sábado, 24 de agosto de 2013

VIDA EM VIRTUÁLIA

ARRET
A NOVA MORADA
O
Retorno 
Ao 
Vale Virtualiano
Do
 Rio do Peixe

            Em alguns segundos a nave-mãe começa a desacelerar e o major informa:
         - Chegamos ao portal, Comandante!
         - Mantenha a nave funcionando, major! Só abaixe o tubo de descida. Vou descer e ajudar nossos amigos na passarem para o outro lado do portal; é questão de minutos, OK?
         - OK, Comandante!
     Depois das despedidas, o Comandante nos deixou entre as pitangueiras, no Vale Virtualiano do Rio do Peixe.
         - Ah! Como é bom pisar nesta Terra! Que saudade deste vale, deste rio, deste céu, matas... – Juju foi interrompido pelo Beijo que deu uma gemida dolorida:
         - Juju, por falar em matas, não aguento mais de tanta de dor de barriga. Vocês me desculpem, mas vou ter que procurar uma “moita”!
         - Eu vou contigo, “amoré” – disse Juju solidário ao parceiro e eu lhes  falhei:
         - Nós lhes esperaremos no sítio do Nhô, OK? Enquanto esperamos, por vocês, vou colocar a Variant e a GMC para funcionar.
         - Obrigado seu Lê! Daqui a, mais ou menos, meia hora estaremos lá – disse o Beijo.
         Numa capoeira afastada da estradinha que leva do portal ao sítio do Nhô:
         - Você estava cansado de saber que mais de uma bosda desarranja os intestinos, Beijinho! É a terceira vez, com esta, que saímos da estradinha para procurarmos uma “moita”.
         - Calma, Juju, esta será a última “moita” – respondeu o pálido e suado parceiro.
         Na varanda do sítio do Nhô:
         - Ieis já tão vinu, Misifiu! U Beju vem quaji si arrastanu! A hora qui ieli chegá aqui vô dá um chá di erva amarga pra ieli i vai ficá bão im dois palitu, eh! Eh! Eh!
Alguns minutos depois:
         - Olha nós aqui, pessoal – dizia Juliano enquanto abraçava o Nhô, depois a Xerê e por fim a Ritinha que estava sentada no seu carrinho de bebê:
         - Noooooosssssaaaaa, que garotinha linda! Nhô e Xerê... não vão me dizer que vocês tiveram uma... – o carnavalesco e delegado de Oriximbanda foi interrompido pelo Nhô:
         - Nóis vai dizê qui iela é a Ritinha, nossa bisnetinha!
         Diante da resposta do Nhô o Juliano ficou sem graça por alguns segundos e pegou a Ritinha no colo e disse:
         - Mas ela é muito linda, e tem uns olhos da cor que eu nunca vi! Olhe só Beijinho!
         - São da cor de mel, só que um pouco mais claro. São lindíssimos mesmo!
         - Ainda bem que vocês chegaram, pois já está escurecendo e armando um baita temporal – disse aos dois e, prossegui:
         - Juju, vou com vocês até Virtuália para ajudar a levar a família Flores e depois vou retornar e pernoitar no meu cafofo, aqui no sítio; vamos sair antes que comece a chuva, OK?
         - OK, seu Lê, outro dia venho conhecer o seu cantinho – convidou-se o Juliano.
         - OK, vamos! Apressem-se - respondi.
        - Ieu vô ficá ti aguardanu, seu Lê, puis tenhu um assunto prá arresolvê c'ocê!
         - OK!”Véi” pode me aguardar!
         Chegando ao Cemitério Sideral de Virtuália – o CSV -, já com a chuva caindo à cântaros:
         - Nosssa, seu Lê, com todas as luzes apagadas e com esses relâmpagos, nossa casa, nos fundos do cemitério, parece um cenário de filme de terror – falou a Papoula uma dos Flores.
         - Foi bom que tenha ficado assim às escuras, Papoula, pois afastou os curiosos - completou a Margarida.
         - Tem razão, meninas, mas tão logo acendamos as luzes o cenário mudará – falei-lhes.
          Dito e feito. Após ligarmos as dezenas de lâmpadas do casarão, o cenário era outro e, até, bonito.
         - Seu Lê, até parece que nem nos ausentamos por tanto tempo – disse alegre o Juliano.
         - É que o Jairo Edson sabia da volta de vocês, eu mantive contato com ele e, além disso, nossos amigos fizeram um mutirão em toda a área – expliquei-lhes.
         - Ótimo! Que ótimo – falou Begônia alegre por não ter que fazer uma faxina monumental.
         - O senhor não quer dormir aqui, seu Lê? Amanhã o senhor volta para o sítio – convidou seu Zé das Flores.
         - Obrigado, amigo! Mas, o Nhô e a Xerê me esperam. Tenho que ir. Voltarei breve e, boa noite!
         De volta ao sítio. Vinte horas e trinta e um minutos, na cozinha da sede do sítio:
         - U qui oce tá achanu dessi fejão-amigu, seu Lê? Num é bão despois de uma talagada da purinha?
         - Estava com saudades “Véi” e, com esse friozinho... é tudo de bom!
         - Comu tá us ostrus mundu, Misifiu? Ieu tô doidiu prá dá uma fugida puressi ispaçu a fora, eh! Eh! Eh!
         - A coisa não tá nada boa, Nhô! Tem muitas perturbações acontecendo num dos lados do universo. É bom o senhor ficar quietinho aqui neste verdadeiro paraíso terrestre!
         - Si ôce tá falanu: - Intão tá intão!
         - Nhô é bom encontrar sua família em tão ótimo estado.
         - Nóis tá muntchu bem, Misifiu. Qué vê uma coisa – disse o Nhô e gritou:
         - Xerê, minha nêga, manda a Ritinha vim aqui na cunzinha!
         Olhei para a porta da sala e vi a linda garotinha de roupinha de dormir vindo andando e sorrindo.
         - Não acredito! Caramba, ela já está andando?
         - I falanu argumas palavra, num é Ritinha? – perguntou à Ritinha o meu amigo.
         - Vovô Nhô, ‘itinha qué fezão... fezão!
         - Puxa vida, como o tempo passou rápido, Nhô!
         - U tempo di Virtuáia, da sua vida irreá i seus buracu di minhoca é confusu, num é Misifiu, eh! Eh! Eh!
         - Tem razão, Nhô – respondi bocejando e disse-lhe:
         - Vou me retirar para meu cafofo, Nhô! Boa noite! Boa noite Xerê!
         - Boa noite, seu Lê – respondeu-me lá do quarto a mulher do Nhô.
         Dei um beijo e um abraço na menininha mais linda de todos os mundos e falei ao preto velho:
         - Vou embora antes do amanhecer, Nhô! Breve voltarei OK?
         - Tá bão, seu Lê! Banoiti e inté brevi.

Continua dia 31/08/2013:
Flor
da
Bosda
  


Um comentário:

  1. Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
    cronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
    Se quiseres contatos eis meu e-mail:

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