segunda-feira, 6 de agosto de 2012

VIDA E FÁBULAS


Os canarinhos


Numa clara e agradável manhã de primavera, um canarinho da terra vagava pelos jardins de uma glamorosa mansão. Pousou num galho de um florido flamboyant para ouvir um lindo canto de outro canário, mas com uma melodia diferente. Nesse canto notava-se  uma profunda tristeza escondida. De onde estava viu que o canto partia  de uma gaiola feita em ouro e prata, pendurada na varanda florida da mansão. Ele voou até lá perto, assentou numa roseira e viu um belíssimo  canário belga cantando a todo peito. No chão, logo embaixo da esplendorosa gaiola, vários pardais, machos e fêmeas, se deliciavam com os alpistes e outras guloseimas que caiam do habitat do belga:
         - Você não vai comer as migalhas que deixo cair, irmão amarelo? – perguntou o belga.
        - Não, não quero obrigado! Acabei de saborear uma fruta madurinha que encontrei no alto de uma goiabeira! – falou simpaticamente o livre canarinho.
          - Quanto trabalho para conseguir comida! Não me preocupo com minhas refeições, pois meu senhor mantém sempre cheios os meus coxinhos.
            De repente os pardais fogem em revoada. Era o proprietário  da casa que chegava à varanda. O canário da terra voou até uma romãzeira, ali perto, e ficou ouvindo o dono da gaiola   falar:
          - Vou te deixar trancado dentro de casa; tenho que sair e só volto amanhã! Esta gaiola vale uma fortuna e poderiam roubá-la!
            Fechada a porta da casa o canarinho da terra gorjeou feliz por ser livre e  voou, até ao gramado, para  se banquetear com semente maduras de grama.

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