sábado, 11 de agosto de 2012

VIDA EM FAMÍLIA


MACACOS E TAMANDUÁS

Ano 1992, dia sete, mês Setembro, segunda-feira, 09h30min, - feriadão! (Eita memória, sô!).
Destino: - Chapada dos Guimarães.
Na rodovia MT-251, - Cuiabá/Chapada dos Guimarães, no querido estado do Mato Grosso, o céu estava num azul indescritível. As flores, daquele jardim natural, espocavam coloridas e perfumadas nos pequenos arbustos que margeavam o caminho. Se existe um paraíso, a estrada para lá, só pode ser assim. Eu dirigia o Opala preto que destoava do colorido dos barrancos avermelhados como quem dirigia uma espaçonave macia pelo espaço sem resistência.
         - Olha pai! Que bicho é aquele que vai atravessar a estrada?- gritou Mateusinho, meu filho caçula de cinco anos.
         - E um tamanduá-bandeira! – prontificaram-se a gritar, em duo, os outros dois filhos maiores.
         - Sim é um tamanduá, vamos parar o carro para vê-lo de perto! – imperou Rô, a patroa.
         Ao parar o veículo o tamanduá meio que se sentou nas patas traseiras, olhou-nos, simulou um abrir de braços para dar um abraço, espichou uma língua fina e retornou à sua travessia.
         - Nossa pai, ele é muito esquisito, mas é muito bonito, vendo assim de perto!
         - Tens razão Thiago, por mais diferente que sejamos das 1.120.000 espécies de animais já catalogados no mundo, somos todos filhos deste planeta, - a Terra. Seria tão bom se não existissem pátrias, símbolos, bandeiras, donos de pedaços de terras, donos da verdade, guerras por poder, imposição de crenças, códigos de éticas e sem éticas, discriminações em geral, se, por fim não existisse a hipocrisia. Seria aqui o paraíso, se os rios não limitassem fronteiras, corressem livres dos esgotos que produzimos e pudéssemos beber de todas as águas sem medo. Olhem esse céu da Chapada dos Guimarães! Já pensaram se todo o planeta fosse assim limpo e com essas nuvens branquíssimas?
         - Que é isso amorzão, o ar puro está te deixando poético? – interrompeu-me a minha rainha.
         - É mesmo pai, só porque o tamanduá-bandeira cruzou nosso caminho? – disse-me Felipe meu filho do meio.
         - Pois é meus filhos, em apenas alguns quilômetros ao nosso redor temos todo este universo no qual somos os seres racionais. Imaginem se compararmos esse pequeno universo com o tamanho do Mato Grosso, este com o país, este com o planeta, este com o sol e, ainda, comparar este astro-rei com Canis Majoris, a maior estrela já descoberta pelos humanos, até agora, que é 2.100 vezes maior que ele? O que somos perante o infinito do universo?
         - Nós somos parte dele, pelo menos eu acho! – disse-me o mais velho.
         - Não importa onde nascemos e que espécie somos aqui na Terra, somos parte dela. Somos feitos dos mesmos elementos químicos que existem desde sempre e para sempre vão existir.
         - Amorzão, você está “viajando” literalmente falando, ah!ah!ah!ah! Vamos tocar enfrente que já estamos parados aqui há quase uma hora! – falou carinhosamente a minha Rô.
         -Olha só, gente, o tamanduá-bandeira arrebentou aquele cupinzeiro para comer os cupins e dois macacos se juntaram a ele para, também, banquetearem! – gritou o Thiago.
         - Só mais uma coisinha: - O ser que chega mais perto do nosso genoma é o chipanzé. Ele tem 1% menos gene que o homo-sapiens e não conseguem raciocinar logicamente, se expressar e falar. Já pensaram o que seria da humanidade se outros seres com 10% a mais de gene, do que o ser humano, aterrissassem em nosso planeta?
         - Com certeza seríamos dominados e eles transformariam esta Terra no sonhado paraíso dos Querubins!
        - Pai, vamos parar lá no Mirante para vermos toda a extensão da chapada?
         - Ok, vamos lá e depois à Cachoeira Véu de noiva!
         Ficamos lá pelas bandas da Chapada dos Guimarães o resto do feriado nos refrescando; só após assistirmos o magnífico por do sol retornamos para nossa residência em Cuiabá.  Mas a verdade é que nunca mais esquecemos aquele tamanduá-bandeira nosso irmão terráqueo.

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