sábado, 13 de outubro de 2012

VIDA EM VIRTUÁLIA


O Poodle
            Dona Carmen Ferreira, nos seus quase dois metros de altura e com mais de cem quilos, andava melancólica. Sua cachorrinha, amiga de solteirice e, que animava sua vida de quase sessenta anos, faleceu.
         Ela procurava alguma outra para ocupar a lacuna deixada.
         Certo dia, pelo início da manhã, na feira do bairro:
         - Oi, mana, bom dia! Eu fiquei sabendo da morte da Laika! - este era o nome da poodle.
         Era o Jonas, um dos seus quatro irmãos. Era dois anos mais novo e também o menor de todos; não passava de pouco mais de um metro e meio de altura, porém, era extremamente nervoso e tinha uma brabeza incorrigível. Falava alto e gostava de chamar a atenção.
         - Oi, mano! Pois é... mas, estou procurando outro animalzinho para me fazer companhia!
         - Foi bom eu te encontrar, mana. Meu vizinho tem uma poodle que teve cria há um mês e está dando os filhotinhos. Vamos lá agora pegar um para você! - disse o Jonas à irmã.
         - Vamos sim!
         E lá foram os dois “papeando”. Jonas e o amigo  moravam na mesma rua da feira livre, perto da praça Bispo-Cardeal. Chegando defronte a residência o Jonas meteu o dedo na campainha e gritou em plenas sete horas da manhã:
         - Ei Dinho, cadê você!
         - Só podia ser o baixinho, marrento e mais invocado que se tem notícia! Fale o que quer? Oi Carmen, tudo bem? - era o Dinho.
-  Bom dia! Tudo bem, Dinho! E a sua turma lá na E. M. Dona Bela Bispo-Cardeal?
         - É muito boa e atenciosa!Vale à pena ser professor daquela turma!
Dinho e Carmem já foram colegas de profissão na mesma escola, mas, Carmen, agora, é aposentada.
         - Ô Dinho, vamos logo ao que interessa. Você já deu os cachorrinhos que nasceram? - perguntou Jonas impaciente.
         - Dei não, eu os vendi a uma loja de animais! O dono virá buscá-los hoje à tarde. Mas ficou um que eles não quiseram. Entrem vamos vê-lo!
         Chegando ao fundo do quintal, num cercadinho, lá estavam quatro poodles grandes dormindo. A mãe deles não estava no local e, quando se aproximaram do gradil um poodle bem pequeno, mirradinho mesmo, danou a latir sem parar que doíam os ouvidos e, avançando nas paredes do cercado. Os outros, grandões, só levantaram a cabeça para ver o que acontecia e voltaram ao sono.
         - Só sobrou este pequeno, mirrado, barulhento e invocado. Este, não quiseram comprar e, aliás, ninguém quer! Disse o Dinho.
         -Ah! Ah!ah!ah!ahhh!ah!...desatou a gargalhar a Dona Carmen.
         - Que é isso mana, tá doida?
       - Não, Jonas é que este cachorrinho me lembrou de alguém que conheço desde pequenininho! – e continuou a gargalhar só que em duo com o Dinho.
         Dona Carmen arrumara outro amiguinho.

Fábula:
         “Os animais pequenos e fracos são, quase sempre, os mais invocados e barulhentos, são assim, para se destacarem da ninhada e durante toda a vida.” - Lefus.


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