ARRET
A NOVA MORADA
Os Dois
Meteoritos
- Comandante, enquanto o senhor e o Etevaldo continuam a conversa com o seu Lê e amigos, eu posso ir até ao laboratório de análise da nave-mãe e analisar o meteorito achado na caverna?
- Ótima ideia Tenente – respondeu Kobauski.
- Então vamos até meu cafofo que eu lhe entrego o meteorito, Tenente – disse a Rô e continuou:
- A pedra é pequena e pesa mais de dois quilos. Porém, ande devagar; teu tamanho é quase o dobro do meu, ih! Ih! Ih!
- Esta bem, dona Rô, vamos lá então – disse a Tenente sorrindo.
- Lê, eu vou com a Tenente até a nave-mãe. Tenho curiosidade de cruzar o portal e principalmente ver um “disco voador” – avisou-me a Rô.
- Dona Rô, a senhora está com o chip, agora – perguntou o Etevaldo.
- Sim, Etevaldo! Está neste anel – falou isso e mostrou a mão direita, com o anel no dedo anelar da mão direita, e continuou a falar:
- Eu nunca o tiro do dedo, pessoal! Este anel vai me acompanhar pela eternidade.
- Tchau, pessoal! Um beijo Lê, já voltamos.
- Beijo, Rô! Esperaremos vocês aqui.
Após as duas senhoras saírem prosseguimos com nossa prosa e o Kobauski perguntou ao Nhô:
- Como está a industrialização da carne de java-porco, Nhô?
- Tá muntchu boa, Kobausqui. Ieu pedi prá minha Xerê fazê umas tauba de frius, comu diz o seu Lê, prá nóis tirá gostchu cum umas purinha. Aí ocê vai porva us “Produtu Nhô”, eh! Eh! Eh!
Nisto a esposa do Nhô grita lá da porta da cozinha:
- Antônio, meu nêgo, os tira-gostos já estão prontos, venham!
- Vamu lá pessoa?
- Vamos sim, Nhô Antônio – respondeu o Kobauski.
- Óia Kobausqui, nóis ainda temu uns litrão de cerveja qui u seu Zé das Flô feis. Iela chamava Flô da Bosda. Ieu guardei arguma, linhais, uma duza. Iela estão nu frizi i vô buscá prôce porva juntu cum tira gostchu, tá bão
- Está OK, Nhô! São das cervejas produzidas com as bosdas que só sobrevivem em Terra – II?
- É... é... é sim, mai cumu u sinhô sabi? Já sei! U seu Lê contô prôce, num é memu?
- Não Nhô, ninguém me contou e não pergunte como eu sei OK?
- Tá bão, Misifiu di Arret, tá bão!
Dez minutos de degustação o Kobauski falou:
- Sensacional muito bom mesmo esses derivados de java-porco e, com essa cerveja artesanal então... muito bom mesmo!
- É mesmo pai, são produtos divinos - concluiu Etevaldo.
- É mesmo pai, são produtos divinos - concluiu Etevaldo.
- Eh! Eh! Eh! Qui bão qui ôces gostaru!
- São feitos com temperos do Nhô e seguindo as formulações da Prieta - falei-lhes.
- E a Flor da Bosda? Se vocês tivessem mais bosda, vocês produziriam mais, só para o nosso consumo – perguntou o Comandante.
- Gostaríamos muito, Kobauski, mas não temos mais nada de bosda – disse-lhe e prossegui: - inclusive os equipamentos, grande parte deles, usam para o engarrafamento de água mineral. O maquinário principal, para a produção da cerveja, está embalado e guardado.
- Vou-lhes propor uma troca, ou seja, eu levarei Produtos Nhô, daqui do sítio e lhes darei bosda congelada para produzirem essa bebida dos deuses. O que acham?
- Ieu concordu – antecipou-se o Nhô.
- OK, eu também! Mas, como conseguir bosda, Comandante, se toda a superfície de Terra II foi exterminada?
- Temos tal vegetal em Arret, senhores! Nossas andanças pelo universo são para conseguirmos materiais genéticos de seres vivos e, principalmente de vegetais. Não são só nós que fazemos isso e sim incontáveis seres inteligentes com tecnologias avançadíssimas.
- Então não era só ouro monoatômico que vocês procuram na Terra?
- Na época da antiga morada, também era, seu Lê, porém agora que em Arret este metal é abundante, nos dedicamos apenas à biodiversidade dos lugares que visitamos. Se localizarmos jazidas de tal metal, em outro planeta, só o catalogamos para, talvez, uso futuro usá-la.
- Então, Comandante, os avistamentos que alguns terráqueos dizem ter observados, em parte, tem algum fundo de verdade?
- Sim, meu amigo, inclusive, abduções são corriqueiras aqui neste planeta, principalmente com animais e vegetais. A Terra é um viveiro; um verdadeiro paraíso de biodiversidade.
- E que os humanos estão destruindo, não é Kobauski?
- Mas não vão conseguir, seu Lê, pode ficar certo disto – falou o Comandante com um semblante sério e carregado de certeza absoluta.
- Mai num foi u qui aconteceu im Terradois, Kobausqui – perguntou, oportunamente, o Nhô e não pude deixar de admirá-lo e pensei:
“-Meu velho e sábio amigo Antônio Jerônimo da Conceição, quando penso que ele está absolto ele demonstra que está pensando lá na frente dos assuntos! Este é o Nhô Benzedor do Vale Virtualiano do Rio do Peixe!”
Kobauski suspirou fundo e expirando falou:
- E é justamente pelo acontecido em Terra-II que não vamos permitir que aconteça aqui, Nhô! É preferível tirar a raça humana da face da Terra do que permitir que ela se autodestrua junto com o planeta.
- Tirar toda a humanidade da face da Terra? Como? É quase uma dezena de bilhões de almas? Estou imaginando o tamanho da espaçonave que... – o Kobauski me interrompe:
- Eu falei a raça humana, seu Lê, e não toda a humanidade. Temos em nossos laboratórios, em Arret, materiais genéticos de todos os tipos de etnia terrestre e, além disso, temos catalogados e congelados, cento e quarenta e quatro mil óvulos humanos fecundados nos quais aplicamos toda nossas tecnologias genéticas para que sejam gerados seres humanos mais perfeitos possíveis. Não é só desta Terra que temos isso, mas também, de Terra-II e do planeta para onde levaremos os remanescentes da tragédia de Terra-II.
- Engraçado é que eu pensava que seriam cento e quarenta e quatro mil terráqueos varões escolhidos para a salvação bíblica e não óvulos fertilizados – pensei alto e o Kobauski ouviu e respondeu-me:
- Seu Lê, esqueça a bíblia terrestre e, principalmente o novo testamento e espero que já saiba o porquê!
- Sei e o entendi Comandante, mas os óvulos fecundados são de que sexo?
- Proporcionalmente divididos, seu Lê - respondeu pelo pai o Etevaldo.
- Proporcionalmente divididos, seu Lê - respondeu pelo pai o Etevaldo.
A conversa seguia animada por quase duas horas e o Nhô nos alertou:
- Óia, pessoá, as minina já tão retornanu du Portá das Pitanguêra!
De onde eu estava dava para ver a alegria escancarada no rosto da Rô que me disse, ao se aproximar:
- Lê, se eu soubesse que a vida em Virtuália é assim, e que é por aqui que eu poderia conhecer o universo, eu já teria vindo para cá desde que ouvi você falar em Vale Virtualiano do Rio do Peixe pela primeira vez!
- Tudo tem a sua hora certa de acontecer, Pitéu!
- E então, Tenente, tens o resultado da análise – perguntou o Kobauski.
- Sim Comandante! Este meteorito é composto de sessenta por cento de KBKI; dez por cento de Irídio; cinco por cento de Ósmio; cinco por cento de Platina, ainda não deu para entender, mas ele tem micro-diamantes incrustados e moléculas de água contaminada no seu interior.
- KBKI, este é um dos metais mais raros de todo o universo. Não é fragmento da antiga morada, pois lá tal elemento não era encontrado em a natureza daquele planeta – acrescentou o Etevaldo.
- Não seria fragmento desprendido do Cinturão existente entre a órbita de Marte e Júpiter – perguntei presunçosamente.
- Talvez seu Lê, mas seria raríssimo alguma coisa sair desse cinturão a não ser atraído por Júpiter ou até mesmo por Marte. Podemos levá-lo conosco, seu Lê? Será de grande utilidade em Arret - pergutou o Comandante.
- Claro, Kobauski, eu o estava guardando para o senhor. E o que caiu no Parque de Exposições lá em Virtuália?
- Vamos lá hoje durante a madrugada numa nave pequena e camuflada. Usaremos um aparelho que o detectará e, se for o caso, tirá-lo de dentro da cratera. Se caíram na mesma noite, com certeza, vieram da mesma região do espaço. E se tiver os mesmos elementos, do que me destes, será de infinita valia para os arretianos.
- Hoje a noite vai ser "sem" Lua, Kobauski, e será propício para tirá-lo de lá sem levantarmos quaisquer suspeitas, além disso, irá chover – disse ao Comandante e o Nhô endossou:
- Vai chuvê i é muntchu! Oiem lá prôs ladu dos morros "Peitchu de Moça” comu tá cheiu di nuvi iscura. É chuva das boa qui já evém, eh! Eh! Eh!
- Seu Lê, vamos lá para a nave-mãe-mestre que vou lhe mostrar a espaçonave que vou deixar contigo e a Dona Rô. Ela ficará do outro lado do portal e é só a partir de lá que ela vai navegar OK? Com ela vocês poderão navegar daquele lado do portal. É fácil operá-la, talvez, mais fácil do que a GMC ou o 147. Ela usa como combustível, a energia que ela capta da matéria escura que é abundante em todo o Universo. Ela é guiada pela força do pensamento lógico, que é universal. Não adianta pensar em coisas absurdas e impossíveis, seu Lê, pois ela só obedecerá à lógica. Além disso, já sabe: - precisou é só nos conectar. Vou deixar o major Karpinsky com vocês para treiná-los a viajarem, de princípio, neste sistema solar e, depois, pela Via Lacta e etc...
- Após verificar o tipo de meteorito do Parque de Exposições teremos que retornar para Arret a fim de levar este precioso KBKI para nossos laboratórios e, se o que retirarmos do chão do parque for, também, KBKI e na mesma proporção de quantidade, teremos desse metal estocado pra um tempo extenso.
- E por falar em “estocado”, te pergunto Nhô: - O que o senhor nos pode arrumar dos Produtos Nhô para cambiarmos por bosda congelada?
- Óia, Kobausqui, vamu fazê u siguinti: - inquantu oceis vão vê u metoritu du parqui ieu separu u qui tá prontu nu nossu istoqui, tá bão?
- Seu Lê, já que vamos na nave camuflada, podemos ir agora. Aliás, não vou lhe mostrar agora a nave que trouxemos para vocês; depois o major Karspinski lhes mostrará e vai lhes ensinar os pormenores, OK? Seu Lê, o senhor irá pilotando esta nave , OK?
- OK! OK! Comandante – antecipou a Rô bem antes de eu pedir para ela me esperar no cafofo ou lá com a Xerê.
- Peraí, peraí...peraê, Piteú eu... – ela me interrompe:
Continua em 26/10/2013 em:
Elemento
KBKI
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