ARRET
A NOVA MORADA
PERTURBAÇÕES NO PORTAL DAS
PITANGUEIRAS
No domingo - na parte da manhã -, eu, Nhô, Xerê e a Ritinha, que estava no carrinho de
bebê, fomos às margens do Rio do Peixe. Passamos horas pescando nosso almoço.
Como sempre foi o Nhô quem pescou enormes surubins e bastou para refeições de, pelo
menos, três dias. Os outros peixes que pegávamos os soltavam de volta no rio.
Depois
do almoço, por volta das quatorze horas e trinta e um minutos procuramos nossos
cantos para a soneca pós-almoço, ainda mais com a chuva fina e contínua que começava. Dormi
direto.
...
...
Na
segunda-feira, por volta das dezoito horas eu e o Nhô terminamos a pintura das paredes,
das portas e janelas:
- Está pronto Nhô! Ficou melhor do que eu
esperava.
- Ficô um treim di doidu, Misifiu – respondeu
meu velho amigo e prosseguiu:
- Puruque ocê perferiu fazê esti cafofu aqui
nessi morrêti i afastadu das árvi, seu Lê?
- É que daqui eu vejo as duas pitangueiras
do portal e é pertinho da sede do sítio Nhô – respondi-lhe e emendei:
- Daqui eu tenho o céu aberto para ficar
olhando com o telescópio que encomendei, e que já deve ter chegado, na loja do
Bahia Júnior.
- Tá certu, Misifiu! I tem inté lugá
prá ocê guardá um carru piquenu; é só fazê um puxadim coladu nu fundu dessi
cafofu. A Vermeiona ocê podi dêxa lá nu garpão memu!
- Se um dia eu tiver outro carro, e
pequeno, eu farei o puxadinho, “Véi”.
- Us móvei chega quarta-fêra, num é?
- É sim Nhô! Quarta-feira, à noite,
eu já posso dormir por aqui. Comprei
tudo que precisava inclusive roupa de cama, banho e mesa.
- Ocê pensô im tudu, seu Lê! Ôce vai
fazê as refeição mais ieu i a Xerê num é?
- Isso eu não troco por nada, Nhô e
ajudarei vocês na cozinha, tá bom?
-Ôce qui sabi i manda patrãozim, linhais,
vamu lá prá cunzinha fritá uns pintadu prá janta qui já passa das séti da
noiti!
- OK, Nhô! Antes de ir dormir, lá no
quarto de visita da sua casa, eu vou voltar aqui para terminar a faxina. Aí é
só esperar os móveis.
Por
volta das vinte e três horas eu resolvi ir dormir. Tudo estava limpo e,
aproveitando que não iria chover, deixei portas e janelas abertas para sair o cheiro de tinta.
Ao
descer para ir repousar vi claridade entre as duas pitangueiras:
- Caramba, tem claridade entre as
pitangueiras! Será que... não, não pode ser a claridade sumiu. Foi impressão
minha!
Desci e ao chegar à varanda da
cozinha do sítio o Nhô me esperava:
- Ocê, pois reparu lá pras bandas du
portá, Misifiu?
- Sim Nhô! Deu-me a impressão de ter
visto claridade lá – respondi-lhe.
- Ieu tamém, Misifiu! Intão si nóis dois
vimu num foi empressão nossa, né memu?
- É isso mesmo, Nhô!
- Vamu tomá um cardu di fejão
temperadu cum torrada inhantes di drumí, seu Lê? A Xerê já apagô; a Ritinha
dêxa a minha véia pregadona, eh! Eh! Eh!
- Ela é uma ótima mãezona, “Véi”!
Ao entrarmos na cozinha, ouvimos um
estrondo e nos viramos e lá estava o clarão.
- Uma explosão? Não pode ser o
pessoal de Arret, Nhô! Tem alguma coisa estranha acontecendo!
De
repente uma enorme bola de fogo saiu do meio das pitangueiras e rumou para o
espaço; foi diminuindo, diminuindo ... até que desapareceu de nosso campo visual.
- Ocê viu issu, num viu, Misifiu?
- Vi sim Nhô – respondi e
continuei olhando para o espaço em direção onde a bola de fogo havia
desaparecido e de repente:
- Olha Nhô, na direção onde “aquilo” sumiu –
falei apontando para o espaço.
- U qui qui é issu, seu Lê?
- Parece uma, mas não tenho certeza,
explosão termonuclear, meu amigo. Ainda bem que deve ter ocorrido a mais ou
menos um milhão de quilômetros da nossa estratosfera.
Distraímos-nos
olhando aquilo, que para muitos seria um fenômeno da natureza, e não
percebemos que havia fogo perto das pitangueiras; foi a Xerê que, acordando
com o barulho, viu e gritou:
- Olhem meninos, tem fogo lá pros lados do
Rio do Peixe!
Eu e
o Nhô corremos ao galpão e colocamos pás, enxadas, baldes na carroceria da
GMC e aceleramos a Vermelhona até lá.
Ao
chegarmos ao local:
- Olhe seu Lê, a grama qui fica nu meiu das
pitanguêra, tá toda chamuscada i u fogu si ispaiô prô capinzá!
Peguei
o extintor grande de água pressurizada que sempre trago na carroceria da GMC e
corri:
- Nhô, vou apagar o fogo que está na
pitangueira à nossa esquerda. Não sei se essas pitangueiras tem alguma coisa a
ver com o portal, mas não vou deixar o fogo acabar com nenhuma delas.
- Tá bão, Misifiu! Ieu vô roçá, cum
a foici, us arbustu qui tão despois du fogu; inda bem qui num tem ventu.
Ficamos
quase uma hora combatendo o incêndio e vencemos. Nunca tinha visto um homem com
tanta agilidade como esse meu amigo, e com mais de oitenta anos.
- Eh! Eh! Eh! Nóis conseguimu, seu Lê! I a
pitanguêra, comu iela ficô?
- A maior parte o calor do fogo a chamuscou,
Nhô! Não sei se ela vai sobreviver!
- Vai sim, Misifiu! Aminhã nóis vem
aqui i póda ondi foi quemadu. Iela é uma árvi forti!
- Será que tem alguma influência no
portal? Se tiver o pessoal de Arret só vai aparecer quando ela voltar a ter mais folhas.
- Tarveis! Vamu dexá u tempu
cuidá dissu, Misifiu!
- Tem razão “Véi”! Começou a ventar
e se tiver algum foco ou alguma brasa, o fogo pode recomeçar!
- Ôce num fechô as portas i as
janelas du teu cafofu, Misifiu? Vamu vortá lá i fechá qui vai chovê –
concordando, fomos até lá na GMC, fechei tudo e descemos para a sede do
sítio.
Em
alguns minutos, em que saboreávamos o “feijão-amigo” com torradas, a chuva
caiu. Começou mansinha e se transformou em um aguaceiro e o Nhô falou:
- Agora num tem veis prô fôgu, seu Lê, i vai
refrescá toda a mata chamuscada.
- A chuva sempre é abençoada e bem
vinda, não é Nhô?
- Cum certeza, seu Lê!
Na
manhã seguinte, ou seja, na terça-feira, junto das duas pitangueiras:
- Ansim didia dá prá vê qui u istragu foi
grandi numa das pitanguêra, Misifiu.
- Tens razão Nhô e se as nossas
viagens pelo wormhole dependerem dela fazer parte do contexto, jamais veremos
o pessoal de Arret e Terra II.
- É difici sabê, seu Lê. Mai vamu
cuidá dessa pitanguêra começanu a podá iela. Vamu dexa só os gaios qui tem
fôias viva, tá bão?
-Tá certo, mas gostaria de
saber o que aconteceu por aqui ontem à noite.
- U Kobausqui dédi sabê, seu Lê!
- Com certeza, “Véi”, mas tento
contactar com ele e não consigo. Aí eu fico pensando se é por causa do coágulo
que tirei do cérebro ou se foi pelo que aconteceu ontem à noite.
Depois
de tratarmos da pitanguiera, ou seja, podando-a e limpando todo o seu entorno:
- Ocê dédi tê pacença seu Lê! Dias mió
virão!
- Tá certo, Nhô! Eu tenho a impressão
que em Virtuália o tempo não existe e... – Nhô me interrompeu:
- Seu Lê ieu tenho qui levá argum sacu di
café prontu prá torrá qui vendi lá im Virtuáia, ocê mi ajuda?
- Claro meu “chapa”! São aqueles
cinco sacos que estão lá no galpão?
- É eis memu!
- Vou colocá-los na GMC e...
- Não seu Lê, nóis vai di carroça. O
Bittencourt tá...
- Já sei: o pangaré tá mais gordo do
que os capados de java-porco, não é isso?
- Eh! Eh! Eh! Issu memu, meu amigu.
Despois du armoçu nóis vai, tá bão?
- Ótimo Nhô! Vou passar lá na loja
de eletrônicos do Bahia Júnior ver se o telescópio, que encomendei, chegou!
- Intão tá intão. Vamu lá prá casa
qui a Xerê já dédi tê terminadu u armoçu.
- OK! Vamos lá!
Às
quinze horas e trinta e um minutos, após entregar os cinco sacos de café na
cooperativa fomos até a USV. E na sala do Oscarzinho:
- Sim, seu Lê e Nhô, nós detectamos no
sismógrafo, daqui da universidade, um leve abalo de menos de meio grau na escala convencional. Não há
motivos para nos alarmarmos; a intensidade foi muito pouca. Talvez alguma
acomodação no subsolo de Hy-Brasil.
- Tá bom reitor, já que pensas assim,
até logo. Qualquer novidade venho te contar, OK?
- Serei todo ouvido seu Lê! Até
logo senhores!
Do
lado de fora da USV:
- Ocê num sintiu firmeza im falá prô
Oscarzim sobri a ixplosão nu céu né, Misifiu!
- Não Nhô, de jeito maneira!
- Óia seu Lê, são quaji desessete
hora, vamu vortá prá casa qui num sabemu u qui pódi acontecê lá nu locá du
portá quandu cumeçá a iscurecê, num é memu?
- Bem lembrado, “Véi”! Já que resolvemos tudo por aqui podemos ir. Peguei até meu telescópio lá no Bahia Júnior.
O Nhô ajeitou o arreio do Bittencourt e
perguntou a ele:
- Ocê tá discansado, meu amigu
pangaré? Cumeu toda a aveia cum milhu qui coloquei nu coxim qui nóis sempre
trais na carroça, não é? Bebeu toda a água i agora vamu simbora prá casa,
certu?
O
cavalo deu dois relinchos diferentes e o Nhô me disse:
- Ieli falô cum essis relinchus: - Demorô,
“Véi”!
- Ah! Ah! Ah! O senhor é um pândego,
Nhô! Ah! Ah! Ah!
Às
dezoito horas e trinta e um minutos chegamos à varanda do sítio e a Xerê se
antecipou dizendo:
- Meninos, ainda agorinha ouvi um barulho lá
pelas bandas do Rio do Peixe, parecia barulho daqueles foguetes de vara, que a gente solta nas festas juninas, mas só fazia o barulho da pólvora
queimando quando ele sobe não acontecendo explosão nenhuma!
- Ocê viu argum crarão Xerê – perguntou o
Nhô.
- Não! Talvez porque ainda estava claro.
- Nós vamos ficar prestando atenção
Xerê. Não precisa ficar assustada, OK?
- Tá certo seu Lê! Minha preocupação
é com o barulho que pode incomodar minha bisnetinha.
- Se vocês quiserem passar água
nos rostos, ainda dá tempo. A janta estará pronta em meia hora – disse-nos a
Xerê.
- Ieu vô lavá as fuça na bica di água
despois di livrá u meu pangaré da carroça- falou o Nhô.
- Eu vou tomar um banho bem rápido e fazer
essa barbicha que já está até coçando – falei retirando-me dali.
Após
o jantar:
- Nhô, vou lá pro meu canto! Vou montar o
telescópio na varanda e armar lá uma rede. Vou ficar na vigília do céu e atento
na região do portal.
- Tá bão, Misifiu! Carqué coisa
ocê mi chama.
- OK! Boa noite Nhô e boa noite Xerê
– antes de sair dei um beijo na Ritinha que estava acordada e com os
lindos olhos cor de mel arregalados observando tudo.
Por
volta das vinte e quatro horas terminei de montar o telescópio e tive a ideia
de direcioná-lo onde, no espaço, tinha ocorrido aquela explosão porém, um
clarão perto das pitangueiras chamou-me a atenção. Peguei os binóculos, que
ganhei de brinde na compra do telescópio, e vasculhei com os olhos o entorno do portal e vi:
- Não é possível, parece que tem alguém
querendo acionar o portal e não consegue! Será que tem alguma coisa a ver com
aquela bola de fogo que saiu de lá ontem – foquei por alguns minutos onde houve o
clarão e tudo estava na mais completa escuridão:
- Acho que desistiu. Ele não pode passar pelo portal sem que ele ou a nave tenha o chip;
para passar, a pessoa ou tem o chip ou estar dentro de uma nave "chipada", e...
– de repente apareceu o clarão novamente e deu para ver um reptiliano
tentando ultrapassar o portal porém, aquele não se firmava aberto e o ser
retornava.
- Caramba é um reptiliano! Se o portal
tornar a clarear e der para eu ver as mãos dele ... – falei isso e o portal
clareou e o ser tentou enfiar as duas mãos pelo pequeno buraco luminoso e
gritou de dor e retirou as mãos antes que o portal se fechasse de vez:
- Pela mão direita, sem dois dedos, não resta
dúvida é o HZZY!
Fiquei
ali de “campana” até por volta das duas e meia e pensei:
- Acho que ele não vai tentar novamente
hoje! Vou dormir e amanhã tentarei contatar o Kobauski. Hoje não tenho
condições – falei bocejando e deitando na rede.
Quarta-feira,
oito horas:
- Ei seu Lê, quédi u sinhô – gritava o
Nhô lá da porta da cozinha.
Acordei
de abrupto e assustado:
- Caramba – gritei e dei um longo
bocejo. - Acordei muito tarde!
- Seu Lê, vem tomá café mais us mininu qui
vinhéru trazê us seus móvi!
- Já estou descendo, Nhô – lavei o
rosto na pia, do novo banheiro, e desci, pois tinha dormido de roupa e tudo na
rede.
Após
o laudo café da manhã descarregamos o caminhão, que trouxe todas as minhas
encomendas, e o motorista falou:
- Senhores, o Antão e o Antônio vão ficar
aqui para montar os móveis, OK?
- OK, amigo! Quando eles terminarem
eu os levarei para a cidade e... – fui interrompido:
- Não será necessário senhor, no final da
tarde passarei por aqui para levá-los de volta. Agora terei que ir a
Analogicópolis buscar uma mercadoria na filial de lá e por volta das dezessete horas passarei aqui para pegá-los.
Deixei
os dois montando tudo e fui com o Nhô até ao portal. E perto da pitangueira
chamuscada:
- Olhe Nhô, a pitangueira não morreu. As
folhas que não foram chamuscadas continuam viscosas!
- Ieu sabia qui iela é uma árvi muntchu
forti, seu Lê!
- Nhô, olhe aquilo perto da margem
do Rio do Peixe! Parece a metade de um jacaré olhando daqui de longe!
- Vamu lá pertu oiá mió, Misifiu –
respondeu-me o “Véi” e acelerou na minha frente:
- Óia só seu Lê, é a parti di cima dum
reptilianu.
- É mesmo! E é da cintura para cima. Então ele continuou
a tentar a passagem no portal depois que fui dormir.
- I pelu jeitu ieli só conseguiu
passá a metadi dêie, eh! Eh! Eh!
- Olhe Nhô, a mão direita tem dois
dedos a menos e está separada do braço. Só pode ser o HZZY. Vamos pegar a mão e
guardá-la num vidro com álcool. Quando o Kobauski vier aqui a gente mostra prá
ele, OK?
- Ocê qui manda, Misifiu! Vô interrá u restu
numa cova qui ieu vô abri atrais daquelas pedra pertu du riu qui ieli já tá fedenu pur dimais.
Depois
de coletar a mão do reptiliano, e o Nhô enterrado o resto, voltei para meu
cafofo e o Nhô foi cuidar do almoço, pois hoje teríamos visitas.
Por
volta do meio dia paramos a montagem dos móveis, da banheira de hidromassagem,
do sistema de TV, som, rádio-amador e fomos almoçar no varandão da cozinha. O
danado do Nhô caprichou no frango com quiabo, couve, angu, saladas, e para
abrir o apetite, alguns trago da purinha:
- Nhô, eu sou um apreciador de aguardente e
te digo que não existe purinha igual a que o senhor faz em todo o universo –
disse o Antão, um dos montadores.
- Eh! Eh! Eh! É diveras, Misifiu, nu universu
qui nóis cunhecemu, num exesti memu! Né seu Lê?
- Ah! Ah! Ah! É mesmo Nhô, nem a do
Zé das Flores lá em Terra II, ah! Ah! Ah!
- Eu não entendi nada – disse
Antão.
- Isquéci intonsi, Antão i vamu armuçá!
Por
volta das treze e trinta e um minutos recomeçamos na montagem e lá pelas dezesseis
e trinta e um minutos tudo estava pronto e aguardávamos no varandão do Nhô
quando:
- Óia aqui meus amigu u qui ieu perparei:
mandioca frita; linguiça i xuriçu di java-porcu – qui a Xerê feis -, i caipirinha
di lima cum bastanti gêlu.
- Nhô, o senhor é o cara – disse o
Antônio, o outro montador.
Foi
só começarmos a festa e o caminhão da loja do Bahia Júnior buzinou no portão. O
Nhô levantou-se do banquinho, em que estava sentado, e fez sinal para o motorista
vir lanchar.
Uma
hora depois
- Muito obrigado pessoal – agradeci aos
funcionários da loja de móveis e eletro-som.
- Quandu oceis quizé vim pescá ieu tô a
disposição – ofereceu-se o Nhô.
- Tá bom Nhô, nós é que agradecemos! E te
garanto que nunca bebi um suco de graviola tão gostoso como o que fizeste –
elogiou o motorista.
- Eh! Eh! Eh! Ieu caprichei, modi qu'ocê num
bebi caipirinha!
Os
três subiram no caminhão e deram adeus.
- Nhô, eu vou lá pro meu cantinho. Tô doido
para tomar um banho de banheira e relaxar ouvindo música.
Por
volta das dezenove horas e trinta e um minutos alguém bate na porta:
- Sô ieu seu Lê, vim ti buscá prá tomá, mais
eu i a Xerê, um cardu di inhami cum torrada! Bora lá?
- Tô pronto, “Véi”! Do jeito que
estou comendo, aqui no sítio, vou passar dos oitenta quilos não demora.
- Eh! Eh! Eh! Vai nada, Misifiu. Ocê
cómi muitchu pocu.
Saboreei
o caldo e vi pela primeira vez a Maria Rita comendo uma papinha, aliás, o mesmo
caldo encorpado que estávamos degustando e falei:
- Esse caldo não e muito pesado para ela
Xerê?
- Não é não seu Lê, eu tirei as
carnes e amassei bem as torradas que misturei no caldo. Ela adora essas papinhas com "sustância" –
respondeu-me a Xerê.
- Eh! Eh! Eh! Pára di dá a papinha Xerê.
Dêxa u seu Lê vê u qui iela apronta – pediu o Nhô e a esposa obedeceu.
Quando a Ritinha viu que a Xerê tirou o pratinho de perto dela, começou a
espernear, balançar os bracinhos e iniciou um berreiro:
- Ah! Ah! Ah! Essa guria é boa de garfo –
disse a Xerequéia e voltou a dar a papinha e a Ritinha se acalmou. Foi
engraçado vê-la papando e seus lindíssimos olhos lacrimejando.
Após
a janta, enquanto Xerê mimava a Ritinha, eu e o Nhô fomos ao meu cafofo ver as
estrelas no telescópio e prosear, e ele na sua esperteza, me perguntou:
- Ocê acha qui consegui vê Arret ou
Terradois cum essi aparêiu, Misifiu?
- A constelação onde está Arret até
que dá para ver Nhô mas, Arret não. É muito longe. Terra-II está muito, mas
muito longe mesmo; talvez fique localizado além de nossa imaginação.
Ficamos
até perto das vinte e três horas conversando até que:
- A prosa tá muntchu boa, Misifiu, mai vô pru
meu cantin drumi mais minhas mininas, banoiti!
- Boa noite Nhô! Também vou dormir.
Continua dia 19/07/2013 em:
Rô em
VIRTUÁLIA
Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
ResponderExcluircronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
Se quiseres contatos eis meu e-mail:
lecinof@gmail.com