ARRET
A NOVA
MORADA
Lê
e o
MILAGRE
Fechamos os olhos e eu firmei meu pensamento em Arret, nos arretianos e no Kobauski.
De
repente um foco de luz fortíssimo começou a se formar entre as duas árvores de pitangas e o portal começou a abrir surgindo Kobauski e Etevaldo:
- Lê, o que está acontecendo? Quem são esses
seres?
- Deu certo Rô! Consegui contato com
Kobauski. Foi porque segurei sua mão com o anel do chip que tiraram do meu
cérebro!
- Seu Lê, dona Rô, que bom vê-los
juntos – disse o Kobauski.
- Tudo bem pessoal – falou sorrindo o
Etevaldo.
- Lê, eles me conhecem e eu nunca os vi
antes!
- Eu sou Kobauski, dona Rô e, a
conheço há muitos e muitos anos. Fui eu que coloquei vocês no mesmo caminho há
trinta e um anos, naquele projeto de minério de alumínio no meio da floresta
Amazônica – Rô ficou sem entender nada e me falou:
- Lê, eu não estou entendendo nada eu...
- Calma Rô, logo você vai entender,
mas tenha calma – tentei acalmá-la e dirigi-me ao comandante.
- Eu estava preocupado Kobauski, mentalizei
você por várias vezes e não consegui nada... – o Comandante me interrompeu:
- Lembra quando tiramos o coágulo que tinha
no teu cérebro lá em Arret? Pois é, nos trocamos o chip antigo por outro que
demoraria a entrar com os dados em sua memória. Este novo chip vai ser um complemento, ou seja, uma memória à parte, do teu cérebro. O que aconteceu foi que mentalizaste no tempo em que ele não
estava, ainda, em atividade. Começou a funcionar há poucos minutos.
- Uma pergunta comandante: quando retirastes
o coágulo houve também interferência na minha coluna cervical? Eu tinha muita
dor no pescoço também, e ...- Kobauski me interrompe:
- Sim seu Lê, você teve uma lesão na
terceira e quarta vértebras. Para a ciência atual da Terra o senhor estava tetraplégico,
mas interferi com os nossos conhecimentos e técnicas.
- Está entendendo Rô? Será que os milagres são realizados assim?
- Não Lê, não estou entendendo nada!
O que os senhores são? Anjos dos céus, por acaso?
-Calma Rô! Esses são meus amigos de
Arret. São daquela raça que te falei quando expliquei sobre a abdução!
- Então foram vocês que curaram o
meu Lê do coágulo e da sequela na coluna?
- Em partes sim dona Rô! Seu Lê,
tudo vai continuar como antes, certo? É só me mentalizar que eu venho até ao
senhor. Como sempre, partindo de Virtuália para irmos a Terra-II, Arret ou
outra região do universo.
- OK, Comandante! Poderei levar a Rô
numa próxima viagem?
- Por enquanto não! Ela terá, primeiro, que
se adaptar entre o real e a vida em Virtuália. Depois, com certeza, iremos
todos juntos. Ela só o encontrará aqui em Virtuália. Quando o senhor não está em Virtuália ela não conseguirá a transição. Entendidos?
- Entendi Comandante –
respondi-lhe.
- Eu ainda não "processei" tantas informações, mas
vou chegar a um raciocínio lógico, meu senhor!
Pensei
comigo:
- “Essa é a minha Rô!”
- Creio que me chamastes para saber o
que está acontecendo no portal, não é isso- perguntou-me o Kobauski.
- Sim, Comandante, eu e o Nhô vimos um
clarão, a alguns dias desses, e uma bola de fogo saiu dele subindo acelerado
rumo ao infinito e explodiu como uma ogiva nuclear a milhares de quilômetros de
nossa atmosfera. Eu não... – fui interrompido:
- Era o HZZY que tentou ultrapassar o
portal. Ele foi esperto, ou seja, colocou a nave dele em controle remoto e usou
o código para abrir o portal. Porém, o sistema do portal não reconhecera a espaçonave
dele, que era de origem reptiliana. O portal abria e fechava até que ele
acelerou ao limite a potência de deslocamento da nave e esta, numa das brechas
de abertura, passou e o atrito com as bordas do portal, se fechando, fê-la
incendiar-se e ganhou ainda mais velocidade em direção ao infinito do
espaço-tempo de Hy –Brasil. Como o sistema de propulsão daquela nave era
nuclear houve a desintegração termonuclear.
- Caramba, Kobauski, não morreu
ninguém no interior da nave – perguntei-lhe.
- Não! Como já disse, ela estava no controle
remoto à distância e sem ninguém no seu interior.
- E o Saile, que sempre estava em
companhia do HZZY, não estava com ele?
- Não seu Lê! Eles, antes disso,
haviam voltado para Terra-II. O Saile ficou por lá e HZZY conseguiu ir até
Arret sozinho. Lembras que conversamos sobre a raríssima inteligência desse
reptiliano? Pois é, ele conseguiu chegar até Arret. Assim que ele entrou no
nosso sistema solar passamos a monitorá-lo. Vimos o que ele pretendia, ou seja,
ele sabia que para vir à Virtuália, teria que ir a Arret e entrar no wormhole
que nos trás até aqui. O portal não é nada mais que a ligação de Arret para Hy-Brasil via wormhole. Por isso é que
só de Arret podemos vir para cá e vice-versa.
- Mas o que ele queria em Hy-Brasil,
Kobauski?
- Ele queria te abduzir, seu Lê –
respondeu-me.
- A mim? Para quê?
- Pelo seu novo chip implantado.
Nele consta todo o conhecimento mais avançado de Arret. Ele iria destruí-lo, seu Lê, pois só assim conseguiria o chip.
- Mas Kobauski, você falou em “todo
o conhecimento mais avançado de Arret” porém, me sinto com a mesma bagagem de
conhecimento de antes?
- Eu sei meu
amigo! Esse chip está com esses arquivos bloqueados por enquanto. Só quando
estiveres com o pessoal de Arret ou em Arret, ele é desbloqueado. O que consta
nele não se mistura com sua memória biológica. E nem é absorvido pelo seu
organismo como o senhor pensava.
- Acho que, apesar de ser demais avançado para a ciência da Terra, eu entendi.
- Acho que, apesar de ser demais avançado para a ciência da Terra, eu entendi.
- Lê, do que vocês estão falando? Eu estou
me sentindo como que ouvindo a conversa entre malucos!
- Rô, por favor, esta conversa é
muito importante. Se você preferir pode voltar à sede do sítio e ficar com a
Xerê e a Ritinha. Eu tenho que... – Rô me interrompeu:
- Negativo! Já que vim para esse mundo eu
pretendo ficar a par de tudo e... e...
- O que está acontecendo Rô –
perguntei-lhe assustado vendo que ela estava ficando pálida.
Kobauski
tirou do cinto o desmemorizador e pediu:
- Dona Rô, olhe para isto!
Ao
olhar Rô ficou paralisada como um autômato e gritei com Kobauski:
- O que você fez com a minha Rô, Kobauski?
- Calma meu amigo! Ela estava
despertando para a vida real. Quando ela acordar lá em Minas Gerais vai pensar
que foi tudo um sonho. Agora vamos levá-la ao 147 que ela tem que retornar para Minas Gerais.
- Ah! Entendi! Desculpa-me os gritos
amigo – falei meio constrangido.
- Eu te entendo seu Lê!
Fomos
até meu cafofo e colocamos a Rô no 147 e o levamos para a estrada do sítio.
- Pronto seu Lê, dentro de um minuto ela vai
sair do transe e acordar em uma cama do hospital onde você está internado, lá na
real vida mineira.
Bejei-lhe
os lábios, a face, testa e falei-lhe:
- Daqui a pouco vou estar contigo, na
realidade, meu pitéu!
Saímos
dali e fomos à sede do sítio:
- Nhô! Ei Nhô - gritei enquanto me
aproximava.
- Ieu tô aqui na horta coienu legumi
fresquim prá papinha da Ritinha. Vem cá! A Ritinha tá aqui maizeu.
- Nhô, adivinha quem está aqui em
Hy-Brasil, aliás, aqui no teu sítio?
- É u Kobausqui i u Etevardu. Ieu vi
quandu ocêis passaru na istradinha qui sóbi prô seu cafofu. A dona Rô já foi
simbora, Misifiu?
- Já Nhô! Ela teve que retornar
urgente. O senhor também viu ela indo embora?
- Vi ocêis colocanu iela nu carrin marrão;
aí ieu fui colocá a chupeta na boca da Ritinha i quandu oiei di novu u carru i
iela tinha si pirulitadu, eh! Eh! Eh! Feiz iguá u sinhô, ô cheja, chega i vai
imbora dirrepenti.
- O Kobauski e o Etevaldo querem
conversar com a gente Nhô – falei-lhe.
- Tá bão! Ispera ieu dibaxu dus pé di
carambola qui ieu já vô lá. Vô só intregá a Ritinha prá Xerê. Iela tá fazenu u
armoçu i ieu vô pedi préla armentá a quantidadi, eh! Eh! Eh! I tamém falá qui a
patroinha tevi di í simbora urgenti!
- O Kobauski e o filho dele já estão
nos aguardando lá, Nhô. O Comandante estava com saudade e vontade de saborear carambolas
daqui do teu sítio.
Quinze
minutos depois:
- I foi issu qui u seu Lê falô prôceis é u
qui nóis vimu, Kobausqui – falou o Nhô entregando a mão direita do
reptiliano que estava num vidro com álcool.
- Vou levar para Arret e analisar. Vamos
fazer testes de DNA. Lá temos amostra do sangue do HZZY armazenado. Nós usamos
o sangue dele para fazer vacina para os reptilianos que habitavam os
subterrâneos do oriente médio de Terra-II, lembra-se seu Lê?
- Ah! Lembro-me sim!
- Kobauski, e se esta mão não for do
HZZY?
- Seu Lê, vamos aguardar o resultado
da análise; não vamos lançar hipótese sobre o assunto, OK?
- OK, Comandante! Tem toda a razão.
- Mas fiquem tranquilos que qualquer dúvida
ou ocorrência o senhor pode me chamar, pois com esse novo chip virá eu ou o Etevaldo. E tem outra coisa, se você quiser retornar para a irreal vida normal é só
firmar pensamento naquela vida e irás para lá.
- OK, amigo!
- Seu Lê, u sinhô num vai falá prêli
da famía du seu Frô – perguntou-me o Nhô.
- O que tem a família dele, seu Lê –
perguntou-me o Etevaldo.
- Eles estão querendo retornar para
Virtuália, Etevaldo!
- Se é de gosto deles vamos trazê-los de
volta. Vamos para Terra-II daqui a cinco dias terrestres. Vocês querem ir –
perguntou-nos o Kobauski.
- Ieu inté qui gostaria Kobausqui, mas num
possu dexá minhas minina sozinha aqui nu sítiu i ieu... – Nhô foi
interrompido:
- Eu sei disso Nhô e te entendo – disse
o Comandante.
- Seu Lê, com certeza, o senhor irá conosco,
estou certo?
- Pode contar comigo, Kobauski!
Vamos trazer os Flores e o Juliano para a antiga rotina de Virtuália.
- Ei pessoal, o almoço está pronto –
gritou a Xerê.
- Eh! Eh! Eh! Vamu lá Kobauski, Etevaldo i
seu Lê qui u pratu hoji é lombu i custelinha di java-porco – disse-nos Nhô.
O
almoço, regado a suco de laranja e acerola, foi alegre e farto até que, por
volta das quatorze horas:
- Bem meus amigos, temos que voltar para
Arret. Daqui a cinco dias voltarei para buscá-lo seu Lê! Obrigado pelo almoço
Nhô e dona Xerê!
Despedimo-nos
e, eu e o Nhô, acompanhamos os arretianos até próximo ao portal e os vimos
partindo. De volta à sede do sítio:
- Nhô, vou voltar para onde está a patroinha
e daqui a quatro dias eu retornarei, OK?
- Tá bão, patrãozinho i num isqueça
qui temu qui colocá a bateria na vermeiona, si não iela nem liga u motor, eh!
Eh! Eh!
Depois
de deixar a GMC em ponto de viagem despedi-me do Nhô, Xerê e Ritinha:
- Até daqui a quatro dias meus amigos!
- Inté, intão seu Lê!
- Até logo e de um abraço na dona Rô
– disse-me a Xerê.
Entrei
na GMC, dei partida e fui...
Na
UTI do hospital em Minas Gerais:
- Dr. José Walter! Corra até aqui que o Lê
abriu os olhos – gritava a Rô; os médicos e duas enfermeiras vieram correndo:
- Ôi pessoal! O que aconteceu? Rô o que faço
nesta cama de hospital? Eu...
- Você está voltando de um estado de coma de
vários dias, meu amor!
- Ah! Agora me lembro! E o teco-teco
do Nilton? E as minhas coleções de Max Lott e Sobrinhos do Coronel... e você
come está?
- Estou bem e muito melhor agora!
Foi um milagre, Lê! Você está curado de tudo!
- E nossos filhos, nossos netos como
estão eu...
- Eles virão visitá-lo tão logo você
saia desta UTI e ir para o quarto, OK?
- Por favor, dona Rô, o seu Lê tem
que passar por uns procedimentos e tem que ser agora! A senhora terá que sair! Assim que possível a
senhora poderá retornar, OK? – falou Dr. Walter.
- Tá bom, doutor – Rô me deu um beijo e
me disse:
- Vou dar a boa notícia aos nossos filhos e
amigos, OK?
- OK, meu pitéu, até logo!
Após
os procedimentos o Dr. José Walter me disse:
- Seu Lê, o senhor ficará na UTI por mais
uma semana e depois mais uma semana no quarto. Dependendo do avanço de sua
melhora dar-lhe-ei alta, OK?
- OK, doutor, obrigado!
- Vou chamar a sua esposa, pois
tenho que conversar com ela e com o senhor juntos.
O
doutor chamou a Rô e começou a falar:
- Bem amigos, o Lê vai permanecer na
UTI, como já disse a ele, por mais uma semana. Uma operação no cérebro é um
procedimento muitíssimo delicado, mas creio que não ocorrerão sequelas. Você,
agora que despertou, terá as sessões de fisioterapia intensificada. Espero que saia da UTI,
para o quarto, andando, OK amigo?
- Ele vai doutor, ele vai, pois isso faz
parte do milagre.
Quando
o doutor José Walter saiu, a Rô contou-me o sonho que teve nas vinte e quatro horas
que dormiu no quarto do hospital e eu lhe falei:
- Eu sei desse “sonho” Rô, pois eu estava
nele! Não estava?
- Estava e parecia tão real, mas eu
não me lembro direito o nome das pessoas que participaram desse sonho. Só sei
que não eram deste mundo. Mas, sonho é sonho, não é Lê?
- Talvez Rô, talvez!
Eram
dezoito horas e trinta e um minutos quando o Dr. Walter chegou até mim e a Rô,
acompanhado do chefe da enfermaria e disse-nos:
- Amigos, o seu Lê vai ser sedado e,
provavelmente irá dormir por mais de quinze horas seguidas. Vamos fazer-lhe
vários exames e ele precisará estar nessa situação, portanto, dona Rô, a
senhora poderá ir para casa. Os seus
filhos estão aí fora e vou abrir uma exceção e deixá-los visitar o pai.
Entrarão um por um e terão dez minutos cada um. Daqui a meia hora voltarei
para começarmos o procedimento, OK?
- OK, doutor, mas vou ficar junto com o Lê até cada um dos meus filhos terminar a visita; irei embora com eles - disse a Rô irredutível.
- OK, doutor, mas vou ficar junto com o Lê até cada um dos meus filhos terminar a visita; irei embora com eles - disse a Rô irredutível.
Todos os meus três filhos com as
noras vieram, porém meus três netinhos não lhes foi permitido entrar e passado meia
hora tiraram-me os sentidos.
Continua em 04/08/2013
UMA NOVA RAÇA
UMA NOVA RAÇA
Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
ResponderExcluircronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
Se quiseres contatos eis meu e-mail:
lecinof@gmail.com