A VIAGEM
Juiz de Fora – MG; 08h00min.
Eis que
a rotina realista do meu real país brinda-nos com outro feriado prolongado e,
não deu outra:
- Lê, já que está tudo pronto, tomei a
liberdade de ligar para o Thiago; ele vai nos levar até o aeroporto da
Serrinha. De lá até a capital são quarenta minutos e, mais duas horas e meia
estaremos no Mato Grosso – alertava-me a Rô.
- Vou só pegar o notebook e o carregador;
não vou a lugar nenhum sem essa minha nave que me leva ao meu real mundo
virtual – respondi-lhe.
- Sei, mas eu prefiro o Lê real no meu mundo
realista! – brincou ela comigo.
- Ah!Ah!Ah! Mas o que você não sabe é que te
levo para lá quase sempre – revidei a brincadeira.
Às
dezoito horas já estávamos indo, por terra, de Cáceres até a fazenda de nelore que,
também, funciona como área de laser para os amigos do Amilton. Ele é o único
amigo de infância, juventude, exército e universidade que, de rico herdeiro, se
transformou em um bilionário. Porém, não perdeu as raízes das eternas, puras e
sinceras amizades. Minha mulher ficou amiguíssima da Carmem, primeira, única e
eterna namorada do Amilton. Estão juntos há quarenta dos seus sessenta e dois
anos de vida. O incrível é que eles nasceram na mesma cidade; no mesmo
hospital; no mesmo dia; na mesma hora, só com diferenças de minutos, ou seja: -
se conheceram no berçário.
A
Chevrolet Venareio meia sete, xodó do Amilton, era pilotada pelo Jerônimo – motorista
do meu amigo desde a década de noventa quando ele resolveu se estabelecer
naquele paraíso bucólico às margens do Rio Paraguai;
- Como vai a sua família Jerônimo –
perguntei-lhe.
- Está ótima, seu Lê; meu filho único se formará
em engenharia de alimentos este ano, lá em Viçosa, e vai trabalhar num grande
frigorífico de Várzea Grande. Naquele para o qual vendemos bois –
orgulhoso, do filho, me contou o Jerônimo.
- Que beleza hein? Vocês vão poder se ver
sempre, não é?
- Positivo, o patrão me ajudou a formar
esse meu garoto e isso e a tudo mais lhe sou eternamente grato – concluiu
o Jerônimo.
- O Amilton sempre foi assim, desde garoto
– disse-lhe.
- Porque o senhor não quis vir, de Cáceres até
a fazenda, no aviãozinho do patrão?
- É que nós amamos essa meia hora de
estrada. É como se estivéssemos entrando no paraíso –
justifiquei-me.
- Entendi, seu Lê! Olha o patrão já está na
porteira esperando vocês – falou-nos apontando para a entrada da fazenda.
Lá
estava o Amilton e a Carmem. Ele, vestido, em minha homenagem, com a camisa do
Internacional, autografada por toda a equipe campeã de 1975.
- Olha só, seu Lê, ele só coloca aquela
camisa vermelha em situação muito especial e, hoje, é uma delas – falou o
motorista.
- Olha só, Rô, é o mesmo manequim de desde
quando ele tinha menos de trinta anos – comentei.
- Bem que você podia se espelhar nele e, olha
que não são muitos quilos que tens que perder, não é mesmo? –
carinhosamente me falou a patroazinha.
- Bah! Tchê, já tem quase um ano que tu não
dá os costados aqui no Mato Grosso; como tens passado? E tu dona Rosângela,
como ainda aturas esse “cuera”?- no seu costumeiro e hospitaleiro jeito
gauchesco nos cumprimentou. Rô foi logo sendo puxada pela Carmem rumo à varanda; era
muita conversa para colocar em dia.
- Jerô, meu velho, por favor, “tu pegas e tu
levas” as bagagens para a suíte número um, OK - pediu o Amilton.
- Mas é claro patrão, com prazer –
prontamente respondeu o Jerônimo.
- Tchê, como sei que tu não comestes nada no
avião, te preparei um churrasco bem no estilo lá da minha terra; vamos para a área
de recreação que o Altamiro já deve de começar a fatiar a picanha –
salivando me convidou o anfitrião.
A
acalorada conversa já passava das duas da madrugada:
-
Bah! Tchê, a prosa tá muito “buena”, mas vou ter que me recolher porque, daqui
a quatro horas, tenho que estar a postos para a lida – falou-nos
Amiltom e continuou:
-
Podem ficar à vontade; vocês estão em casa e além do “mas” estão de folga!
-
Nós também já vamos dormir amigo, aliás, a Rô já está “pescando” de tanto sono,
ah!ah!ah!ah!
- Tô mesmo! Não se esqueça de que estou
acordada desde as cinco da manhã. Boa noite para todos - falou a Rô
bocejando.
Todos se recolheram e eu, como de costume
e não importa a que horas vou dormir, às cinco horas eu sempre estou acordado.
Lavei-me e fui até um quiosque à margem do Rio Paraguai e pensei alto:
- Êita paraisão danado, vou assistir ao amanhecer
às margens desse riozão – e assim o fiz.
Vi os primeiros
raios de sol surgirem com a algazarra dos pássaros. Senti a brisa matutina
trazendo junto o aroma da natureza, e pensei:
- Pô, esse lugar me lembra o Rio do Peixe e
o refúgio do Nhô e, por falar nele, vou dar um pulo até lá. São quinze para as
seis e só as noves horas vou sair para pescar com a Rô, dará tempo e...
- Nhô Antônio! Nhô, o senhor está
acordado? – cheguei gritando.
- Aprochegue, misifiu, to dimpé desdi as
quinzi pras cincu; comu ôce adivinhô qui ieu quiria falá c’ôce?
- O que houve meu amigo, aconteceu alguma
coisa? – perguntei-lhe.
- Aconteceu sim seu Lê e achu qui é gravi.
Sabi aquéia criatura qui tava si apoderanu dus Java porcu da nossa amiga
Xerequéia? Iela vortô, seu Lê, tá suminu us bichu qui fica na pocirga lá pertu
da Lagoa Preta. Lembra daquéia pedrera
abandonada pertu du Riu du Pexe e qui quandu, na época das enchentes du riu,
ela vira uma lagoa?
-
Sei sim, o que é que tem – perguntei-lhe.
-
Comu num tem chuvidu a uns três méis e a lagoa num isvazeia e fui inté lá i discobri u
motivu: - nasceu um ôiu d’água enorme a uns cinquenta metru déia i a água
iscorreu toda para u buracu da pedrera. A água qui era muntchu chuja agora está
ficanu clarinha. I tem outra coisa, a água, que tá sobranu quandu a lagoa
enchi, tá correnu p’rú Riu du Pexe feitu um novu riberão!
-
Interessante, Nhô, depois nós vamos lá dar uma olhada. Já sumiu muitos animais
de lá?
-
Desdi qui nóis incontramu u Julianu e u Beju há uns quinzi dias já levô três
dus bichu – respondeu-me e prosseguiu -, mas a Xerequéia falô qui desdi u anu passadu depois da inundação di
Realópolis é qui tem desaparecidu galinha, patu e inté u vira-lata de istimação deia sumiu e... - interrompi
o Nhô:
-
Já sei meu amigo, aquela cheia que matou todos os animais do zoológico Sideral de
Realópolis, não foi isso?
-
É issu memu, misifiu!
- Mas, porque acha que foi uma daquelas
criaturas; o senhor viu ao menos alguma pegada?
- Num vi! Issu foi concrusão du
Carabina Dozi; ieli é qui passo puraqui prá sabê si eu vi arguma coisa. Mai ieu
discunfiei pruque vi aquêie crarão ostru dia pertu daqueies dois pé de pitanga
– falou-me apontando em direção ao pomar às margens do Ribeirão Limpo e
continuou:
- Já tem quaji uma sumana qui não somi
nenhum java porcu; tarveis hoje ieli vorti prá pegá outru. Vamu atucaiá pra
nóis vê si é uma daquéias criatura, hoje à noite, misifiu?
- Vamos lá prá Xerequéia agora memo,
Nhô; talvez encontraremos pegadas?
- Intão vamu, né! Vô atrelá o
Bitencourt na carroça, é só um intantinho – dois palito, eh!eh!eh!
- Biiiii.....Biiiii....Bitencourt – gritava o
Nhô e em questão de minutos o pangaré estava perto da carroça, do lado do
galpão.
- Ah!Ah!Ah!Ah! Ele te entende mesmo, não é
meu velho?
- Eh!Eh!Eh!Eh! Noi si cunheci, misifiu.
Em meia
hora estávamos com a Xerequéia:
- Antes de ontem eu vi – dizia a
Xerequéia – uma criatura se arrastando com um java-porco!
- Ôce falô “si arrastanu”, Xerê –
perguntou o Nhô.
- Isso mesmo! Era a cobra grande; eu já vi
uma quando era menina lá no interior do Amazonas, perto do Rio Castanho. É a
mesma coisa, esta pegou minha criação e fugiu para os lados da Lagoa Preta!
- Mais tarde nós voltamos aqui com o
delegado para averiguar melhor, Xerê, pode esperar –
falei-lhe.
- Tá bom, seu Lê! Então, até mais ver, Nhô –
falou a Xerequéia.
- Intão , inté, intão, Xeré!
De volta,
na carroça:
- Não foi aquela criatura que pensávamos
Nhô, talvez seja uma sucuri adulta; elas crescem muito!
- Ieu já vi uma dessas é di dá medu! Seu Lê,
vamu aproveitá qui tamu di carroça e dá uma ida inté Virtuáia; tenhu qui compra
umas semente di verdura qui num prantei na minha horta i, si ôce quisé, podi
conversá c’u delegadu i convencê ieli a ajudá nóis pegá a cobra grandi da Lagoa
Preta – sugeriu o meu amigo.
- Está certo Nhô, vamos lá!
Na cidade:
Vô pará a carroça naquéia rua pertu da
mercearia du Marconi; inquantu ieu compru as semente e uns trem ôce vê u Carabina
Dozi – sugeriu o nobre ancião.
- Está bem – exclamei – depois te encontro aqui neste ponto, ok?
- Ei, seu Lê... seu Lê! – gritava
uma voz do outro lado da Praça Bispo-cardeal; era o Biliato.
- Como vai você e o teu sócio, o Lezivo
– perguntei-lhe.
- Estamos bem, graças ao senhor, seu Lê.
Daqui a dez dias vamos inaugurar nosso boteco de ensopados e caldos. Tá quase
tudo pronto; o senhor vem não é?
-Bili, eu não perderia essa inauguração
por nada nesse mundo. Onde está sendo montado esse negócio de vocês –
perguntei-lhe.
- Na antiga praça dos tropeiros hoje Praça
Hy-Brazil, perto do parque de exposição – respondeu.
-
Ótima localização, contem comigo, Bili!
-
Sei disso, meu amigo, e como sei!
Na delegacia:
-
Pois é doutor Lê, já fiz até BO sobre esses roubos dos bichos da Xerequéia, mas
não achei nenhuma pista até agora. Daqui a duas horas vou até lá com uma
guarnição. Vamos dar uma geral no entorno da Lagoa Preta – disse o
Carabina Doze.
-
Vou estar lá, eu e o Nhô. Seja quem for que esteja levando os animais, já deve
de estar faminto, pois faz três dias que ele levou um filhote de java porco.
Até mais ver, delegado!
Quando
cheguei junto à carroça lá estava o Nhô Antônio e conversando com o Paulinho
Goró que, a me ver, gritou:
- Boa tarde seu Lê, como vai essa força?
- Tudo beleza, Paulo de Paulli? – respondi com
outra pergunta e ele se ofereceu:
- Tô sabendo que o ladrão de Java porco
voltou e, desta vez, eu vou “pegar ele” no laço! Fiz um laço de doze braças de
couro legítimo de boi; olha ele ali dentro da carroça! Tô pronto!
- Caboclo resolvido esse Paulinho não é
Nhô?
- Poizé, misifiu, quarqué coisa é só
conta cum iei, eh!eh!eh!eh!
Duas
horas depois:
- Atenção tropa, só vamos usar a artilharia
pesada se necessário e sob meu comando. Vamos tentar pegar a criatura no laço,
ok? – gritava o Carabina a um cabo, um soldado, a mim, Nhô e Paulinho; esta
era a tropa.
De
repente ouve-se um barulho enorme na pocilga ás margens do Rio do Peixe e todos
os javas porcos, quinze , melhor dizendo, fogem. Menos um que emitia um som de
quem era ferido.
- É a fera que veio se alimentar –
gritou Goró.
- Lá está ela!- berrou o
cabo Tição apontando para um capinzal.
Paulinho jogou o laço e este caiu
certinho na parte traseira do animal e puxou como a um cowboy, fazendo com que
o bicho soltasse a presa, e gritou:
- Seguuuura peão!
- É um enorme crocodilo, seu Lê – disse o
delegado e ordenou:
- Soldado, jogue seu laço na bocarra dele, rápido!
Márcio,
ex-peão boiadeiro, boleou o laço por sobre a própria cabeça e soltou rumo ao
réptil.
- Muntcho bão sordadu, u bichu tá dominadu
– falou Nhô que, por ser idoso, ficou em cima da carroceria do caminhão de
aprisionar animais da prefeitura. Na cabine o motorista Manezinho Cagão – este
apelido diz tudo – tremendo de medo.
Alguns
minutos depois de ter sido dominado a fera:
- Como esse bicho deve de ter vindo parar
qui na Lagoa Preta, seu Lê? –
perguntou-me Goró.
- Deve ter vindo pelo Rio do Peixe durante a
cheia do ano passado. Como as águas baixaram ele ficou confinado na lagoa. É
aquele crocodilo que ficava no zoológico de Realópolis – argumentei. Lembram?
- É mesmo, delegado, eu “reconheço ele” pelo
olho direito furado – falou cabo Tição.
- Vamos içá-lo com a carretilha do caminhão
da PSV e devolvê-lo para Realópolis – decidiu o homem da lei de Virtuália.
Pouco
depois nos despedimos do delegado, sua guarnição, do Paulinho e, já no alpendre
da cozinha da casa do Nhô:
- Nhô, o senhor me falou que viu clarão no
seu pomar perto do Ribeirão Limpo?
- Vi sim, misifiu, fui lá pertu p´rá vê
i u crarão parecia qui ia aumentá mai, apagava. Sabe seu Lê, as veis vem umas
lembrança esquisita do Kobauski na minha mimória; umas figura isquisita, u
Etevardu, umas bola di fogu, um... – interrompi a fala do Nhô.
- Eu também, Nhô. Eu tinha uma dúvida
curiosa sobre o que acontecia depois que o Kobauski mandava a gente olhar para
o aparelho que ele nos mostrava na mão e depois acontecia um flash. Eu às vezes
lembro-me do que aconteceu nesse intervalo de anminésia.
- Tá iscuitanu, seu Lê, é um zumbidu
isquisitu lá pertu du pomar e, óia lá u crarão! – falou-me apontando na
direção do pomar.
- Vamos lá ver o que é isso Nhô!
Meu
amigo pegou um terçado secular, mas afiado e disse-me:
- Tô prontu!
Saímos
acelerados, mas no ritmo do Nhô. Lá chegando e entre dois belíssimos pés de
pitanga, “coalhado” de frutas maduras, formava-se um portal brilhante de luz.
Paramos a alguns metros e saíram dele o Kowauski e o Etevaldo:
- Seu Lê e Nhô, quanto tempo, hein?! –
disse o Etevaldo nos seus dois metros e meio de altura. Ele só se diferencia do
pai por ter os olhos ligeiramente parecidos com os orientais da Terra.
- Olá Etevaldo, como vai Kowauski? –
cumprimentei-lhes e continuei:
- Não faz mais de quinze dias terrestres que
nós nos despedimos, não se lembram?
- É verdade – disse
Kobauski -, essa viagem de transposições
desnorteia as nossas mentes. Vimos aqui conversar com vocês, com Juliano e o Hibisco.
- Intão si vamu lá prá minha casa qui a
fejoada qui dexei nu fugão di lenha, já dedi tá pronta; só farta refogá u côvi –
convidou-nos o Nhô fazendo-me salivar. Antes de rumarmos para a sede do sítio,
Kowauski apontou a mão para o portal falou três palavras estranhas e o portal
parou de emitir luz, mas dava para perceber que ele estava ali.
Na
cozinha do Nhô após a lauda feijoada:
- Senhor Lê, eu e meu filho, com autorização
do superior maior de nosso moribundo planeta, vimos aqui para levar conosco o
Juliano, o Hibisco e o restante da família dele para nosso novo lar.
- Procuramos vocês dois primeiro para
contatar a mamy, o papy e o resto da família –
acrescentou o Etevaldo.
- Mas vocês já foram para a nova morada
– perguntei-lhes.
- Sim! Todos os habitantes, sem exceção já
estão lá, bem como, cada espécie de animais e plantas além de um arquivo
genético e de sementes – respondeu-me o Kowauski e continuou:
- No planeta moribundo ficaram algumas
equipes técnicas para a retirada do ouro monoatômico em partículas que ainda
restavam na atmosfera. A atmosfera está se perdendo no espaço, pois o planeta
está perdendo a força de sua gravidade; está perdendo por completo o calor
interno, enfim, está morrendo!
- Eh!Eh!Eh! Issu é muntchu prá cabeça du véi
aqui, mais ieu preguntu: - Ôceis levam genti daqui da Terra tamém?
- Não! Lá, descobrimos, que existe um
tipo parecido com minha raça, porém
bastante primitivo seja física e mentalmente. Devem existir perto de cem
mil dessas criaturas. Para elas somos deuses que descemos dos céus para
ajudá-los – falou-nos Kowauski e continuou:
- Não vamos permitir outra espécie com
inteligência que possa nos confrontar. Vamos manter-nos exclusivo em Arrte. Só
manteremos os nativos, pois temos certeza absoluta e conseguimos provar cientificamente, que temos
as mesmas origens!
- Mais pruque querem u Ju i u Bejo? – indagou
inteligentemente o Nhô.
- Foi por causa deles que o Etevaldo
sobreviveu e nos permitiu saber que podemos acasalar com determinada raça da
espécie do seu planeta – explicou o Kowauski.
- O tempo biológico do organismo de vocês é
diferente do nosso, humanos, e isso fará com que o Juliano, Beijo e família
vivam pouco tempo em vossa companhia – quis alertá-los para uma coisa que
eles já sabiam.
- Dominamos uma doença que há muito já não
existe em nossos genes: - a velhice. Programamos nosso organismo para
desenvolver até nossa idade adulta e depois só o mantemos por tempo
indeterminado. Já temos estudos avançado para que mudemos de corpo e a mente continue
isso usando o que vocês chamam de clonagem – tentou explicar-nos o
Kowauski.
- Já entendi o pessoal da Terra, que vocês
querem levar, vai se tornar um banco genético vivo; não é isso? – indaguei
com certa apreensão.
- É essa, também, parte de nossa ideia –
completou o Etebaldo.
- Há possibilidade de eu e o Nhô conhecermos
o seu novo lar? Veja bem, só iremos lá conhecer e depois voltar para nosso
planeta, entendeu?
- Tem sim, seu Lê, você organiza tudo e
convença aos familiares do Hibisco e o Juliano a nos acompanhar, aliás, se você
dois vierem juntos, nem que seja a passeio, eles não colocarão obstáculos. Transposições
já está provado que não afetam vocês em nada e... –
interrompi o Kobauski:
- Como assim “já está provado”?
- Com o tempo, vocês que levamos da
Mina do Morro Velho para aquela no Pará e trouxemos de volta, vão lembrar essa
viagem. Mas, façamos assim, vocês se organizam e daqui a quinze dias terráqueos
retornaremos pelo portal e iremos até o nosso planeta moribundo e depois para a
nova morada, ok?
- Ok, vou organizar nossa expedição,
Kowauski. Mas, o que devemos levar nessa viagem? –
perguntei-lhe.
- Nada! Só seus corpos físicos com suas
mentes. Então está acertado; daqui a uma quinzena dos seus dias, nesse mesmo
horário, o portal surgirá ok?
- Ok, ok, Kobauski deixe comigo!
- Então vamos embora, mas antes eu
gostaria de levar algumas pitangas maduras, carambolas e mangas; é possível
Nhô?- perguntou o Etevaldo.
- Craro qui podi misifiu, e ôce deu
sorte qui tá na épuca certinha deias. Vamu lá coiê nus própriu pé!
- Eu adoro essas frutas e não temos
ainda em nosso novo lar, Nhô. Quando vocês forem lá já terão delas para comer,
pode acreditar – falou Etevaldo.
Uma hora
depois fomos até perto do portal e vimos nossos dois interplanetários amigos
entrarem no portal e partirem. Desta vez o Kobauski não usou o flash e...
- Lê, meu amor, o que você faz aqui
embaixo desse solão sozinho? Já são quase nove e meia, esqueceu-se da nossa
pescaria? Venha ver o Amilton dando comida quase na boca dos jacarés que moram
aqui perto, nas margens do rio- falou a minha Rô.
Depois
de ver e admirar os tamanhos enormes daqueles répteis, tomamos um reforçado
café da manhã e parti eu, a Rô e a Carmem, numa lancha para o meio do rio na
finalidade de pescarmos o jantar, porque o almoço seria assado de javali, ou
queixada como eles costumam falar na região.
Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
ResponderExcluircronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
Se quiseres contatos eis meu e-mail:
lecinof@gmail.com