PARAÍSOS DISTINTOS
OU
A NOVA MORADA DO
ETEVALDO
Pantanal- MT, domingo; doze horas:
- Bah, tchê! Mal chegaram e já estão de
partida? Fiquem pelo menos mais uma semana – insistia o Amilton.
-Temos compromissos inadiáveis lá em Minas
na próxima semana, amigo. Foi muito bom este descanso com a natureza pantaneira
sem falar, é claro, no legítimo churrasco gaúcho, peixadas, feijão tropeiro e
arroz de carreteiro. Vamos programar as próximas férias e ficaremos pelo menos
dez dias aqui neste paraíso!
- Patrão, o Condor já está pronto e já
levei as bagagens dos vossos amigos!
- O piloto Pinho está impaciente porque está armando chuva lá no horizonte – alertou o Jerônimo.
- O piloto Pinho está impaciente porque está armando chuva lá no horizonte – alertou o Jerônimo.
- Vamos nessa, Rô! Até as férias de Julho
Amilton e Carmem; as portas de nossa casa estão sempre abertas para vocês lá
na Manchester Mineira, ok – falava enquanto trocávamos abraços de
despedidas.
Foi
rápido a decolagem em Cáceres e a aterrissagem no aeroporto de Várzea Grande,
na grande Cuiabá. Em menos de uma hora estávamos acomodados no confortável jato
destinado à capital mineira.
- Rô, já que você vai aproveitar para ler um
livro eu vou tentar dormir e...
...
- Cada vez que venho visitar o Juliano e o
Beijo, tenho que atravessar o CMV (Cemitério Municipal de Virtuália) –
conversava comigo mesmo -, tomara que
eles estejam em casa! Ah! Lá está o Hibisco pintando um túmulo:
- Ei Beijo, tudo bem? – gritei.
- Boa tarde, seu Lê, que prazer em revê-lo!
Já terminei esta pintura; vamos lá para casa que minha família já me espera
para tomarmos café! O Ju está no ateliê dele lá na cidade, mas daqui a pouco
ele chega dirigindo a Variant azul cobalto!
- Já sei! Com as portas cor de rosa,
não é – completei.
- Engana-se, nos a reformamos e ela está,
agora, toda azul cobalto, original – falou-me da novidade.
- Toma café com a gente enquanto espera, seu
Lê?
- Claro, seu Zé das Flores, com muito
prazer!
Em
poucos minutos Juliano chegou e eu pude ver a maravilha que ficou a Variant:
- Ei, seu Lê, que prazer em revê-lo, o que o
trouxe aqui na nossa “assombrosa” moradia?
- Vim buscar você, Beijo e o Zé das
Flores para irmos até o sítio do Nhô; temos que tratar de um assunto sério – intimei a
todos.
- Já sei do que se trata – antecipou o
Juliano -, o Nhô já conversou comigo
sobre o assunto.
- Então fica mais fácil, e o que acham?
-Iremos
só nós dois, ou seja, eu e o Beijo – falou- me já decidido o Ju.
-Tudo bem, eu estou pronto! Vamos lá
para o Nhô agora; hoje é o dia combinado e já está quase na hora – acrescentei.
- Lembra, seu Lê, o Kobauski falou para não
levarmos nada!
-
Bem lembrado, Hibisco!
-Posso
pilotar a Variant até o sítio do Nhô, Juliano – perguntei
quase implorando.
-
Claro, seu Lê, o senhor vai sentir o quanto ela está inteira!
No sítio:
-
Ei Nhô, chegamos – gritou Juliano.
-
Oi, pessoá, tudu prontu? Ieu já tava percupadu cum tempu combinadu. Já inté vi
uns crarão lá pelus ladu du pomar!
-
Posso deixar a Variant dentro do galpão Nhô, perto da carroça?
- Craro
qui podi seu Julianu!
Em alguns minutos estávamos perto das
pitangueiras e de repente iniciou a abertura do portal de luz e surgiram o
Kobauski e o Etevaldo:
-
Boa tarde gente, podemos ir – perguntou o Kobauski.
Atravessamos o portal e lá estava a
enorme bola de fogo, mas apagada, e nesse estado, ela era apenas uma esfera
parecida com aço inox, porém dourada.
Num sinal com a mão direita e num
comando de voz abriu-se uma entrada na nave, e Kobauski, virou-se para o portal
disse as três palavras estranhas e, com a mão direita apontada em direção a ela,
esta se apagou.
Estávamos num espaço entre a realidade e
o virtual ou entre o real e o sonho ou entre o concreto e o abstrato ou,
talvez, num lugar que não sabíamos explicar.
Kobauski foi à frente, depois seguimos
os passos compassados e firmes do Nhô e, por último o Etevaldo que, ao entrar
na nave, virou-se para a porta, disse duas palavras inteligíveis e a porta se
fechou, aliás, a entrada desapareceu.
A bola dourada era como a que nos levou
de Virtuália à Apiacá-Mt, porém era bem maior e, dentro, tinha vários seres da
raça do Kobauski e, pelo que se via, cada um tinha sua determinada função.
O bólido começou a zunir e a emitir uma
claridade enorme do lado de fora. Dava pra ver tudo, não sei como, mas dava.
Quando fui perguntar ao Etavaldo, que estava do meu lado, para onde estávamos indo
ele antecipou-me...
-
Chegamos, seu Lê! É aqui o planeta moribundo. Vamos ficar aqui por uns
instantes para que, os que aqui ficaram, nos acompanhem e deixem este lugar
condenado de vez!
-
Podemos sair para ver como ele é Etevaldo – perguntou o Juliano.
- Não, Mamy, não podem. Nós mesmos só
podemos andar pelo planeta com equipamentos especiais; a atmosfera está
rarefeita e perigosa e, além disso, não temos equipamentos para o tamanho de
vocês. Porém, poderão ver tudo daqui de dentro da esfera!
E à medida que o zumbido e o brilho diminuíam
parecia que estávamos flutuando sobre o solo do planeta.
- Olhe
“amoré”, a imagem é como se fosse em 3D, aliás, parece que estamos na paisagem – disse Ju
ao Beijo.
-
Vocês podem ver tudo que se passa lá fora, mas os de fora só veem a bola
dourada – explicou o Kobauski.
As imagens que víamos eram incríveis e
vou tentar explicar:
Não tinha um sol como nossa Terra e nem
uma Lua. A sensação é que era um eterno final de tarde; o céu não era azul, porém
super estrelado. O que mantinha aquela penumbra eram algumas partículas de ouro
monoatômico que ainda existiam na estratosfera do planeta. Não havia nuvens e
nem vegetação; de onde estávamos e até onde nossas vistas alcançavam e a semi
escuridão permitia, víamos leitos secos de rios e Etevaldo me falou:
-
Aqui era semelhante à Terra de hoje. Como veem, está parecido com o outro
planeta do sistema solar da Terra, ou seja, Marte. Aqui vocês estão
presenciando o estágio final de vida de um planeta!
A minha curiosidade me inquietava e
perguntei:
-
Etevaldo, se estivéssemos na Terra, no sítio do Nhô e olhássemos para o céu,
onde estaria localizado este planeta?
-
Estamos há 0,71 ano luz à direita do Sol, quando ele surge no horizonte
terráqueo – respondeu-me Etevaldo.
-
Mas essa distância, em astronomia terrestre é quase nada e ele poderá entrar no
nosso sistema solar – falei-lhe alarmado e o Juliano complementou:
-
Se isso acontecer vai ser um caos a nível galáctico, não seu Lê?
-
Com certeza Juliano e vai desestabilizar todo nosso sistema solar; talvez o tão
falado fim do nosso mundinho terrestre - filosofei tragicamente.
Kobauski ouviu nossa conversa e
interferiu:
-
Este planeta, em que estamos agora e que é duas vezes o tamanho da Terra,
entrará em rota de colisão com um grande cometa em breve. Isto nós já sabíamos
há séculos terrestres. O que vai acontecer depois disso é imprevisível!
Nisto outro ser da raça alienígena
interrompe a conversa e dirigiu a palavra ao comandante:
- Senhor,
terminamos tudo o que tínhamos que fazer aqui!
-
Ok! Vamos partir em comboio imediatamente – ordenou o comandante Kobauski.
De nossa esfera, víamos incontável
quantidade de esferas se incandescendo e entrando em um gigantesco portal de
luz; eu imaginei:
-
Em segundos estaremos na nova morada! Ledo engano; demorou mais de doze horas e
da nossa nave só dava para ver cores, flash de luz e repentinas escuridões
passando pela gente ou seria melhor falando, nós passando por elas.
Até que:
-
Nhô, acorde que já chegamos – disse o Etevaldo ao sonolento preto velho.
-
Eh!Eh!Eh! Inté pareci qui issu tudu é um sonhu, misifiu!
Houve a desaceleração de todo o sistema
da esfera e Kobauski falou:
-
Estamos saindo do portal para a Arret; olhem como é deslumbrante!
Era dia e, no céu mais azul do que o da
Terra, tinha diversas nuvens branquíssimas e de vários tons de cinza. Um sol
maior que o Sol, que conhecemos, estava à pino. No horizonte outro sol estava
como o nosso Sol estaria às quinze horas, só que bem menor e com menos brilho,
talvez pela distância.
- Está vendo aquele astro que está a três horas de se por no horizonte, seu Lê
– perguntou Etevaldo apontando.
-
Sim, meu amigo, eu já o tinha reparado, o que é que tem?
-
É a Canis Majoris, é a maior estrela que conhecemos; tanto nós quanto os
terráqueos. Está a muitos anos-luz de distância deste sol que está a pino e que
dá vida a esta nova morada e... - Kobauski entrou na conversa e adicionou:
-
Aqui não tem lua e além deste, só existe outro planeta, que não ousamos
visitar, pois sua gravidade é altíssima e impossível de manter qualquer vida
que conhecemos. Tudo o que entra neste sistema solar é absolvido por ele. Não
nos atrai quando entramos e saímos da atmosfera de Arret por que viajamos
através de túneis que existem no vácuo e que a ciência terráquea sequer conhece
os princípios deste tipo de locomoção!
-
Vivendo e aprendendo, não é Nhô – falei ao meu velho amigo e pensei: “Se aquele astro distante á a Canis
Majoris, então, lá da Terra, poderei localizar Arret, pelo menos em teoria!”
-
Tô mi sintinu um bagri fora dágua, seu Lê, eh!eh!eh!eh!
-
Geeeennnteeemmm, tive uma ideia para minha fantasia para o próximo carnaval: -“
Astronauta Juju e sua expedição de ETs” –, vai ser o máximo e toda a nossa
família vai participar, Beijo - deslumbrante com tudo gritava Juliano quase
histérico.
-
Senhores, desde que entraram nesta esfera, vocês estavam se ambientando com o
clima de Arret, portanto podemos descer sem medo e sem equipamento algum – explicou Kobauski.
-
Intão é prurissu qui tava mi sentinu tão bem i cum muntcho sonu – disse Nhô.
Sobrevoamos florestas imensas; rios
longos e largos; dois oceanos - um verde e outro azulado -; montanhas
altíssimas; savanas, porém não vimos nenhuma faixa de desertos. Da espaçonave
dava para ver que em determinadas regiões chovia muito. Existem apenas três
continentes separados por esses dois oceanos, que não se encontravam nunca,
pelo menos na superfície. O continente maior se estendia pelo planeta de polo a
polo com uma largura que ocupava um quarto do total do território sólido. Na
linha do equador e em cada mar estavam os outros dois continentes como se
fossem duas enormes ilhas cobertas de florestas e foi na linha do equador do
continente maior que a nave pairou a uns três quilômetros de altura e Etevaldo
falou-nos:
-
Amigos olhem para além daquelas colinas; é lá que ficam nossas aeronaves
intergalácticas guardadas. Olhem como todos que nos acompanhavam no comboio já
arretizaram, isto é, pousaram – e Etavaldo apontou para o sentido oposto
às colinas dizendo:
-
Lá está Imaginópolis a capital de Arret e é lá que fica a sede que administra
nossa civilização!
Em poucos minutos a esfera pousou sobre
um pedestal em uma espécie de hangar e dela saímos. Um veículo, que flutuava a
uns cinquenta centímetros do chão, nos aguardava e nele entramos. Em absoluto
silêncio esse veículo começou a deslizar:
-
Pessoal, vamos para a minha casa; papai vai para lá depois, assim que terminar
a reunião com os superiores – disse-nos Etevaldo.
Reparei que não havia rodovias, apenas
caminhos e numa explicação Etevaldo nos falou:
- Não
usamos transporte que mantém contato com o chão, seu Lê, por isso não tem
rodovias. Os caminhos são usados pelos nativos e os animais!
Passamos por várias fazendas de um tipo
de gado, de lavouras, viveiros de certos tipos de animais aquáticos e muitas
manadas de java porcos e foi Etevaldo que as apontou dizendo:
- Olhem,
aqueles java porcos são descendentes dos que surgiram no Vale Virtualiano do
Rio do Peixe – acreditei porque foi nosso amigo quem nos contou,
pois esses daqui são quase o dobro do tamanho dos da criação da Xerequéia.
-
É o tipo de alimentação que eles comem, seu Lê, e, também, pelo ar que eles
respiram. Este ar tem mais oxigênio e a poluição é, praticamente, zero – explicou
o filho de criação do Papy e da Mamy.
Na sede da fazenda nos esperavam a
família, propriamente dita, do Kobauski: o pai, a mãe e a noiva. As mulheres
daquela raça diferenciavam dos machos pelos olhos puxados e foi aí que entendi
a paixão do Kobauski pela chinesinha Édila Ladron, em Virtuália.
Não trocamos nenhuma palavra, porém
bastava olharmos nos olhos e comunicávamos pela mente; era como se conversássemos.
-
Boa tarde mãe, pai e Niokausli, minha noiva, vamos almoçar?
-
Craro seu Kobausqui, nóis só tamu esperanu ôce!
-
Faço minha as suas palavras Nhô – falei na expectativa de ver o que
comeríamos e, não deu outra:
-
Olha, Beijo, my Love, é java porco e saladas de vegetais e legumes que não
conhecemos – falou Ju.
O almoço aconteceu com troca de diálogos
falado e telepatizado até que Juliano dirigiu a palavra ao Kobauski:
-
Meu grande amigo, eu e o Beijo precisamos voltar antes do carnaval de
Virtuália, pois desta vez eu vou ganhar com a minha fantasia idealizada nesta
viagem. Depois, talvez, nós voltaremos para ficar. Peço-lhe que, no retorno desta
viagem, vocês me deixem com o Hibisco em Cachorreira do Sul!
-
Já sei o porquê – interrompeu o Etevaldo -, e não precisa ir até lá, aliás, até podem para descarga de consciência,
mas eu já tenho a resposta!
-
É sobre o Cica, o homem que criou o meu Juju, Etavaldo – perguntou
o Hibisco mais conhecido como Beijo.
-
Também é isso Hibisco, porém olhem para aquela parede branca – interou o
Etavaldo e todos olharam e viram a imagem do Cica, transvestido de mulher,
sendo morto por uma matilha de Pitt-bull na zona boêmia de Cachorreira do Sul e
alguns flashes de sua mãe, a Badica, uma pedinte e mendiga que era a cara do
Juliano.
-
Mom Dieu, este é realmente o negão Cica e aquela... aquela... é a minha mãe,
Etevaldo – perguntava balbuciando o Juliano.
-
É ela mesma Mamy e, veja como ela sucumbiu – falou Etevaldo.
Ao falar isso, apareceu, na parede
branca, a imagem da Badica sendo massacrada pela paineira velha que caia sobre
o casebre em que ela vivia, devido a um terrível temporal. O casebre era feito
de madeira usada e coberto de zinco, assentado em um lote invadido na Rua
Ricardo Chouriço na falida Capital Nacional do Arroz Doce Sem Canela.
Juliano chorava de soluçar nos braços de
Beijo e falou:
-
Esqueça Cachorreira do Sul, Etevaldo, leve seu Papy, Mamy e amigos de volta ao
sítio do Nhô em Virtuália!
-
Iremos amanhã à tarde, Ju. Já combinei com Kobauski para fazermos um passeio
rápido por Arret antes de voltarmos, pois o Nhô e eu não podemos ficar. Agora,
quanto você e ao Hibisco, vocês decidem – falei taxativo.
-
Nós vamos voltar para a Terra e o Etevaldo nos buscará após o carnaval, não é
Beijo – concluiu o Ju.
-
Isso mesmo- respondeu o Beijo -, você concorda Etevaldo?
-
Então está acertado, depois da festa carnavalesca de vocês, estarei lá para
buscá-los e, tomem, levem esta lista de que nós queremos que vocês nos ajudem a
trazer quando do nosso retorno na volta de vocês a Arret. São sementes que
ainda não trouxemos da Terra – concluiu Etevaldo.
Ficamos ali após o almoço conversando
até ao anoitecer e nunca vimos anoitecer tão magnífico. Negro total com
enésimas estrelas cintilando com várias cores de brilhos e tamanhos. As chuvas
de meteoritos eram incríveis e constantes. A noite passava rapidamente, talvez
mais rápida do que o dia, mas Kobauski falou-nos que era só impressão, ambos
tinham a mesma duração.
Ao amanhecer: primeiro surgia o sol
distante deixando aquela parte do planeta numa penumbra por cerca de três horas
e, três horas após, o sol maior surgia terminando com a penumbra e deixando a
nova morada com uma claridade sem igual.
Ficaria séculos terrestres narrando as
novidades e as belezas daquele paraíso celestial, mas alguma coisa me dizia que
deveria voltar e falei:
-
Nhô, precisamos voltar para nosso mundo e... peraí, meu amigo, deixe-me ver uma
coisa na tua cabeça!
-
U qui qui é, misifiu, num mi diga qui ôce tá venu pioiu nus meus cabelu brancu?
-
Não é isso Nhô, os seus cabelos estão ficando negros de novo – exclamei.
-
É mesmo, Nhô – falou Juliano -,
e os seus também seu Lê. Olhe naquele
metal que fica perto da porta e que parece espelho!
-
Isso é assim mesmo, é a atmosfera e os raios deste sol que produz esse efeito.
O organismo de vocês ganha nova vitalidade à medida que o tempo passa com vocês
aqui entre a gente – explicou Etevaldo e continuou:
-
Vamos para a esfera para podermos ir até o portal e pedir autorização para
entrarmos no túnel de transposição!
Despedimos da família do Kobauski,
prometendo voltar e passearmos pelo planeta já que de momento não seria
possível e Etevaldo me falou:
-
Não poderei ir com vocês; meu pai os levará de volta, mas irei buscá-los na
data combinada, ok?
-
Tudo certo, Etevaldo, eu e o Papy estaremos prontos – disse o
Ju.
Em poucos minutos estávamos retornando à
Terra e o Nhô me disse:
-
Qui pena qui ieu to mai prá lá du quê prá cá, seu lê, si não ieu iria montá um
sítiu pertu du di Etevardu. Ôce viu qui riberão crarinho qui disaguava naqueie
outro rio malhor qui tava cheim di pexe criadu, inté tavam pulandu prá cima
dágua! Seria ali u meu cafôfu!
-
Se o senhor quiser é só me falar, Nhô; temos muito que aprender contigo, com
sua sabedoria verdadeira e experiência de vida terráquea – disse-lhe
Kobauski e prosseguiu;
-
Podemos dar um jeito para que vivas muito mais do que pensas, meu amigo!
-
Num careci não Kobausqui; u meu tempu di vida é o qui o Criadô mim deu na
Terra. É lá qui tá todu us meus sonhu, minhas lembrança, minhas sôdade, minhas
tráias, minha horta, meu pomar, meu riu, meu riberão, meus amigu e... –
interrompi:
- Tem
razão, meu amigo, cada um no seu espaço e tempo!
-
Kobauski, se sentirmos saudades do Etevaldo, de você e seu povo e quisermos
vê-los, como devemos contatá-los para visitá-los – perguntei.
-
Ora , seu Lê, é só o senhor imaginar, ou melhor, dizendo, use a sua imaginação –
respondeu-me o pai biológico do Etevaldo.
-
Eh!Eh!Eh!Eh! Issu é qui num farta prôce, num é memo, Misifiu?
A viagem de volta parecia mais longa e o
cansaço tomou conta de nossos corpos e Kobauski alertou:
-
Vocês, desde que saímos de Arret, estão vivendo o mesmo clima da Terra aqui
dentro da esfera. Não resistam ao sono, durmam e quando acordarem estarão no
lugar de onde os buscamos na Terra!
-
Lê... Lêêêê, acorde que já chegamos a Confins. O Dinho, seu irmão caçula, já
está nos esperando para levar-nos à casa de sua mãe que, aliás, fará oitenta e
seis anos amanhã, não é mesmo – acordava-me a Rô dentro da aeronave
terrestre e falou alarmada:
- Noooossa,
Lê, você vai ter pintar seus cabelos de novo, as raízes já estão todas brancas!
Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
ResponderExcluircronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
Se quiseres contatos eis meu e-mail:
lecinof@gmail.com