domingo, 9 de dezembro de 2012

VIDA EM VIRTUÁLIA - A Viagem


A VIAGEM




Juiz de Fora – MG; 08h00min.
         Eis que a rotina realista do meu real país brinda-nos com outro feriado prolongado e, não deu outra:
         - Lê, já que está tudo pronto, tomei a liberdade de ligar para o Thiago; ele vai nos levar até o aeroporto da Serrinha. De lá até a capital são quarenta minutos e, mais duas horas e meia estaremos no Mato Grosso – alertava-me a Rô.
         - Vou só pegar o notebook e o carregador; não vou a lugar nenhum sem essa minha nave que me leva ao meu real mundo virtual – respondi-lhe.
         - Sei, mas eu prefiro o Lê real no meu mundo realista! – brincou ela comigo.
         - Ah!Ah!Ah! Mas o que você não sabe é que te levo para lá quase sempre – revidei a brincadeira.
         Às dezoito horas já estávamos indo, por terra, de Cáceres até a fazenda de nelore que, também, funciona como área de laser para os amigos do Amilton. Ele é o único amigo de infância, juventude, exército e universidade que, de rico herdeiro, se transformou em um bilionário. Porém, não perdeu as raízes das eternas, puras e sinceras amizades. Minha mulher ficou amiguíssima da Carmem, primeira, única e eterna namorada do Amilton. Estão juntos há quarenta dos seus sessenta e dois anos de vida. O incrível é que eles nasceram na mesma cidade; no mesmo hospital; no mesmo dia; na mesma hora, só com diferenças de minutos, ou seja: - se conheceram no berçário.
         A Chevrolet Venareio meia sete, xodó do Amilton, era pilotada pelo Jerônimo – motorista do meu amigo desde a década de noventa quando ele resolveu se estabelecer naquele paraíso bucólico às margens do Rio Paraguai;
         - Como vai a sua família Jerônimo – perguntei-lhe.
         - Está ótima, seu Lê; meu filho único se formará em engenharia de alimentos este ano, lá em Viçosa, e vai trabalhar num grande frigorífico de Várzea Grande. Naquele para o qual vendemos  bois – orgulhoso, do filho, me contou o Jerônimo.
         - Que beleza hein? Vocês vão poder se ver sempre, não é?
         - Positivo, o patrão me ajudou a formar esse meu garoto e isso e a tudo mais lhe sou eternamente grato – concluiu o Jerônimo.
         - O Amilton sempre foi assim, desde garoto – disse-lhe.
         - Porque o senhor não quis vir, de Cáceres até a fazenda, no aviãozinho do patrão?
         - É que nós amamos essa meia hora de estrada. É como se estivéssemos entrando no paraíso – justifiquei-me.
         - Entendi, seu Lê! Olha o patrão já está na porteira esperando vocês – falou-nos apontando para a entrada da fazenda.
         Lá estava o Amilton e a Carmem. Ele, vestido, em minha homenagem, com a camisa do Internacional, autografada por toda a equipe campeã de 1975.
         - Olha só, seu Lê, ele só coloca aquela camisa vermelha em situação muito especial e, hoje, é uma delas – falou o motorista.
         - Olha só, Rô, é o mesmo manequim de desde quando ele tinha menos de trinta anos – comentei.
         - Bem que você podia se espelhar nele e, olha que não são muitos quilos que tens que perder, não é mesmo? – carinhosamente me falou a patroazinha.
         - Bah! Tchê, já tem quase um ano que tu não dá os costados aqui no Mato Grosso; como tens passado? E tu dona Rosângela, como ainda aturas esse “cuera”?- no seu costumeiro e hospitaleiro jeito gauchesco nos cumprimentou. Rô foi logo sendo puxada pela Carmem rumo à varanda; era muita conversa para colocar em dia.
         - Jerô, meu velho, por favor, “tu pegas e tu levas” as bagagens para a suíte número um, OK - pediu o Amilton.
         - Mas é claro patrão, com prazer – prontamente respondeu o Jerônimo.
         - Tchê, como sei que tu não comestes nada no avião, te preparei um churrasco bem no estilo lá da minha terra; vamos para a área de recreação que o Altamiro já deve de começar a fatiar a picanha – salivando me convidou o anfitrião.
         A acalorada conversa já passava das duas da madrugada:
- Bah! Tchê, a prosa tá muito “buena”, mas vou ter que me recolher porque, daqui a quatro horas, tenho que estar a postos para a lida – falou-nos Amiltom e continuou:
- Podem ficar à vontade; vocês estão em casa e além do “mas” estão de folga!
- Nós também já vamos dormir amigo, aliás, a Rô já está “pescando” de tanto sono, ah!ah!ah!ah!
         - Tô mesmo! Não se esqueça de que estou acordada desde as cinco da manhã. Boa noite para todos - falou a Rô bocejando.
         Todos se recolheram e eu, como de costume e não importa a que horas vou dormir, às cinco horas eu sempre estou acordado. Lavei-me e fui até um quiosque à margem do Rio Paraguai e pensei alto:
         - Êita paraisão danado, vou assistir ao amanhecer às margens desse riozão – e assim o fiz.
         Vi os primeiros raios de sol surgirem com a algazarra dos pássaros. Senti a brisa matutina trazendo junto o aroma da natureza, e pensei:
         - Pô, esse lugar me lembra o Rio do Peixe e o refúgio do Nhô e, por falar nele, vou dar um pulo até lá. São quinze para as seis e só as noves horas vou sair para pescar com a Rô, dará tempo e...

         - Nhô Antônio! Nhô, o senhor está acordado? – cheguei gritando.
         - Aprochegue, misifiu, to dimpé desdi as quinzi pras cincu; comu ôce adivinhô qui ieu quiria falá c’ôce?
         - O que houve meu amigo, aconteceu alguma coisa? – perguntei-lhe.
         - Aconteceu sim seu Lê e achu qui é gravi. Sabi aquéia criatura qui tava si apoderanu dus Java porcu da nossa amiga Xerequéia? Iela vortô, seu Lê, tá suminu us bichu qui fica na pocirga lá pertu da Lagoa Preta.  Lembra daquéia pedrera abandonada pertu du Riu du Pexe e qui quandu, na época das enchentes du riu, ela vira uma lagoa?
- Sei sim, o que é que tem – perguntei-lhe.
- Comu num tem chuvidu a uns três méis e a  lagoa num isvazeia e fui inté lá i discobri u motivu: - nasceu um ôiu d’água enorme a uns cinquenta metru déia i a água iscorreu toda para u buracu da pedrera. A água qui era muntchu chuja agora está ficanu clarinha. I tem outra coisa, a água, que tá sobranu quandu a lagoa enchi, tá correnu p’rú Riu du Pexe feitu um novu riberão!
- Interessante, Nhô, depois nós vamos lá dar uma olhada. Já sumiu muitos animais de lá?
- Desdi qui nóis incontramu u Julianu e u Beju há uns quinzi dias já levô três dus bichu – respondeu-me e prosseguiu -, mas a Xerequéia falô qui desdi u anu passadu depois da inundação di Realópolis é qui tem desaparecidu galinha, patu e inté u vira-lata  de istimação deia sumiu e... - interrompi o Nhô:
- Já sei meu amigo, aquela cheia que matou todos os animais do zoológico Sideral de Realópolis, não foi isso?
- É issu memu, misifiu!
         - Mas, porque acha que foi uma daquelas criaturas; o senhor viu ao menos alguma pegada?
         - Num vi! Issu foi concrusão du Carabina Dozi; ieli é qui passo puraqui prá sabê si eu vi arguma coisa. Mai ieu discunfiei pruque vi aquêie crarão ostru dia pertu daqueies dois pé de pitanga – falou-me apontando em direção ao pomar às margens do Ribeirão Limpo e continuou:
         - Já tem quaji uma sumana qui não somi nenhum java porcu; tarveis hoje ieli vorti prá pegá outru. Vamu atucaiá pra nóis vê si é uma daquéias criatura, hoje à noite, misifiu?
         - Vamos lá prá Xerequéia agora memo, Nhô; talvez encontraremos pegadas?
         - Intão vamu, né! Vô atrelá o Bitencourt na carroça, é só um intantinho – dois palito, eh!eh!eh!
         - Biiiii.....Biiiii....Bitencourt – gritava o Nhô e em questão de minutos o pangaré estava perto da carroça, do lado do galpão.
         - Ah!Ah!Ah!Ah! Ele te entende mesmo, não é meu velho?
         - Eh!Eh!Eh!Eh! Noi si cunheci, misifiu.
         Em meia hora estávamos com a Xerequéia:
         - Antes de ontem eu vi – dizia a Xerequéia – uma criatura se arrastando com um java-porco!
         - Ôce falô “si arrastanu”, Xerê – perguntou o Nhô.
         - Isso mesmo! Era a cobra grande; eu já vi uma quando era menina lá no interior do Amazonas, perto do Rio Castanho. É a mesma coisa, esta pegou minha criação e fugiu para os lados da Lagoa Preta!
         - Mais tarde nós voltamos aqui com o delegado para averiguar melhor, Xerê, pode esperar – falei-lhe.
         - Tá bom, seu Lê! Então, até mais ver, Nhô – falou a Xerequéia.
         - Intão , inté, intão, Xeré!
         De volta, na carroça:
         - Não foi aquela criatura que pensávamos Nhô, talvez seja uma sucuri adulta; elas crescem muito!
         - Ieu já vi uma dessas é di dá medu! Seu Lê, vamu aproveitá qui tamu di carroça e dá uma ida inté Virtuáia; tenhu qui compra umas semente di verdura qui num prantei na minha horta i, si ôce quisé, podi conversá c’u delegadu i convencê ieli a ajudá nóis pegá a cobra grandi da Lagoa Preta – sugeriu o meu amigo.
         - Está certo Nhô, vamos lá!

         Na cidade:
         Vô pará a carroça naquéia rua pertu da mercearia du Marconi; inquantu ieu compru as semente e uns trem ôce vê u Carabina Dozi – sugeriu o nobre ancião.
         - Está bem – exclamei – depois te encontro aqui neste ponto, ok?
         - Ei, seu Lê... seu Lê! – gritava uma voz do outro lado da Praça Bispo-cardeal; era o Biliato.
         - Como vai você e o teu sócio, o Lezivo – perguntei-lhe.
         - Estamos bem, graças ao senhor, seu Lê. Daqui a dez dias vamos inaugurar nosso boteco de ensopados e caldos. Tá quase tudo pronto; o senhor vem não é?
         -Bili, eu não perderia essa inauguração por nada nesse mundo. Onde está sendo montado esse negócio de vocês – perguntei-lhe.
         - Na antiga praça dos tropeiros hoje Praça Hy-Brazil, perto do parque de exposição – respondeu.
- Ótima localização, contem comigo, Bili!
- Sei disso, meu amigo, e como sei!

Na delegacia:                                       
- Pois é doutor Lê, já fiz até BO sobre esses roubos dos bichos da Xerequéia, mas não achei nenhuma pista até agora. Daqui a duas horas vou até lá com uma guarnição. Vamos dar uma geral no entorno da Lagoa Preta – disse o Carabina Doze.
- Vou estar lá, eu e o Nhô. Seja quem for que esteja levando os animais, já deve de estar faminto, pois faz três dias que ele levou um filhote de java porco. Até mais ver, delegado!
         Quando cheguei junto à carroça lá estava o Nhô Antônio e conversando com o Paulinho Goró que, a me ver, gritou:
         - Boa tarde seu Lê, como vai essa força?
         - Tudo beleza, Paulo de Paulli? – respondi com outra pergunta e ele se ofereceu:
         - Tô sabendo que o ladrão de Java porco voltou e, desta vez, eu vou “pegar ele” no laço! Fiz um laço de doze braças de couro legítimo de boi; olha ele ali dentro da carroça! Tô pronto!
         - Caboclo resolvido esse Paulinho não é Nhô?
         - Poizé, misifiu, quarqué coisa é só conta cum iei, eh!eh!eh!eh!

         Duas horas depois:
         - Atenção tropa, só vamos usar a artilharia pesada se necessário e sob meu comando. Vamos tentar pegar a criatura no laço, ok? – gritava o Carabina a um cabo, um soldado, a mim, Nhô e Paulinho; esta era a tropa.
         De repente ouve-se um barulho enorme na pocilga ás margens do Rio do Peixe e todos os javas porcos, quinze , melhor dizendo, fogem. Menos um que emitia um som de quem era ferido.
         - É a fera que veio se alimentar – gritou Goró.
         - Lá está ela!- berrou o cabo Tição apontando para um capinzal.
         Paulinho jogou o laço e este caiu certinho na parte traseira do animal e puxou como a um cowboy, fazendo com que o bicho soltasse a presa, e gritou:
         - Seguuuura peão!
         - É um enorme crocodilo, seu Lê – disse o delegado e ordenou:
         - Soldado, jogue seu laço na bocarra dele, rápido!
         Márcio, ex-peão boiadeiro, boleou o laço por sobre a própria cabeça e soltou rumo ao réptil.
         - Muntcho bão sordadu, u bichu tá dominadu – falou Nhô que, por ser idoso, ficou em cima da carroceria do caminhão de aprisionar animais da prefeitura. Na cabine o motorista Manezinho Cagão – este apelido diz tudo – tremendo de medo.
         Alguns minutos depois de ter sido dominado a fera:
         - Como esse bicho deve de ter vindo parar qui  na Lagoa Preta, seu Lê? – perguntou-me Goró.
         - Deve ter vindo pelo Rio do Peixe durante a cheia do ano passado. Como as águas baixaram ele ficou confinado na lagoa. É aquele crocodilo que ficava no zoológico de Realópolis – argumentei. Lembram?
         - É mesmo, delegado, eu “reconheço ele” pelo olho direito furado – falou cabo Tição.
         - Vamos içá-lo com a carretilha do caminhão da PSV e devolvê-lo para Realópolis – decidiu o homem da lei de Virtuália.
         Pouco depois nos despedimos do delegado, sua guarnição, do Paulinho e, já no alpendre da cozinha da casa do Nhô:
         - Nhô, o senhor me falou que viu clarão no seu pomar perto do Ribeirão Limpo?
         - Vi sim, misifiu, fui lá pertu p´rá vê i u crarão parecia qui ia aumentá mai, apagava. Sabe seu Lê, as veis vem umas lembrança esquisita do Kobauski na minha mimória; umas figura isquisita, u Etevardu, umas bola di fogu, um... – interrompi a fala do Nhô.
         - Eu também, Nhô. Eu tinha uma dúvida curiosa sobre o que acontecia depois que o Kobauski mandava a gente olhar para o aparelho que ele nos mostrava na mão e depois acontecia um flash. Eu às vezes lembro-me do que aconteceu nesse intervalo de anminésia.
         - Tá iscuitanu, seu Lê, é um zumbidu isquisitu lá pertu du pomar e, óia lá u crarão! – falou-me apontando na direção do pomar.
         - Vamos lá ver o que é isso Nhô!
         Meu amigo pegou um terçado secular, mas afiado e disse-me:
         - Tô prontu!
         Saímos acelerados, mas no ritmo do Nhô. Lá chegando e entre dois belíssimos pés de pitanga, “coalhado” de frutas maduras, formava-se um portal brilhante de luz. Paramos a alguns metros e saíram dele o Kowauski e o Etevaldo:
         - Seu Lê e Nhô, quanto tempo, hein?! – disse o Etevaldo nos seus dois metros e meio de altura. Ele só se diferencia do pai por ter os olhos ligeiramente parecidos com os orientais da Terra.
         - Olá Etevaldo, como vai Kowauski? – cumprimentei-lhes e continuei:
         - Não faz mais de quinze dias terrestres que nós nos despedimos, não se lembram?
         - É verdade – disse Kobauski -, essa viagem de transposições desnorteia as nossas mentes. Vimos aqui conversar com vocês, com Juliano e o Hibisco.
         - Intão si vamu lá prá minha casa qui a fejoada qui dexei nu fugão di lenha, já dedi tá pronta; só farta refogá u côvi – convidou-nos o Nhô fazendo-me salivar. Antes de rumarmos para a sede do sítio, Kowauski apontou a mão para o portal falou três palavras estranhas e o portal parou de emitir luz, mas dava para perceber que ele estava ali.

         Na cozinha do Nhô após a lauda feijoada:
         - Senhor Lê, eu e meu filho, com autorização do superior maior de nosso moribundo planeta, vimos aqui para levar conosco o Juliano, o Hibisco e o restante da família dele para nosso novo lar.
         - Procuramos vocês dois primeiro para contatar a mamy, o papy e o resto da família – acrescentou o Etevaldo.
         - Mas vocês já foram para a nova morada – perguntei-lhes.
         - Sim! Todos os habitantes, sem exceção já estão lá, bem como, cada espécie de animais e plantas além de um arquivo genético e de sementes – respondeu-me o Kowauski e continuou:
         - No planeta moribundo ficaram algumas equipes técnicas para a retirada do ouro monoatômico em partículas que ainda restavam na atmosfera. A atmosfera está se perdendo no espaço, pois o planeta está perdendo a força de sua gravidade; está perdendo por completo o calor interno, enfim, está morrendo!
         - Eh!Eh!Eh! Issu é muntchu prá cabeça du véi aqui, mais ieu preguntu: - Ôceis levam genti daqui da Terra tamém?
         - Não! Lá, descobrimos, que existe um tipo parecido com minha raça, porém  bastante primitivo seja física e mentalmente. Devem existir perto de cem mil dessas criaturas. Para elas somos deuses que descemos dos céus para ajudá-los – falou-nos Kowauski e continuou:
         - Não vamos permitir outra espécie com inteligência que possa nos confrontar. Vamos manter-nos exclusivo em Arrte. Só manteremos os nativos, pois temos certeza absoluta e  conseguimos provar cientificamente, que temos as mesmas origens!
         - Mais pruque querem u Ju i u Bejo? – indagou inteligentemente o Nhô.
         - Foi por causa deles que o Etevaldo sobreviveu e nos permitiu saber que podemos acasalar com determinada raça da espécie do seu planeta – explicou o Kowauski.
         - O tempo biológico do organismo de vocês é diferente do nosso, humanos, e isso fará com que o Juliano, Beijo e família vivam pouco tempo em vossa companhia – quis alertá-los para uma coisa que eles já sabiam.
         - Dominamos uma doença que há muito já não existe em nossos genes: - a velhice. Programamos nosso organismo para desenvolver até nossa idade adulta e depois só o mantemos por tempo indeterminado. Já temos estudos avançado para que mudemos de corpo e a mente continue isso usando o que vocês chamam de clonagem – tentou explicar-nos o Kowauski.
         - Já entendi o pessoal da Terra, que vocês querem levar, vai se tornar um banco genético vivo; não é isso? – indaguei com certa apreensão.
         - É essa, também, parte de nossa ideia – completou o Etebaldo.
         - Há possibilidade de eu e o Nhô conhecermos o seu novo lar? Veja bem, só iremos lá conhecer e depois voltar para nosso planeta, entendeu?
         - Tem sim, seu Lê, você organiza tudo e convença aos familiares do Hibisco e o Juliano a nos acompanhar, aliás, se você dois vierem juntos, nem que seja a passeio, eles não colocarão obstáculos. Transposições já está provado que não afetam vocês em nada e... – interrompi o Kobauski:
         - Como assim “já está provado”?
         - Com o tempo, vocês que levamos da Mina do Morro Velho para aquela no Pará e trouxemos de volta, vão lembrar essa viagem. Mas, façamos assim, vocês se organizam e daqui a quinze dias terráqueos retornaremos pelo portal e iremos até o nosso planeta moribundo e depois para a nova morada, ok?
         - Ok, vou organizar nossa expedição, Kowauski. Mas, o que devemos levar nessa viagem? – perguntei-lhe.
         - Nada! Só seus corpos físicos com suas mentes. Então está acertado; daqui a uma quinzena dos seus dias, nesse mesmo horário, o portal surgirá ok?
         - Ok, ok, Kobauski deixe comigo!
         - Então vamos embora, mas antes eu gostaria de levar algumas pitangas maduras, carambolas e mangas; é possível Nhô?- perguntou o Etevaldo.
         - Craro qui podi misifiu, e ôce deu sorte qui tá na épuca certinha deias. Vamu lá coiê nus própriu pé!
         - Eu adoro essas frutas e não temos ainda em nosso novo lar, Nhô. Quando vocês forem lá já terão delas para comer, pode acreditar – falou Etevaldo.

         Uma hora depois fomos até perto do portal e vimos nossos dois interplanetários amigos entrarem no portal e partirem. Desta vez o Kobauski não usou o flash e...

         - Lê,  meu amor, o que você faz aqui embaixo desse solão sozinho? Já são quase nove e meia, esqueceu-se da nossa pescaria? Venha ver o Amilton dando comida quase na boca dos jacarés que moram aqui perto, nas margens do rio- falou a minha Rô.
         Depois de ver e admirar os tamanhos enormes daqueles répteis, tomamos um reforçado café da manhã e parti eu, a Rô e a Carmem, numa lancha para o meio do rio na finalidade de pescarmos o jantar, porque o almoço seria assado de javali, ou queixada como eles costumam falar na região.
        


        
        

Um comentário:

  1. Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
    cronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
    Se quiseres contatos eis meu e-mail:
    lecinof@gmail.com

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