sábado, 22 de dezembro de 2012

VIDA EM VIRTUÁLIA : Paraísos Distintos


PARAÍSOS DISTINTOS
OU 
A NOVA MORADA DO
ETEVALDO

Pantanal- MT, domingo; doze horas:
         - Bah, tchê! Mal chegaram e já estão de partida? Fiquem pelo menos mais uma semana – insistia o Amilton.
         -Temos compromissos inadiáveis lá em Minas na próxima semana, amigo. Foi muito bom este descanso com a natureza pantaneira sem falar, é claro, no legítimo churrasco gaúcho, peixadas, feijão tropeiro e arroz de carreteiro. Vamos programar as próximas férias e ficaremos pelo menos dez dias aqui neste paraíso!
         - Patrão, o Condor já está pronto e já levei as bagagens dos vossos amigos!
       - O piloto Pinho está impaciente porque está armando chuva lá no horizonte – alertou o Jerônimo.
         - Vamos nessa, Rô! Até as férias de Julho Amilton e Carmem; as portas de nossa casa estão sempre abertas para vocês lá na Manchester Mineira, ok – falava enquanto trocávamos abraços de despedidas.
         Foi rápido a decolagem em Cáceres e a aterrissagem no aeroporto de Várzea Grande, na grande Cuiabá. Em menos de uma hora estávamos acomodados no confortável jato destinado à capital mineira.
         - Rô, já que você vai aproveitar para ler um livro eu vou tentar dormir e...
         ...
         - Cada vez que venho visitar o Juliano e o Beijo, tenho que atravessar o CMV (Cemitério Municipal de Virtuália) – conversava comigo mesmo -, tomara que eles estejam em casa! Ah! Lá está o Hibisco pintando um túmulo:
         - Ei Beijo, tudo bem? – gritei.
         - Boa tarde, seu Lê, que prazer em revê-lo! Já terminei esta pintura; vamos lá para casa que minha família já me espera para tomarmos café! O Ju está no ateliê dele lá na cidade, mas daqui a pouco ele chega dirigindo a Variant azul cobalto!
         - Já sei! Com as portas cor de rosa, não é – completei.
         - Engana-se, nos a reformamos e ela está, agora, toda azul cobalto, original – falou-me da novidade.
         - Toma café com a gente enquanto espera, seu Lê?
         - Claro, seu Zé das Flores, com muito prazer!
         Em poucos minutos Juliano chegou e eu pude ver a maravilha que ficou a Variant:
         - Ei, seu Lê, que prazer em revê-lo, o que o trouxe aqui na nossa “assombrosa” moradia?
         - Vim buscar você, Beijo e o Zé das Flores para irmos até o sítio do Nhô; temos que tratar de um assunto sério – intimei a todos.
         - Já sei do que se trata – antecipou o Juliano -, o Nhô já conversou comigo sobre o assunto.
         - Então fica mais fácil, e o que acham?
         -Iremos só nós dois, ou seja, eu e o Beijo – falou- me já decidido o Ju.
         -Tudo bem, eu estou pronto! Vamos lá para o Nhô agora; hoje é o dia combinado e já está quase na hora – acrescentei.
         - Lembra, seu Lê, o Kobauski falou para não levarmos nada!
- Bem lembrado, Hibisco!
-Posso pilotar a Variant até o sítio do Nhô, Juliano – perguntei quase implorando.
- Claro, seu Lê, o senhor vai sentir o quanto ela está inteira!

No sítio:
- Ei Nhô, chegamos – gritou Juliano.
- Oi, pessoá, tudu prontu? Ieu já tava percupadu cum tempu combinadu. Já inté vi uns crarão lá pelus ladu du pomar!      
- Posso deixar a Variant dentro do galpão Nhô, perto da carroça?
- Craro qui podi seu Julianu!
Em alguns minutos estávamos perto das pitangueiras e de repente iniciou a abertura do portal de luz e surgiram o Kobauski e o Etevaldo:
- Boa tarde gente, podemos ir – perguntou o Kobauski.
Atravessamos o portal e lá estava a enorme bola de fogo, mas apagada, e nesse estado, ela era apenas uma esfera parecida com aço inox, porém dourada.
Num sinal com a mão direita e num comando de voz abriu-se uma entrada na nave, e Kobauski, virou-se para o portal disse as três palavras estranhas e, com a mão direita apontada em direção a ela, esta se apagou.
Estávamos num espaço entre a realidade e o virtual ou entre o real e o sonho ou entre o concreto e o abstrato ou, talvez, num lugar que não sabíamos explicar.
Kobauski foi à frente, depois seguimos os passos compassados e firmes do Nhô e, por último o Etevaldo que, ao entrar na nave, virou-se para a porta, disse duas palavras inteligíveis e a porta se fechou, aliás, a entrada desapareceu.
A bola dourada era como a que nos levou de Virtuália à Apiacá-Mt, porém era bem maior e, dentro, tinha vários seres da raça do Kobauski e, pelo que se via, cada um tinha sua determinada função.
O bólido começou a zunir e a emitir uma claridade enorme do lado de fora. Dava pra ver tudo, não sei como, mas dava. Quando fui perguntar ao Etavaldo, que estava do meu lado, para onde estávamos indo ele antecipou-me...
- Chegamos, seu Lê! É aqui o planeta moribundo. Vamos ficar aqui por uns instantes para que, os que aqui ficaram, nos acompanhem e deixem este lugar condenado de vez!
- Podemos sair para ver como ele é Etevaldo – perguntou o Juliano.
- Não, Mamy, não podem. Nós mesmos só podemos andar pelo planeta com equipamentos especiais; a atmosfera está rarefeita e perigosa e, além disso, não temos equipamentos para o tamanho de vocês. Porém, poderão ver tudo daqui de dentro da esfera!
E à medida que o zumbido e o brilho diminuíam parecia que estávamos flutuando sobre o solo do planeta.
- Olhe “amoré”, a imagem é como se fosse em 3D, aliás, parece que estamos na paisagem – disse Ju ao Beijo.
- Vocês podem ver tudo que se passa lá fora, mas os de fora só veem a bola dourada – explicou o Kobauski.
As imagens que víamos eram incríveis e vou tentar explicar:
Não tinha um sol como nossa Terra e nem uma Lua. A sensação é que era um eterno final de tarde; o céu não era azul, porém super estrelado. O que mantinha aquela penumbra eram algumas partículas de ouro monoatômico que ainda existiam na estratosfera do planeta. Não havia nuvens e nem vegetação; de onde estávamos e até onde nossas vistas alcançavam e a semi escuridão permitia, víamos leitos secos de rios e Etevaldo me falou:
- Aqui era semelhante à Terra de hoje. Como veem, está parecido com o outro planeta do sistema solar da Terra, ou seja, Marte. Aqui vocês estão presenciando o estágio final de vida de um planeta!
A minha curiosidade me inquietava e perguntei:
- Etevaldo, se estivéssemos na Terra, no sítio do Nhô e olhássemos para o céu, onde estaria localizado este planeta?
- Estamos há 0,71 ano luz à direita do Sol, quando ele surge no horizonte terráqueo – respondeu-me Etevaldo.
- Mas essa distância, em astronomia terrestre é quase nada e ele poderá entrar no nosso sistema solar – falei-lhe alarmado e o Juliano complementou:
- Se isso acontecer vai ser um caos a nível galáctico, não seu Lê?
- Com certeza Juliano e vai desestabilizar todo nosso sistema solar; talvez o tão falado fim do nosso mundinho terrestre - filosofei tragicamente.
Kobauski ouviu nossa conversa e interferiu:
- Este planeta, em que estamos agora e que é duas vezes o tamanho da Terra, entrará em rota de colisão com um grande cometa em breve. Isto nós já sabíamos há séculos terrestres. O que vai acontecer depois disso é imprevisível!
Nisto outro ser da raça alienígena interrompe a conversa e dirigiu a palavra ao comandante:
- Senhor, terminamos tudo o que tínhamos que fazer aqui!
- Ok! Vamos partir em comboio imediatamente – ordenou o comandante Kobauski.
De nossa esfera, víamos incontável quantidade de esferas se incandescendo e entrando em um gigantesco portal de luz; eu imaginei:
- Em segundos estaremos na nova morada! Ledo engano; demorou mais de doze horas e da nossa nave só dava para ver cores, flash de luz e repentinas escuridões passando pela gente ou seria melhor falando, nós passando por elas.
Até que:
- Nhô, acorde que já chegamos – disse o Etevaldo ao sonolento preto velho.
- Eh!Eh!Eh! Inté pareci qui issu tudu é um sonhu, misifiu!
Houve a desaceleração de todo o sistema da esfera e Kobauski falou:
- Estamos saindo do portal para a Arret; olhem como é deslumbrante!
Era dia e, no céu mais azul do que o da Terra, tinha diversas nuvens branquíssimas e de vários tons de cinza. Um sol maior que o Sol, que conhecemos, estava à pino. No horizonte outro sol estava como o nosso Sol estaria às quinze horas, só que bem menor e com menos brilho, talvez pela distância.
- Está vendo aquele astro que está a três horas de se por no horizonte, seu Lê – perguntou Etevaldo apontando.
- Sim, meu amigo, eu já o tinha reparado, o que é que tem?
- É a Canis Majoris, é a maior estrela que conhecemos; tanto nós quanto os terráqueos. Está a muitos anos-luz de distância deste sol que está a pino e que dá vida a esta nova morada e... - Kobauski entrou na conversa e adicionou:
- Aqui não tem lua e além deste, só existe outro planeta, que não ousamos visitar, pois sua gravidade é altíssima e impossível de manter qualquer vida que conhecemos. Tudo o que entra neste sistema solar é absolvido por ele. Não nos atrai quando entramos e saímos da atmosfera de Arret por que viajamos através de túneis que existem no vácuo e que a ciência terráquea sequer conhece os princípios deste tipo de locomoção!
- Vivendo e aprendendo, não é Nhô – falei ao meu velho amigo e pensei: “Se aquele astro distante á a Canis Majoris, então, lá da Terra, poderei localizar Arret, pelo menos em teoria!”
- Tô mi sintinu um bagri fora dágua, seu Lê, eh!eh!eh!eh!
- Geeeennnteeemmm, tive uma ideia para minha fantasia para o próximo carnaval: -“ Astronauta Juju e sua expedição de ETs” –, vai ser o máximo e toda a nossa família vai participar, Beijo - deslumbrante com tudo gritava Juliano quase histérico.
- Senhores, desde que entraram nesta esfera, vocês estavam se ambientando com o clima de Arret, portanto podemos descer sem medo e sem equipamento algum – explicou Kobauski.
- Intão é prurissu qui tava mi sentinu tão bem i cum muntcho sonudisse Nhô.
Sobrevoamos florestas imensas; rios longos e largos; dois oceanos - um verde e outro azulado -; montanhas altíssimas; savanas, porém não vimos nenhuma faixa de desertos. Da espaçonave dava para ver que em determinadas regiões chovia muito. Existem apenas três continentes separados por esses dois oceanos, que não se encontravam nunca, pelo menos na superfície. O continente maior se estendia pelo planeta de polo a polo com uma largura que ocupava um quarto do total do território sólido. Na linha do equador e em cada mar estavam os outros dois continentes como se fossem duas enormes ilhas cobertas de florestas e foi na linha do equador do continente maior que a nave pairou a uns três quilômetros de altura e Etevaldo falou-nos:
- Amigos olhem para além daquelas colinas; é lá que ficam nossas aeronaves intergalácticas guardadas. Olhem como todos que nos acompanhavam no comboio já arretizaram, isto é, pousaram – e Etavaldo apontou para o sentido oposto às colinas dizendo:
- Lá está Imaginópolis a capital de Arret e é lá que fica a sede que administra nossa civilização!
Em poucos minutos a esfera pousou sobre um pedestal em uma espécie de hangar e dela saímos. Um veículo, que flutuava a uns cinquenta centímetros do chão, nos aguardava e nele entramos. Em absoluto silêncio esse veículo começou a deslizar:
- Pessoal, vamos para a minha casa; papai vai para lá depois, assim que terminar a reunião com os superiores – disse-nos Etevaldo.
Reparei que não havia rodovias, apenas caminhos e numa explicação Etevaldo nos falou:
- Não usamos transporte que mantém contato com o chão, seu Lê, por isso não tem rodovias. Os caminhos são usados pelos nativos e os animais!
Passamos por várias fazendas de um tipo de gado, de lavouras, viveiros de certos tipos de animais aquáticos e muitas manadas de java porcos e foi Etevaldo que as apontou dizendo:
- Olhem, aqueles java porcos são descendentes dos que surgiram no Vale Virtualiano do Rio do Peixe – acreditei porque foi nosso amigo quem nos contou, pois esses daqui são quase o dobro do tamanho dos da criação da Xerequéia.
- É o tipo de alimentação que eles comem, seu Lê, e, também, pelo ar que eles respiram. Este ar tem mais oxigênio e a poluição é, praticamente, zero – explicou o filho de criação do Papy e da Mamy.
Na sede da fazenda nos esperavam a família, propriamente dita, do Kobauski: o pai, a mãe e a noiva. As mulheres daquela raça diferenciavam dos machos pelos olhos puxados e foi aí que entendi a paixão do Kobauski pela chinesinha Édila Ladron, em Virtuália.
Não trocamos nenhuma palavra, porém bastava olharmos nos olhos e comunicávamos pela mente; era como se conversássemos.
- Boa tarde mãe, pai e Niokausli, minha noiva, vamos almoçar?
- Craro seu Kobausqui, nóis só tamu esperanu ôce!
- Faço minha as suas palavras Nhô – falei na expectativa de ver o que comeríamos e, não deu outra:
- Olha, Beijo, my Love, é java porco e saladas de vegetais e legumes que não conhecemos – falou Ju.
O almoço aconteceu com troca de diálogos falado e telepatizado até que Juliano dirigiu a palavra ao Kobauski:
- Meu grande amigo, eu e o Beijo precisamos voltar antes do carnaval de Virtuália, pois desta vez eu vou ganhar com a minha fantasia idealizada nesta viagem. Depois, talvez, nós voltaremos para ficar. Peço-lhe que, no retorno desta viagem, vocês me deixem com o Hibisco em Cachorreira do Sul!
- Já sei o porquê – interrompeu o Etevaldo -, e não precisa ir até lá, aliás, até podem para descarga de consciência, mas eu já tenho a resposta!
- É sobre o Cica, o homem que criou o meu Juju, Etavaldo – perguntou o Hibisco mais conhecido como Beijo.
- Também é isso Hibisco, porém olhem para aquela parede branca – interou o Etavaldo e todos olharam e viram a imagem do Cica, transvestido de mulher, sendo morto por uma matilha de Pitt-bull na zona boêmia de Cachorreira do Sul e alguns flashes de sua mãe, a Badica, uma pedinte e mendiga que era a cara do Juliano.
- Mom Dieu, este é realmente o negão Cica e aquela... aquela... é a minha mãe, Etevaldo – perguntava balbuciando o Juliano.
- É ela mesma Mamy e, veja como ela sucumbiu – falou Etevaldo.
Ao falar isso, apareceu, na parede branca, a imagem da Badica sendo massacrada pela paineira velha que caia sobre o casebre em que ela vivia, devido a um terrível temporal. O casebre era feito de madeira usada e coberto de zinco, assentado em um lote invadido na Rua Ricardo Chouriço na falida Capital Nacional do Arroz Doce Sem Canela.
Juliano chorava de soluçar nos braços de Beijo e falou:
- Esqueça Cachorreira do Sul, Etevaldo, leve seu Papy, Mamy e amigos de volta ao sítio do Nhô em Virtuália!
- Iremos amanhã à tarde, Ju. Já combinei com Kobauski para fazermos um passeio rápido por Arret antes de voltarmos, pois o Nhô e eu não podemos ficar. Agora, quanto você e ao Hibisco, vocês decidem – falei taxativo.
- Nós vamos voltar para a Terra e o Etevaldo nos buscará após o carnaval, não é Beijo – concluiu o Ju.
- Isso mesmo- respondeu o Beijo -, você concorda Etevaldo?
- Então está acertado, depois da festa carnavalesca de vocês, estarei lá para buscá-los e, tomem, levem esta lista de que nós queremos que vocês nos ajudem a trazer quando do nosso retorno na volta de vocês a Arret. São sementes que ainda não trouxemos da Terra – concluiu Etevaldo.
Ficamos ali após o almoço conversando até ao anoitecer e nunca vimos anoitecer tão magnífico. Negro total com enésimas estrelas cintilando com várias cores de brilhos e tamanhos. As chuvas de meteoritos eram incríveis e constantes. A noite passava rapidamente, talvez mais rápida do que o dia, mas Kobauski falou-nos que era só impressão, ambos tinham a mesma duração.
Ao amanhecer: primeiro surgia o sol distante deixando aquela parte do planeta numa penumbra por cerca de três horas e, três horas após, o sol maior surgia terminando com a penumbra e deixando a nova morada com uma claridade sem igual.
Ficaria séculos terrestres narrando as novidades e as belezas daquele paraíso celestial, mas alguma coisa me dizia que deveria voltar e falei:
- Nhô, precisamos voltar para nosso mundo e... peraí, meu amigo, deixe-me ver uma coisa na tua cabeça!
- U qui qui é, misifiu, num mi diga qui ôce tá venu pioiu nus meus cabelu brancu?
- Não é isso Nhô, os seus cabelos estão ficando negros de novo – exclamei.
- É mesmo, Nhô – falou Juliano -, e os seus também seu Lê. Olhe naquele metal que fica perto da porta e que parece espelho!
- Isso é assim mesmo, é a atmosfera e os raios deste sol que produz esse efeito. O organismo de vocês ganha nova vitalidade à medida que o tempo passa com vocês aqui entre a gente – explicou Etevaldo e continuou:
- Vamos para a esfera para podermos ir até o portal e pedir autorização para entrarmos no túnel de transposição!
Despedimos da família do Kobauski, prometendo voltar e passearmos pelo planeta já que de momento não seria possível e Etevaldo me falou:
- Não poderei ir com vocês; meu pai os levará de volta, mas irei buscá-los na data combinada, ok?
- Tudo certo, Etevaldo, eu e o Papy estaremos prontos – disse o Ju.
Em poucos minutos estávamos retornando à Terra e o Nhô me disse:
- Qui pena qui ieu to mai prá lá du quê prá cá, seu lê, si não ieu iria montá um sítiu pertu du di Etevardu. Ôce viu qui riberão crarinho qui disaguava naqueie outro rio malhor qui tava cheim di pexe criadu, inté tavam pulandu prá cima dágua! Seria ali u meu cafôfu!
- Se o senhor quiser é só me falar, Nhô; temos muito que aprender contigo, com sua sabedoria verdadeira e experiência de vida terráquea – disse-lhe Kobauski e prosseguiu;
- Podemos dar um jeito para que vivas muito mais do que pensas, meu amigo!
- Num careci não Kobausqui; u meu tempu di vida é o qui o Criadô mim deu na Terra. É lá qui tá todu us meus sonhu, minhas lembrança, minhas sôdade, minhas tráias, minha horta, meu pomar, meu riu, meu riberão, meus amigu e... – interrompi:
- Tem razão, meu amigo, cada um no seu espaço e tempo!
- Kobauski, se sentirmos saudades do Etevaldo, de você e seu povo e quisermos vê-los, como devemos contatá-los para visitá-los – perguntei.
- Ora , seu Lê, é só o senhor imaginar, ou melhor, dizendo, use a sua imaginação – respondeu-me o pai biológico do Etevaldo.
- Eh!Eh!Eh!Eh! Issu é qui num farta prôce, num é memo, Misifiu?
A viagem de volta parecia mais longa e o cansaço tomou conta de nossos corpos e Kobauski alertou:
- Vocês, desde que saímos de Arret, estão vivendo o mesmo clima da Terra aqui dentro da esfera. Não resistam ao sono, durmam e quando acordarem estarão no lugar de onde os buscamos na Terra!

- Lê... Lêêêê, acorde que já chegamos a Confins. O Dinho, seu irmão caçula, já está nos esperando para levar-nos à casa de sua mãe que, aliás, fará oitenta e seis anos amanhã, não é mesmo – acordava-me a Rô dentro da aeronave terrestre e falou alarmada:
- Noooossa, Lê, você vai ter pintar seus cabelos de novo, as raízes já estão todas brancas!

Um comentário:

  1. Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
    cronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
    Se quiseres contatos eis meu e-mail:
    lecinof@gmail.com

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