os Gibizinhos nosso paraíso persistirá.
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