Os canarinhos
Numa clara e agradável manhã de
primavera, um canarinho da terra vagava pelos jardins de uma glamorosa mansão.
Pousou num galho de um florido flamboyant para ouvir um lindo canto de outro
canário, mas com uma melodia diferente. Nesse canto notava-se uma
profunda tristeza escondida. De onde estava viu que o canto partia de uma gaiola feita em ouro e prata, pendurada
na varanda florida da mansão. Ele voou até lá perto, assentou numa roseira e
viu um belíssimo canário belga cantando a todo peito. No chão, logo
embaixo da esplendorosa gaiola, vários pardais, machos e fêmeas, se deliciavam
com os alpistes e outras guloseimas que caiam do habitat do belga:
- Você não vai comer as migalhas que
deixo cair, irmão amarelo? – perguntou o belga.
- Não, não quero obrigado! Acabei de
saborear uma fruta madurinha que encontrei no alto de uma goiabeira! – falou
simpaticamente o livre canarinho.
- Quanto
trabalho para conseguir comida! Não me preocupo com minhas refeições, pois meu
senhor mantém sempre cheios os meus coxinhos.
De
repente os pardais fogem em revoada. Era o proprietário da casa que
chegava à varanda. O canário da terra voou até uma romãzeira, ali perto, e
ficou ouvindo o dono da gaiola falar:
- Vou te
deixar trancado dentro de casa; tenho que sair e só volto amanhã! Esta gaiola
vale uma fortuna e poderiam roubá-la!
Fechada
a porta da casa o canarinho da terra gorjeou feliz por ser livre e voou, até ao gramado, para se banquetear
com semente maduras de grama.
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