sexta-feira, 26 de julho de 2013

VIDA EM VIRTUÁLIA= Lê e o Milagre

ARRET
A NOVA MORADA


 e o
MILAGRE


            Fechamos os olhos e eu firmei meu pensamento em Arret, nos arretianos e no Kobauski.
            De repente um foco de luz fortíssimo começou a se formar entre as duas árvores de pitangas e o portal começou a abrir surgindo Kobauski e Etevaldo:
            - Lê, o que está acontecendo? Quem são esses seres?
        - Deu certo Rô! Consegui contato com Kobauski. Foi porque segurei sua mão com o anel do chip que tiraram do meu cérebro!
       - Seu Lê, dona Rô, que bom vê-los juntos – disse o Kobauski.
       - Tudo bem pessoal – falou sorrindo o Etevaldo.
      - Lê, eles me conhecem e eu nunca os vi antes!
     - Eu sou Kobauski, dona Rô e, a conheço há muitos e muitos anos. Fui eu que coloquei vocês no mesmo caminho há trinta e um anos, naquele projeto de minério de alumínio no meio da floresta Amazônica – Rô ficou sem entender nada e me falou:
         - Lê, eu não estou entendendo nada eu...
       - Calma Rô, logo você vai entender, mas tenha calma – tentei acalmá-la e dirigi-me ao comandante.
       - Eu estava preocupado Kobauski, mentalizei você por várias vezes e não consegui nada... – o Comandante me interrompeu:
         - Lembra quando tiramos o coágulo que tinha no teu cérebro lá em Arret? Pois é, nos trocamos o chip antigo por outro que demoraria a entrar com os dados em sua memória. Este novo chip vai ser um complemento, ou seja, uma memória à parte, do teu cérebro. O que aconteceu foi que mentalizaste no tempo em que ele não estava, ainda, em atividade. Começou a funcionar há poucos minutos.
      - Uma pergunta comandante: quando retirastes o coágulo houve também interferência na minha coluna cervical? Eu tinha muita dor no pescoço também, e ...- Kobauski me interrompe:
       - Sim seu Lê, você teve uma lesão na terceira e quarta vértebras. Para a ciência atual da Terra o senhor estava tetraplégico, mas interferi com os nossos conhecimentos e técnicas.
        - Está entendendo Rô? Será que os milagres são   realizados assim?
            - Não Lê, não estou entendendo nada! O que os senhores são? Anjos dos céus, por acaso?
            -Calma Rô! Esses são meus amigos de Arret. São daquela raça que te falei quando expliquei sobre a abdução!
            - Então foram vocês que curaram o meu Lê do coágulo e da sequela na coluna?
            - Em partes sim dona Rô! Seu Lê, tudo vai continuar como antes, certo? É só me mentalizar que eu venho até ao senhor. Como sempre, partindo de Virtuália para irmos a Terra-II, Arret ou outra região do universo.
        - OK, Comandante! Poderei levar a Rô numa próxima viagem?
          - Por enquanto não! Ela terá, primeiro, que se adaptar entre o real e a vida em Virtuália. Depois, com certeza, iremos todos juntos. Ela só o encontrará aqui em Virtuália. Quando o senhor não está  em Virtuália ela não conseguirá a transição. Entendidos?
            - Entendi Comandante – respondi-lhe.
       - Eu ainda não "processei" tantas informações, mas vou chegar a um raciocínio lógico, meu senhor!
            Pensei comigo:
            - “Essa é a minha Rô!”
       - Creio que me chamastes para saber o que está acontecendo no portal, não é isso- perguntou-me o Kobauski.
            - Sim, Comandante, eu e o Nhô vimos um clarão, a alguns dias desses, e uma bola de fogo saiu dele subindo acelerado rumo ao infinito e explodiu como uma ogiva nuclear a milhares de quilômetros de nossa atmosfera. Eu não... – fui interrompido:
            - Era o HZZY que tentou ultrapassar o portal. Ele foi esperto, ou seja, colocou a nave dele em controle remoto e usou o código para abrir o portal. Porém, o sistema do portal não reconhecera a espaçonave dele, que era de origem reptiliana. O portal abria e fechava até que ele acelerou ao limite a potência de deslocamento da nave e esta, numa das brechas de abertura, passou e o atrito com as bordas do portal, se fechando, fê-la incendiar-se e ganhou ainda mais velocidade em direção ao infinito do espaço-tempo de Hy –Brasil. Como o sistema de propulsão daquela nave era nuclear houve a desintegração termonuclear.
            - Caramba, Kobauski, não morreu ninguém no interior da nave – perguntei-lhe.
        - Não! Como já disse, ela estava no controle remoto à distância e sem ninguém no seu interior.
            - E o Saile, que sempre estava em companhia do HZZY, não estava com ele?
           - Não seu Lê! Eles, antes disso, haviam voltado para Terra-II. O Saile ficou por lá e HZZY conseguiu ir até Arret sozinho. Lembras que conversamos sobre a raríssima inteligência desse reptiliano? Pois é, ele conseguiu chegar até Arret. Assim que ele entrou no nosso sistema solar passamos a monitorá-lo. Vimos o que ele pretendia, ou seja, ele sabia que para vir à Virtuália, teria que ir a Arret e entrar no wormhole que nos trás até aqui. O portal não é nada mais que a ligação de Arret para Hy-Brasil via wormhole. Por isso é que só de Arret podemos vir para cá e vice-versa.
            - Mas o que ele queria em Hy-Brasil, Kobauski?
            - Ele queria te abduzir, seu Lê – respondeu-me.
            - A mim? Para quê?
     - Pelo seu novo chip implantado. Nele consta todo o conhecimento mais avançado de Arret. Ele iria destruí-lo, seu Lê, pois só assim conseguiria o chip.
            - Mas Kobauski, você falou em “todo o conhecimento mais avançado de Arret” porém, me sinto com a mesma bagagem de conhecimento de antes?
     - Eu sei meu amigo! Esse chip está com esses arquivos bloqueados por enquanto. Só quando estiveres com o pessoal de Arret ou em Arret, ele é desbloqueado. O que consta nele não se mistura com sua memória biológica. E nem é absorvido pelo seu organismo como o senhor pensava.  
        - Acho que, apesar de ser demais avançado para a ciência da Terra, eu entendi.
       - Lê, do que vocês estão falando? Eu estou me sentindo como que ouvindo a conversa entre malucos!
            - Rô, por favor, esta conversa é muito importante. Se você preferir pode voltar à sede do sítio e ficar com a Xerê e a Ritinha. Eu tenho que... – Rô me interrompeu:
            - Negativo! Já que vim para esse mundo eu pretendo ficar a par de tudo e... e...
            - O que está acontecendo Rô – perguntei-lhe assustado vendo que ela estava ficando pálida.
            Kobauski tirou do cinto o desmemorizador e pediu:
            - Dona Rô, olhe para isto!
            Ao olhar Rô ficou paralisada como um autômato e gritei com Kobauski:
            - O que você fez com a minha Rô, Kobauski?
            - Calma meu amigo! Ela estava despertando para a vida real. Quando ela acordar lá em Minas Gerais vai pensar que foi tudo um sonho. Agora vamos levá-la ao 147 que ela tem que retornar  para Minas Gerais.
            - Ah! Entendi! Desculpa-me os gritos amigo – falei meio constrangido.
            - Eu te entendo seu Lê!
          Fomos até meu cafofo e colocamos a Rô no 147 e o levamos para a estrada do sítio.
           - Pronto seu Lê, dentro de um minuto ela vai sair do transe e acordar em uma cama do hospital onde você está internado, lá na real vida mineira.
            Bejei-lhe os lábios, a face, testa e falei-lhe:
          - Daqui a pouco vou estar contigo, na realidade, meu pitéu!        
            Saímos dali e fomos à sede do sítio:
            - Nhô! Ei Nhô - gritei enquanto me aproximava.
            - Ieu tô aqui na horta coienu legumi fresquim prá papinha da Ritinha. Vem cá! A Ritinha tá aqui maizeu.
            - Nhô, adivinha quem está aqui em Hy-Brasil, aliás, aqui no teu sítio?
            - É u Kobausqui i u Etevardu. Ieu vi quandu ocêis passaru na istradinha qui sóbi prô seu cafofu. A dona Rô já foi simbora, Misifiu?
            - Já Nhô! Ela teve que retornar urgente. O senhor também viu ela indo embora?
           - Vi ocêis colocanu iela nu carrin marrão; aí ieu fui colocá a chupeta na boca da Ritinha i quandu oiei di novu u carru i iela tinha si pirulitadu, eh! Eh! Eh! Feiz iguá u sinhô, ô cheja, chega i vai imbora dirrepenti.
            - O Kobauski e o Etevaldo querem conversar com a gente Nhô – falei-lhe.
            - Tá bão! Ispera ieu dibaxu dus pé di carambola qui ieu já vô lá. Vô só intregá a Ritinha prá Xerê. Iela tá fazenu u armoçu i ieu vô pedi préla armentá a quantidadi, eh! Eh! Eh! I tamém falá qui a patroinha tevi di í simbora urgenti!
            - O Kobauski e o filho dele já estão nos aguardando lá, Nhô. O Comandante estava com saudade e vontade de saborear carambolas daqui do teu sítio.
            Quinze minutos depois:
        - I foi issu qui u seu Lê falô prôceis é u qui nóis vimu, Kobausqui – falou o Nhô entregando a mão direita do reptiliano que estava num vidro com álcool.
         - Vou levar para Arret e analisar. Vamos fazer testes de DNA. Lá temos amostra do sangue do HZZY armazenado. Nós usamos o sangue dele para fazer vacina para os reptilianos que habitavam os subterrâneos do oriente médio de Terra-II, lembra-se seu Lê?
            - Ah! Lembro-me sim!
            - Kobauski, e se esta mão não for do HZZY?
         - Seu Lê, vamos aguardar o resultado da análise; não vamos lançar hipótese sobre o assunto, OK?
            - OK, Comandante! Tem toda a razão.
         - Mas fiquem tranquilos que qualquer dúvida ou ocorrência o senhor  pode me chamar, pois com esse novo chip virá eu ou o Etevaldo. E tem outra coisa, se você quiser retornar para a irreal vida normal é só firmar pensamento naquela vida e irás para lá.
            - OK, amigo!
            - Seu Lê, u sinhô num vai falá prêli da famía du seu Frô – perguntou-me o Nhô.
       - O que tem a família dele, seu Lê – perguntou-me o Etevaldo.
            - Eles estão querendo retornar para Virtuália, Etevaldo!  
            - Se é de gosto deles vamos trazê-los de volta. Vamos para Terra-II daqui a cinco dias terrestres. Vocês querem ir – perguntou-nos o Kobauski.
            - Ieu inté qui gostaria Kobausqui, mas num possu dexá minhas minina sozinha aqui nu sítiu i ieu... – Nhô foi interrompido:
            - Eu sei disso Nhô e te entendo – disse o Comandante.
            - Seu Lê, com certeza, o senhor irá conosco, estou certo?
            - Pode contar comigo, Kobauski! Vamos trazer os Flores e o Juliano para a antiga rotina de Virtuália.
            - Ei pessoal, o almoço está pronto – gritou a Xerê.
            - Eh! Eh! Eh! Vamu lá Kobauski, Etevaldo i seu Lê qui u pratu hoji é lombu i custelinha di java-porco – disse-nos Nhô.
           
            O almoço, regado a suco de laranja e acerola, foi alegre e farto até que, por volta das quatorze horas:
            - Bem meus amigos, temos que voltar para Arret. Daqui a cinco dias voltarei para buscá-lo seu Lê! Obrigado pelo almoço Nhô e dona Xerê!
          Despedimo-nos e, eu e o Nhô, acompanhamos os arretianos até próximo ao portal e os vimos partindo. De volta à sede do sítio:
            - Nhô, vou voltar para onde está a patroinha e daqui a quatro dias eu retornarei, OK?
            - Tá bão, patrãozinho i num isqueça qui temu qui colocá a bateria na vermeiona, si não iela nem liga u motor, eh! Eh! Eh!
            Depois de deixar a GMC em ponto de viagem despedi-me do Nhô, Xerê e Ritinha:
            - Até daqui a quatro dias meus amigos!
            - Inté, intão seu Lê!
            - Até logo e de um abraço na dona Rô – disse-me a Xerê.
            Entrei na GMC, dei partida e fui...

            Na UTI do hospital em Minas Gerais:
            - Dr. José Walter! Corra até aqui que o Lê abriu os olhos – gritava a Rô; os médicos e duas enfermeiras vieram correndo:
            - Ôi pessoal! O que aconteceu? Rô o que faço nesta cama de hospital? Eu...
            - Você está voltando de um estado de coma de vários dias, meu amor!
            - Ah! Agora me lembro! E o teco-teco do Nilton? E as minhas coleções de Max Lott e Sobrinhos do Coronel... e você come está?
            - Estou bem e muito melhor agora! Foi um milagre, Lê! Você está curado de tudo!
            - E nossos filhos, nossos netos como estão eu...
            - Eles virão visitá-lo tão logo você saia desta UTI e ir para o quarto, OK?
       - Por favor, dona Rô, o seu Lê tem que passar por uns procedimentos e tem que ser agora!  A senhora terá que sair! Assim que possível a senhora poderá retornar, OK? – falou Dr. Walter.
            - Tá bom, doutor – Rô me deu um beijo e me disse:
            - Vou dar a boa notícia aos nossos filhos e amigos, OK?
            - OK, meu pitéu, até logo!
            Após os procedimentos o Dr. José Walter me disse:
            - Seu Lê, o senhor ficará na UTI por mais uma semana e depois mais uma semana no quarto. Dependendo do avanço de sua melhora dar-lhe-ei alta, OK?
            - OK, doutor, obrigado!
            - Vou chamar a sua esposa, pois tenho que conversar com ela e com o senhor juntos.
            O doutor chamou a Rô e começou a falar:
           - Bem amigos, o Lê  vai permanecer na UTI, como já  disse a ele, por mais uma semana. Uma operação no cérebro é um procedimento muitíssimo delicado, mas creio que não ocorrerão sequelas. Você, agora que despertou, terá as  sessões de  fisioterapia intensificada. Espero que saia da UTI, para o quarto, andando, OK amigo?
            - Ele vai doutor, ele vai, pois isso faz parte do milagre.
          Quando o doutor José Walter saiu, a Rô contou-me o sonho que teve nas vinte e quatro horas que dormiu no quarto do hospital e eu lhe falei:
          - Eu sei desse “sonho” Rô, pois eu estava nele! Não estava?
           - Estava e parecia tão real, mas eu não me lembro direito o nome das pessoas que participaram desse sonho. Só sei que não eram deste mundo. Mas, sonho é sonho, não é Lê?
            - Talvez Rô, talvez!
            Eram dezoito horas e trinta e um minutos quando o Dr. Walter chegou até mim e a Rô, acompanhado do chefe da enfermaria e disse-nos:
            - Amigos, o seu Lê vai ser sedado e, provavelmente irá dormir por mais de quinze horas seguidas. Vamos fazer-lhe vários exames e ele precisará estar nessa situação, portanto, dona Rô, a senhora poderá ir para casa.  Os seus filhos estão aí fora e vou abrir uma exceção e deixá-los visitar o pai. Entrarão um por um e terão dez minutos cada um. Daqui a meia hora voltarei para começarmos o procedimento, OK?
                - OK, doutor, mas vou ficar junto com o Lê até cada um dos meus filhos terminar a visita; irei embora com eles - disse a Rô irredutível.
           Todos os meus três filhos com as noras vieram, porém meus três  netinhos não lhes foi permitido entrar e passado meia hora tiraram-me os sentidos.
Continua em 04/08/2013
UMA NOVA RAÇA


Um comentário:

  1. Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
    cronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
    Se quiseres contatos eis meu e-mail:
    lecinof@gmail.com

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