O Poodle
Dona
Carmen Ferreira, nos seus quase dois metros de altura e com mais de cem quilos,
andava melancólica. Sua cachorrinha, amiga de solteirice e, que animava sua
vida de quase sessenta anos, faleceu.
Ela procurava alguma outra para ocupar
a lacuna deixada.
Certo dia, pelo início da manhã, na
feira do bairro:
-
Oi, mana, bom dia! Eu fiquei sabendo da morte da Laika! - este era o nome da
poodle.
Era o Jonas, um dos seus quatro irmãos.
Era dois anos mais novo e também o menor de todos; não passava de pouco mais de
um metro e meio de altura, porém, era extremamente nervoso e tinha uma brabeza
incorrigível. Falava alto e gostava de chamar a atenção.
-
Oi, mano! Pois é... mas, estou procurando outro animalzinho para me fazer
companhia!
-
Foi bom eu te encontrar, mana. Meu vizinho tem uma poodle que teve cria há um
mês e está dando os filhotinhos. Vamos lá agora pegar um para você! -
disse o Jonas à irmã.
-
Vamos sim!
E lá foram os dois “papeando”. Jonas e
o amigo moravam na mesma rua da feira livre,
perto da praça Bispo-Cardeal. Chegando defronte a residência o Jonas meteu o
dedo na campainha e gritou em plenas sete horas da manhã:
-
Ei Dinho, cadê você!
- Só
podia ser o baixinho, marrento e mais invocado que se tem notícia! Fale o que
quer? Oi Carmen, tudo bem? - era o Dinho.
- Bom dia! Tudo bem, Dinho! E a sua
turma lá na E. M. Dona Bela Bispo-Cardeal?
- É
muito boa e atenciosa!Vale à pena ser professor daquela turma!
Dinho e Carmem já foram colegas de profissão na
mesma escola, mas, Carmen, agora, é aposentada.
- Ô
Dinho, vamos logo ao que interessa. Você já deu os cachorrinhos que nasceram? - perguntou Jonas impaciente.
-
Dei não, eu os vendi a uma loja de animais! O dono virá buscá-los hoje à tarde.
Mas ficou um que eles não quiseram. Entrem vamos vê-lo!
Chegando ao fundo do quintal, num
cercadinho, lá estavam quatro poodles grandes dormindo. A mãe deles não estava
no local e, quando se aproximaram do gradil um poodle bem pequeno, mirradinho
mesmo, danou a latir sem parar que doíam os ouvidos e, avançando nas paredes do
cercado. Os outros, grandões, só levantaram a cabeça para ver o que acontecia e
voltaram ao sono.
-
Só sobrou este pequeno, mirrado, barulhento e invocado. Este, não quiseram
comprar e, aliás, ninguém quer! Disse o Dinho.
-Ah!
Ah!ah!ah!ahhh!ah!...desatou a gargalhar a Dona Carmen.
-
Que é isso mana, tá doida?
- Não,
Jonas é que este cachorrinho me lembrou de alguém que conheço desde
pequenininho! – e continuou a
gargalhar só que em duo com o Dinho.
Dona Carmen arrumara outro amiguinho.
Fábula:
“Os animais pequenos e fracos são,
quase sempre, os mais invocados e barulhentos, são assim, para se destacarem da
ninhada e durante toda a vida.” - Lefus.
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