ARRET
A NOVA MORADA
O Segredo
de
Serra Madre
- É mesmo, Nhô, todo o teu sítio parece o paraíso!
- Tamu cheganu, Misifiu! Óia só u tamanhu du rombu du ladu daquêie arbustu – falava o velho amigo, e apontava.
- Dá para uma pessoa passar, “Véi”! Mas, pelo tamanho do buraco, tudo aqui em volta deveria ter sido destruído. A não ser que...
- U quê, seu Lê?
Chegando perto constatei:
- É como eu pensei! O paredão, deste lado, é oco, Nhô! O meteorito que entrou por aqui era muito pequeno e só abriu esse buracão porque aqui é uma caverna.
- Diveras é memu, seu Lê! Inda bem qui u sinhô troxe a sua muchila di exploradô! Tem lanterna aí ou umas velas, Misifiu? Nóis vamu percisá pruque tá muntchu iscuru!
- Claro que tem lanterna e até velas, Nhô! Eu vou à frente com a lanterna! Siga-me!
Entramos na caverna que a pedra, que caiu do céu, pôs à mostra:
- Não é muito grande, talvez tenha uns oitenta e quatro metros quadrados esta caverna, “Véi”!
- Óia, seu Lê, tem um ôio dágua logu ali na frenti. Veja a muntuêra di água qui sai dêie i entra prá dibaxu das pedra!
Abaixei perto da fonte cunhei as duas mãos unidas, enchi de água e levei aos lábios:
- É muito boa, Nhô! Prove!
- É iguá a da mina qui ieu canalizei até a porta da cunzinha du sítiu, seu Lê!
- É a mesma água, Nhô! É daqui que ela sai para ir até lá!
- U qui é aquilu, Misifiu? Pareci qui tem arguem sentadu i druminu nu fundu desta gruta!
Direcionei a lanterna e algo brilhou no vulto sentado:
- Vamos chegar mais perto, Nhô!
Nhô tirou o terçado da cintura e disse:
- Vamu um du ladu du otru, seu Lê!
- Falou soldado! Fique alerta e esperto!
- Num brinca não, meu amigu! U bichu pódi pegá!
Chegando perto:
- Caramba, Nhô, isto parece uma múmia com uniforme de astronauta! Olhe, tem uma inscrição na frente do capacete que é a mesma do peitoral – disse em voz alta e empolgada.
- Se não me engano estes sinais são em mandarim; pelo menos lembra a escrita dos chineses. Este sujeito foi abandonado aqui e lacraram a caverna. Veja os braços estão presos um no outro por um mecanismo de algemas que é igual aos usados nas pernas. Vou tirar uma foto com a câmera que trago na mochila!
Tirei fotos de vários ângulos e disse ao Nhô:
- Agora vamos tirar o capacete dele soltando esta espécie de presilhas que une o capacete ao resto do uniforme e fotografar o que tem dentro!
Quando simplesmente toquei nas presilhas todo o ser, juntamente com o uniforme, virou pó, isto é, esfarelou-se.
- Seu Lê, esti chujeitchu devi ti tá aqui a muntchu zanu. Ôce notô qui a cabeça dêie era cumprida prá cima? U cocurutu da cabeça era bem malhor qui us nossus. Pareci um poco cum u pessoá du Kobausqui!
- Eu já vi figura igual a esta, mas não estou me lembrando de onde – de repente veio-me à mente de onde tinha visto:
- Ilha Pascoalim! É isso, ele parece com as estátuas da Ilha de Pascoalim. Está ilha está situada ao sul de Hy-Brasil. Este sujeito tinha a cara daquelas estátuas, Nhô! Sorte que tirei a foto antes de ele se esfarelar. Talvez o Kobauski diga alguma coisa a respeito, não é "Véi”?
- Cum certeza, Misifiu! Essi chujeitchu foi presu em frenti ao ôio dágua di propositu, seu Lê! Foi preli morrê sofrenu di sedi!
- Creio que não, Nhô, essa nascente não é tão antiga assim ela... – Nhô me interrompe:
- É divera, meu amigu, ieu mi alembru qui a bica dágua lá du sítiu apareceu um méis despois qui ieu i minha premêra muié, a Rita, casemu i formamu esti cantinhu desti ladu da Serra Madri. Si fô a mema água, tem pôcu tempu!
- E a mesma sim, Nhô! Deve ter surgido após algum abalo sísmico muito profundo e leve, pois caso contrário este sujeito teria se desmanchado bem antes. Por falar nele, vou recolher amostra do que lhe restou para os arretianos analisá-la, se for o caso.
- Óia, seu Lê, tem um buracu na paredi di granitu da caverna i ainda sai fumaça!
Direcionei o foco da lanterna e vi que a pedra que caíra do céu não tinha se aprofundado na rocha super dura:
- Nhô, pegue um pouco de água com seu chapéu, no olho d’água, e jogue nesse buraco, mas não fique na reta, ok? Deve sair um vapor quente dalí.
Dito e feito. Quando a rocha esfriou puxei com a enxadinha um meteorito muito pesado pelo tamanho.
- Eh!Eh!Eh! Pareci uma laranja, né Misifiu?
- É mesmo, Nhô, mas é muito pesado pelo tamanho. Deve pesar uns dois quilos, no mínimo.
- Mais uma coisa para mostrarmos ao Kobauski – disse ao meu velho amigo.
- Nhô, vamos sair daqui que eu ouvi um barulho estranho e...
- Ieu senti uma trimura nu chão, seu Lê! Vamu si pirulitá daqui, Misifiu!
O negro velho virou um guri de doze anos tamanho a agilidade em vazar pela entrada da gruta. Segui logo atrás e ao passarmos pela entrada, longe uns vinte metros, ouvimos um estrondo e aquela entrada foi fechada por toneladas de granito.
- Deusulivri! Iscapamu pur poco, Misifiu!
-E mesmo! Só espero que o olho d’água não tenha sido afetado!
- Vamu simbora lá prô sítiu i a genti fica sabenu, seu Lê!
- Tens razão, vamos lá – falei isso e pensei:
“- Qual será o segredo desta caverna da Serra Madre? Por que esse ser ficou confinado à esta caverna?”
Continua
em 21/09/2013:
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NHÔ
Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
ResponderExcluircronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
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