sábado, 29 de junho de 2013

VIDA EM VIRTUÁLIA - YAH - VEH

ARRET
A NOVA MORADA

Yah e Veh  Ou
Yah - Veh
            - Major, assim que aproximarmos de Terra – II use o camuflador! Vamos descer em Big-Brasil sem que esta nave-mãe seja vista. As outras naves, com os pelotões de segurança, devem ficar em órbita até minha segunda ordem, OK?
            - OK, Comandante! Vou repassar a todos esta decisão!
            - Já que não quer que sejamos vistos, Comandante, poderíamos pousar na fazenda dos Flores – dei minha opinião e continuei:
            - Talvez o Juliano nos dê alguma informação da situação de Terra II durante nossa ausência.
            - Ótima ideia, seu Lê!  Major Klausky, vamos para a fazenda dos Flores – ordenou Kobauski.
            - OK! Já estamos pairando às margens do pequeno rio perto da sede da fazenda, senhor!
            - Mantenha a nave camuflada major!
            - Sim, Comandante!
            - Seu Lê, vamos nós dois à casa dos Flores. Etevaldo tente captar qualquer sinal de comunicação dos QG de Virtópolis, OK?
            - Sim, pai; já estou fazendo isto!

            Na fazenda do Zé das Flores:
            - Kobauski! Seu Lê, que bom que está recuperado! Há quanto tempo não temos notícias de vocês – disse Beijo que estava todo maltrapilho e saindo de uma espécie de esconderijo.
            - Eu estou me sentindo outra pessoa, Beijo; parece que nasci de novo. Mas, onde estão Juliano, seu pai e suas irmãs?
            - Estão cativos em Virtópolis. Eu não fui preso porque estava na lavoura de legumes e vi quando levaram todos. Escondi - me numa gruta e só saí quando vi o senhor e o Kobauski. Estou escondido há vários dias.
            - O que houve com sua família, Hibisco – perguntou o Kobauski.
            - Numa noite dessas passadas, na hora do jantar, estávamos conversando e planejando nossa volta para Virtuália e Yah e Veh ouviram nossas conversas através da “caixa da aliança” que sempre fica ligada. Não sabíamos que ela podia ser ativada, à distância, no “viva – voz” lá pelo QG de Virtópolis. No dia seguinte o HZZY veio aqui com um pelotão de soldados reptilianos e os levaram.
            - Pelotão de soldados reptilianos – perguntei.
            - Isso mesmo, Seu Lê. A segurança de Virtópolis é feita pelo exército de reptilianos comandado pelo HZZY. Eles destruíram todos os ciborgues e usam de violência extrema e... – Beijo foi interrompido por Kobauski:
            - Seu Lê, tenho certeza que não foi Kolina quem tomou frente nisso. Ela deve ser prisioneira de alguma conspiração. Vamos para a nave mãe e subir à órbita de Terra II. Levaremos o Hibisco conosco!
            Dito e feito. Em trinta e um segundos estávamos na órbita do planeta e Kobauski fez uma reunião através de uma teleconferência holográfica 3D e decidiu, após ver através de mini-câmeras espiãs, enviadas com antecedência, que Terra II estava sobre o domínio de terror de Yah, Veh, HZZY e Saile. Saile é o sacerdote maior da religião criada usando Yah e Veh como divindades vivas, poderosas e ameaçadoras.
            - Vamos ter que usar da força para colocar ordem neste planeta. Primeiro vamos até onde está o Juliano e a família Flores – vamos numa nave mediana camuflada -, e resgatá-los.  Depois vamos colocar trinta e um pelotões de soldados em mininaves de combate, camufladas, em cada ponto estratégico do planeta. Irei eu e Seu Lê diretamente no QG de Virtópolis em uma mini nave comum como quem não sabe de nada, porém, antes de lá chegarmos, toda a capital de Big-Brasil e o QG estarão cercados e monitorados por naves de combate camufladas. Pelo que pude observar o casal de cientistas não fez com que as tecnologias de Arret fossem aplicadas em Terra II. Portanto, vai ser fácil dominá-los usando o fator  surpresa! Agiremos em trinta e um minutos! Vamos nos preparar!

            Trinta e um minutos depois, já com Juliano e todos os Flores em segurança numa nave mãe na órbita de Terra – II:
            - Vamos pousar no pátio em frente à entrada do QG, major!
            - Já estamos descendo, senhor – respondeu o major.
            Tão logo a mini nave pairou, a trinta e um centímetros do chão, e descemos, ali estavam Yah, Veh, e uma tropa de seguranças reptilianos. Yah disse ao Kobauski, apontando-lhe um aparelho imobilizador:
            - O senhor é nosso prisioneiro! Não resista! Este planeta agora está sob nosso domínio!
            Eu fiquei quieto e observando a reação de Kobauski que levantou os braços com as mãos espalmadas e em cada dedo anelar de ambas as mãos um anel de guerra, perguntou:
            - É isto mesmo, cientistas seniores? Vocês se julgam deuses perante esses terreanos?
            - Pense como quiser meu caro, nós aqui somos realmente deuses. Não pretendemos retornar para Arret. Decidimos ficar por aqui e termos nosso próprio planeta e milhares de terreanos e reptilianos sobre nossos domínios – disse soberbamente o jovem cientista arretiano.
            Kobauski que continuava com os braços levantados bateu com uma mão na outra, como quem bate palmas, saíram da camuflagem uma legião de mini naves de guerra:
            - Senhores, baixem suas armas imobilizadoras e de destruição!  Imediatamente – gritou o Comandante com muita irritação na voz.
            Yah, Veh, e seus soldados não esboçaram reação nenhuma e abaixaram a cabeça em sinal de rendição.
            O sinal dado por Kobauski não foi só para as naves que o estavam guarnecendo, mas sim para todas as que estavam em Virtópolis, tanto as em solo como as no espaço aéreo. No restante do planeta continuavam de plantidão e camufladas.

            No QG de Virtópolis:
           - Yah e Veh quero que me digam onde está a doutora Kolina. Sabemos que vocês inutilizaram o chip de identificação e monitoramento dela, aquele  que é colocado em cada arretiano que nasce. Vocês sabem que posso usar métodos nada apreciáveis para obter essa informação. Portanto eu aconselho...
            - Eu falo Kobauski – disse Veh.
            - Pode falar, estamos ouvindo!
            - Ela é prisioneira do sacerdote- supremo Saile e HZZY na nave mediana,  aquela deixada por você aqui  neste planeta à serviços de Veh. Eles estão trazendo todos os sacerdotes e sacerdotes-mestres de todas as aldeias do planeta para um conferência que se dará depois de amanhã na parte da manhã. Já chegaram a maioria deles trazida em duas viagem pelo Saile e HZZY; esses sacerdotes estão acampados na cidade de Analogic, fronteirça de Virtópolis. O restante deve chegar amanhã à noite e se hospedará em Virtópolis – disse Veh passando toda a informação.
            - Yah e Veh, vocês traíram  a confiança que depositei em vocês e... – Kobauski foi interrompido.
            - Comandante, com licença, posso lhe falar em particular – falou Etevaldo com o semblante misterioso chamando seu pai para um reservado e Kobauski me chamou para participar.
            - A nave que está com Saile e HZZY foi localizada no oriente médio e está se preparando para vir para Virtópolis, mas ... mas ...
            - Fale logo filho! “Mas” o quê?
            - O corpo de Kolina foi achado por um pelotão nosso em restos de ritual religioso. Ela estava pregada, em dois esteios de madeira de lei cruzados, pelos tornozelos, pelos pulsos, sem as vísceras, olhos, mãos e pés. Em cima estava uma placa, que traduzida, queria dizer: Morte aos demônios!
            - Até demônios foram criados por essa religião, meu filho! Não podemos permitir que esses sacerdotes continuem a espalhar o medo e o terror, Etevaldo.
            - O que faremos, pai?
            - Amanhã à noite vão estar nas únicas cidades de Big-Brasil  – Virtópolis e Analogic -,   para a conferência na manhã do dia seguinte. Vamos retirar os poucos terreanos que estão por aqui e, que não estão envolvidos com essa religião e exterminar estas duas cidades. Hoje e amanhã vamos retirar   reptilianos dos subterrâneos das grutas e levá-los para o grande salão de pedra naquela caverna ao sul do oriente médio. Depois que acabarmos com estas duas cidades vamos levá-los àquele planeta que descobrimos e que tem tudo para os reptilianos viverem bem.
            - Vamos leva o HZZY, comandante – perguntei.
            - Não, seu Lê! Ele vai ficar aqui com os sacerdotes! Terá o mesmo castigo.
            - Filho, comece agora as buscas pelos reptilianos e as retiradas dos terreanos destas duas cidades. OK?
            - OK, Comandante! Amanhã até meio dia as cidades estarão à sua disposição.
            - Outra coisa, filho, mantenha Yah e Veh trancados à ferros e separadamente. Serão julgados quando retornaremos a Arret. Todos os terreanos e os soldados reptilianos deverão passar pelo desmemorizados antes que os sacerdotes cheguem em Virtópolis. Nossas naves devem voltar ao sistema de camuflagem. Quando eles chegarem à noite vão encontrar tudo como se não tivesse acontecido nada. Nós vamos para a estratosfera e aguardar a hora para  livrarmos Terra II desse terror.

          Tudo aconteceu como planejado. Todos os reptilianos foram levado das profundezas para a grande caverna. O terreanos que estavam em Virtópolis e na pequena Analogic foram levados às aldeias de onde foram subtraídos, após passarem pelo desmemorizador.
            Toda a esquadra de Kobauski estavam na estratosfera e exatamente aos trinta e um minutos do novo dia o comandante autorizou o uso de um artefato que em segundos fez com que as duas cidades de  Big-Brasil fossem riscadas da paisagem.
            Ao amanhecer daquele dia e sobrevoando o local onde estava a ilha:
            - A ilha Big-Brasil está coberta por uma lâmina de  água do oceano, Kobauski falei-lhe.
            - Isto já era previsto seu Lê mas, em alguns anos, terrestres, ela voltará à tona. Surgirá e voltará a submergir de tempos em tempos até se firmar, novamente, na superfície. Isto só vai acontecer daqui há  uns mil anos terrestres – explicou o Kobauski.
            - Major Klausky vamos entrar com nossa nave e as outras duas, com os  reptilianos, no wormhope que nos levará para a constelação de Fornalha; deixaremos esses seres no planeta que descobrimos naquela constelação. O restante da esquadra entrará no wormhope  que o levará para Arret. Daqui há três hora e trinta e um minutos terrestres nos encontraremos em nosso planeta!
            - OK Comandante!

            Após entrarmos no wormhope , no refeitório da nave-mãe nave-mãe, falei ao Kobauski:
            - É a primeira vez que faço refeição numa nave viajando nesse sistema arretiano – falei ao meu amigo de Arret.
            - As viagens intergalácticas, feita neste sistema, são rápidas, seu Lê mas, hoje vai demorar pouco mais que trinta e um minutos e dará para relaxarmos  – disse-me o Comandante.
                    - Onde fica a Constelação de Fornalha, Kobauski - perguntei-lhe.
                     - Fica próximo à Órion; está localizada no HUDF que traduzindo do inglês quer dizer: "Campo Ultra Profundo Hubble".
            - O que farás com os cinco reptilianos que vieram conosco de Arret? Eles são muito mais evoluídos do que os que viviam nos subterrâneos!
            - São dois casais mais a HZZX, certo? Colocarei um casal no norte e o outro no sul do novo planeta. HZZX ficará com cento e oitenta e quatro reptilianos no equador. Os mais fortes sobreviverão. É assim que se começa a população em um planeta que é desabitado, seu Lê!
            - Poderia me dizer se na Terra foi assim – perguntei-lhe
            - Sim, com certeza!
            - Pretendes voltar algum dia em Terra II, Comandante?
            - Sim  seu Lê, daqui a uns três mil anos terrestres e espero encontrá-la livre de qualquer vestígio daquela doutrina adotada por Saile e apoiada por HZZY. Mas, outras doutrinas surgirão Veremos quando retornarmos à Terra-II – respondeu-me o arretiano.
            - “Veremos”... você disse? Estarei junto depois de três mil anos?
            - Com certeza, meu amigo. Não vou te dizer agora mas, estará eternamente conosco. Ver-nos-emos sempre já que estarás vivendo em Virtuália!
            - Vivendo em Virtuália? Eu não estou entendendo Kobauski! Eu... – nossa conversa foi interrompida:
            - Chegamos ao sistema planetário da estrela Yphis na  constelação de Fornalha, Comandante!
            - OK Klausky, vamos descer primeiro os que vão ficar no norte, depois no equador e por último os do sul!
            - Certo senhor!
            - Podemos descer sem preocupação, seu Lê. A atmosfera já foi estudada e é tão propícia aos nossos organismos quanto à de Arret. Lembre-se que não podemos levar sequer uma sementinha deste bio sistema, certo?
            - Já sei disso, amigo! Só o fato de estar nessas viagens e conhecendo esse universo para mim basta! É como se fosse um sonho!
            - Não podemos demorar por aqui. É só desembarcar os que ficam e voltarmos para Arret, OK Major?
            - OK Kobauski!
           
            Após deixarmos todos os reptilianos em seu novo planeta um súbito sono apossou-se de mim, talvez ocasionado pela atmosfera do planeta. Fui para meus aposentos na nave-mãe e dormi por alguns minutos  até que:
            - Seu Lê, o comandante te espera na sala de comando – disse-me um oficial.
            Na sala de comando:
            - Seu Lê, não fomos para Arret! Voltamos para Terra II. Com a destruição da superfície, daquelas duas cidades  de Big-Brasil, aflorou uma inigualável mina de ouro monoatômico que estava sob uma jazida de minério de chumbo. Vamos colher amostras e levar para uma detalhada análise em Arret. Talvez tenhamos que vir bem antes dos três mil anos até aqui.
            - Você falou:..."até aqui...", então já estamos em Terra II?
            - Sim! Olhe pelo visor, Big-Brasil já está firme na superfície e já tem gente habitando por aqui.
            - Mas, Comandante, só se passaram doze horas desde que daqui saímos – ponderei.
           - Não se esqueça que fomos e voltamos por um Whormhope – respondeu-me Kobauski.
            - É... tens razão; eu esqueci deste detalhe!
         - Somente eu, o comandante e um cientista desceram na ilha perto da jazida descoberta pelos aparelhos da nave-mãe:
            - Peguei apenas trezentos e dez gramas para análise, Comandante; isto bastará!
            - OK tenente Fuisky! Então podemos ir. Vamos analisar esta amostra em Arret. Já estamos há muito tempo longe de nosso planeta e ... – interrompi o Kobauski:
            - Olhe Comandante! Tem terrianos vindo em nossa direção. Veja como trajam roupas sofisticadas! Parece gente que saiu de filmes antigos de personagens da bíblia terrestre!
            Ao se aproximar os terreanos falavam:
            - Saile! Saile! Saile!
            Kobauski imobilizou à todos, menos o que parecia ser o chefe daquelas treze pessoas e pediu:
            - Tenente e Lê, levem esse senhor para a nave. Vou desmemorizar o restante e desacordá-los!
            Na sala de comando da nave o terreano prostou-se no chão e falou:
            - Saile! Saile, você voltou como prometeu! Saile e o perverso HZZY , quando foram embora numa carruagem celestial de fogo no dia  em que choveu fogo e enxofre na ilha, prometeu voltar e voltou. Ó terrível HZZY não nos faça mal!
            Kobauski nada falou apenas mostrou ao terreano o aparelho desmemoriador, acionou e o flash fez o ancião perder os sentidos.
            - Vamos devolvê-lo à ilha e voltar para Arret, seu Lê!
            Não teci nenhum comentário, apenas balancei a cabeça afirmativamente e o segui em companhia do tenente.
            Em Arret, à sombra de uma caramboleira cujos frutos eram, quando maduros, vermelhos cor de sangue, eu e o Etevaldo conversávamos:
            - Pois é seu Lê, HZZY e Saile saíram de Terra II antes das duas explosões e não foi em uma nave arretiana. Foi em uma nave com propulsão à combustível nuclear. Essas naves eram usadas pelos reptilianos que expulsamos lá do sertão de Virtuália. Lembras?
            - Sim, eu me lembro! Será que eles também estavam em Terra II?
            - É bem possível, seu Lê! Eu e meu pai tínhamos a suposição de que os reptilianos dominam a tecnologia de viajar em wormhope.  Hoje já não temos mais dúvidas. Meu pai e eu  vamos  fazer um estudo para localizarmos os dois por esse universo à fora. Afinal, foram eles que executaram a doutora Kolina naquele ritual macabro.       
               - Se eu puder ajudar é só me contatar, ok?
            - OK seu Lê! O senhor está pronto para ir para o sítio do Nhô amanhã cedo?
            - Sim, meu amigo! Estou com muita saudade daquele pessoal de Virtuália.
            - Daqui a pouco papai vai chamar-nos para o jantar de despedidas, aliás,  ele já deu um toque no meu comunicador portátil! Vamos lá?
            - Vamos sim Etevaldo, mas é cedo para jantar, não é?
            -  Antes vamos ter uma reunião para o julgamento de Yah e Veh, seu Lê!
            - Esse julgamento eu não posso perder de jeito nenhum. Qual poderá ser a pena a ser aplicada a ele – perguntei a Etevaldo.
            - Vão, com certeza, ser desmemorizados e  nos seus chips de identificação acrecentado , em cada um, o código que os itentificarão como nocivos aos de sua raça. Viverão a servir em alguma mina de ouro monoatômico de um planeta qualquer deste universo onde tenhamos minas desse metal.
            - Os gananciosos já tinham tudo no auto escalão de Arret mas, a cobiça é um mal universal, seu Lê.
            - Sabias palavras, meu amigo!
            - Vamos então, seu Lê?
            - OK!

            Na manhã seguinte às seis horas da manhã, entre duas pitangueiras, um flash e um portal se abre:
            - Até a próxima Kobauski!
            - Até logo, seu Lê! Não de esqueça de que se precisar é só me contatar, OK?
            - OK, meu amigo!

            Saí do portal e ele se fechou.
            Respirei fundo e falei:
            - Como é bom aspirar o ar puro aqui do Vale Virtualiano do Rio do Peixe. Vou viver aqui para toda a eternidade desta vida irreal. Meus pensamentos foram interrompidos por  dois longos relinchos:
            - Bom dia Bittencourt! Você continua gordo, pangaré! – passei a mão no pelo viscoso do cavalo do Nhô e comecei a rir de mim mesmo e falei:
            - Ah! Ah! Ah! O que diria meus amigos me vendo dar “bom dia à cavalo”?
            - Ei seu Lê, mai u qui ocê tá fazenu tão cedu aqui nessi meu mundim?
            - Bom dia Nhô, meu velho amigo! Eu agora vou ficar um bom tempo por aqui, ou pelo menos, até ter uma certeza.
            - É deveras, Misifiu? Si ocê vai demorá pur aqui nóis vai fazê um cantim confortávi procê, Misifiu!
            - Eu já pensei nisso, Nhô! Vou chamar nossos amigos e fazer um mutirão. Em dois finais de semana trabalhando aos sábados a gente constrói, OK?
            - Intão tá intão, Misifiu! Mai vamu si aprocheganu i tomá café mai ieu, acabei di cuá. Tem bolu di mandioca, pão, mantêga, mamão i sucu di manga ispada qui ieu sei qui ocê gostcha!
            - Vamos lá então “Véi”!
            Respirei profundamente vendo aquele céu azul e a beleza de Serra Madre e pensei:
            - Ah! Estou no meu paraíso!

Continua em 06/07/2013:
CAFOFO “CHIQUE”
         

sábado, 22 de junho de 2013

VIDA EM VIRTUÁLIA: O COÁGULO

ARRET
A NOVA MORADA


O coágulo

    Após me acomodar na cabine de comando da nave-mãe, em questão de segundos, adentramos naquele “wormhole”!
            Dentro desta cabine  estavam o Etevaldo, Kolina, Klausky e o HZZY. Etevaldo veio  me cumprimentar e disse:
            - Como você já sabe meu amigo, num piscar de olhos estaremos em Terra II!
            E por falar em “piscar de olhos”, HZZY não piscava de tão atento a tudo, aliás, eu acho que ele não piscava era nunca.
            Ouvi o zumbido da desaceleração e o Kobauski pediu ao piloto:
            - Entramos no sistema de Greise, vamos dar uma volta de trezentos e sessenta graus ao redor da estrela. Vamos ver como está a superfície, mas mantendo esta distância segura, OK?
            - OK! Comandante – respondeu o major. 
            A uma velocidade estonteante a nave-mãe contornou o astro e Etevaldo falou:
            - Olhe pai, aquela região que aparece sem brilho do magma greiselar!
            - Estou vendo e o CPD já estudou rapidamente. Foi onde o grande meteoro foi absorvido. Ele, talvez, ainda não foi todo tragado e incorporado pela estrela.
            - Temos que monitorá-lo, não é pai?
            - Fica por sua conta essa tarefa, meu filho!
            - OK! Comandante - respondeu Etevaldo.
            - Major, vamos para o oriente médio de Terra II! Como não conseguimos mais contatar com Yah e Veh, mesmo depois de cessadas as perturbações de Greise, faremos uma surpresa. Vamos descer no Vale da Lua, onde tem poucas habitações. Acamparemos lá, a princípio! Sairei eu, seu Lê, Etevaldo e Kolina. HZZY, você ficará nesta nave-mãe até minha segunda ordem, OK?
            O reptiliano não gostou nada da ordem de Kobauski e percebi que ele iria aprontar alguma naquela expedição arretiana.
            - Vamos na nave de reconhecimento, com a camuflagem ativada, para a maior mina de ouro monoatômico que existe neste planeta e verificar como anda a exploração pelos terreanos.
            - Comandante, um momento! Veja isto! – Apontou Kolina que monitorava a parte externa da nave-mãe antes de descermos, através de uma bola espiã teleguiada e cujo tamanho regula com o de uma bola de golfe terrestre.
            - Dê um “zoom” nisso Kolina – ordenou do comandante.
            A aproximação do foco da câmera deu para ver o que ocorria. Um novo humano, trajando uma túnica de linho marrom, escondido atrás de uma rocha, observava tudo e escrevia afoitamente numa espécie de papel rudimentar o que via.
            - Kolina, pocisione a bola espiã às costas dele e foque no que ele escreve!
            - OK! Aí está, Kobauski- respondeu-lhe a doutora.
            Com o "zoom"  deu para ver o que aquele senhor escrevia e Kolina falou:
            - Vou passar a imagem da escrita para o tradutor de nosso sistema de telemática. Por favor, Comandante, leia na tela central da sala de comando!
            - OK! OK! Seu Lê, leia também, por favor – disse o Kobauski.
            E Lemos:
            “E aconteceu no trigésimo primeiro ano, no terceiro mês, no dia trinta e um  do mês, que estando eu, Leiuqeze,  no meio dos cativos junto a um rio de água limpa, se abriram os céus, e eu vi visões de Deus. Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, e uma grande nuvem, com um brilho dourado ao redor dela, e no meio uma coisa da cor de Greise. Ao pousar, uma porta se abriu dessa bola e vi lá dentro quatro animais e um tinha a aparência de um homem e...”- interrompi a leitura e disse ao Kobauski:
            - Incrível isso minha gente! É quase  exatamente os primeiros versículos do livro de Ezequiel – da Bíblia terrestre -, quando ele teve a primeira visão dos querubins!
            - Mera coincidência, meu amigo – respondeu Kobauski sabendo que eu não “engoliria” tantas coincidências.
            - Vamos até onde está esse senhor! – disse o Comandante.
            A pequena nave camuflada pairou a trinta e um centímetros do solo, em frente do nativo sem que ele visse e começamos a sair dela e pisar em terra. Para o observador terreano era como se estivéssemos saindo do nada, ou seja, surgidos em pleno ar. O pobre homem parou com as anotações e  se prostrou no chão gritando:
            - Aláoh! Aláoh! Aláoh!
            - É Kobauski, tens razão, viramos divindade – falei.
            Kobauski tirou do cinto o desmemorizador e, com gestos, pediu ao terreano que olhasse para o que ele tinha na mão. Ao olhar fixo, o Comandante disparou um enorme flash e o nativo caiu desmaiado.
            - Etevaldo, leve esse sujeito para a mini-nave e, antes que ele acorde, vamos deixá-lo longe daqui. Kolina, você pegue o que ele escreveu e levemos junto para análise, OK?
            - OK querid..., digo, Comandante!
            Após deixar o novo humano perto de sua aldeia verdadeira fomos para Virtópolis em Big-Brasil e Kobauski falou:
            - Como não conseguimos mais contatos com Yah e Veh, mesmo depois de cessadas quase todas as perturbações de Greise, faremos uma surpresa aos dois cientistas, OK?
            - OK pai! Estamos contigo - disse o Etevaldo.

            Em poucos minutos descemos no parque dos laboratórios ao norte da cidade.
            - Vamos direto até ao QG do comando de Terra II que fica logo ali na frente – disse Kobauski.
            De repente fomos cercados por vários ciborgues e todos com armas paralisantes nas mãos. Kobauski acionou, em seu cinto, o dispositivo que os imobilizaria e não obteve excito e falou:
            - Modificaram os chips desses ciborgues. Só pode ter sido os cientistas arretianos!
            Terminando de falar isso eis que surge Yah e paralisa os ciborgues dizendo:
            - Salve Comandante! Pelo visto recebestes nossas mensagens, pois foi só agorinha que conseguimos contato com uma nave-mãe de Arret.
            - Você está ótimo Yah! Por que modificastes os chips dessas máquinas?
            - Foi preciso, pois as partículas geomagnéticas lançados pela Greise interferiram nas suas configurações e eles estavam descontrolados. Agora isto já está sanado. Por isso  tivemos que modificar os circuitos dos chips.
            - Está certo! E a Veh, como está – perguntou Kolina.
            - Ela está ótima! Ela foi até às terras do sul do outro continente para resolver uma questão entre duas grandes tribos. Deverá voltar ainda hoje!
            - Mas meu caro cientista sênior Yah, não lhe ficou claro que não queria a intervenção de vocês na vida dos terreanos?
            - Sei disso, porém os chefes de aldeias, aqueles nos quais implantamos os chips do conhecimento, não conseguiam controlar a massa populacional.
            - Já sei qual meio de controlá-la foi esse Yah: o medo! Não é isso?
            - Sim Comandante! Tivemos que aparecer para “os fora de controle” e demonstrar nosso poder bélico de destruição. Após essa demonstração, onde quer que haja desobediência aos terreanos chipados, eu e Veh aparecíamos do nada usando nossa nave camuflada e destruímos os bens materiais dos “fora de controle”. Como saíamos das naves camufladas, aos olhos deles, saíamos do nada e isso os faziam voltar a obedecerem e renderem reverências, a mim e a Veh. É incrível como apenas em citar as palavras YAH-VEH, pelos chipados, para a massa de terreanos revoltados, ela se acalmava instantaneamente. Criamos dez leis básicas para a população, na qual, a principal é a de “nos amar e obedecer acima de qualquer coisa”. As demais são para forçar a manter a ordem entre eles!
            - Vocês continuam a usar desses artifícios - perguntei.
            - Não! Todos obedecem aos humanos chipados aos quais  os têm como reis.  As tribos espalhadas pelos vários continentes, as quais designaram um nativo humano chipado, têm como a um rei e, de cada tribo, o mais inteligente buscamos e instruímos para que espalhassem uma doutrina de cultuar uma suposta divindade que se contrariada, usará o poder de destruição. Ou seja, quem não estava a favor de Yah e Veh estava contra... – Kobauski interrompe a explicação:
            - Fizeste tudo exatamente com não queríamos, cientista sênior! Localize Veh e peça que venha até minha presença, junto contigo, imediatamente!
            Kobauski automaticamente pediu ao esquadrão de segurança, que o acompanha desde Arret, que trocasse todos os chips dos ciborgues. Trinta e um minutos depois de receber a ordem de Kobauski, Veh retorna à Virtópolis em uma nave mediana com os dez ciborgues, que ela levou àquela missão e destes, também, foram substituídos os chips.
            Kobauski ordenou:
            - Yah e Veh, vocês ficarão confinados nas dependências do QG até nosso retorno para Arret. A partir de agora assumo o comando da missão de Terra II.
            O casal de cientistas, muito a contra gosto, só teve que acatar àquela ordem.
            Eu nada falava e sequer me queixei ao comandante e à doutora Kolina das terríveis dores de cabeça e no pescoço que estava tendo desde que atropelei aquela capivara.
            No QG de Virtópolis, o comandante iria se reunir com Etevaldo, Kolina e os nove chefes dos esquadrões de segurança e me disse:
            - Seu Lê, se o senhor quiser pode ir visitar os seus amigos de Virtuália que estão aqui neste planeta. Pegue uma mini-nave e divirta-se! Depois conversaremos OK?
            - OK, Comandante!
            Confesso que estava eufórico para rever Juliano, Beijo e o resto da família do Zé das Flores e saí dali apressado em uma mini-nave – o mesmo modelo que antes já pilotara.
            Em trinta e um segundos pairei a navezinha, ativada com o sistema de camuflagem ligado, nos fundos da casa dos Flores. Saí dela como que saísse no nada e foi o Ju quem primeiro me viu:
            - Não posso acreditar nisto! Beijo, meninas, seu Zé venham ver quem chegou! Seu Lê, o senhor não morre tão cedo; falávamos do senhor ainda há pouco!
            Todos largaram a produção de compotas de frutas e picles que mantinham em um galpão e vieram, atendendo ao apelo do Juliano e, Beijo, muito alegre gritou:
            - É você, seu Lê? Saindo assim do nada até parece uma miragem!
            Refeitos  da surpresa, eu apertei o botão da pulseira - que se usa quando se sai e pilota uma nave sozinho -, e a nave saiu da camuflagem.
            - Olá meus amigos, como vocês tem passado? Estão com aparências ótimas apesar de parecerem cansados!
             Houve apertos de mãos, abraços e beijos faciais por parte das senhoras da família.
            - Como estão as coisas em Arret? E em Virtuália, seu Lê; como está aquela cidade que até parece não existir?
            - Arret continua se aprimorando em tecnologia e Virtuália é aquele sonho de cidade que até parece ser irreal – respondi ao Juliano.
            - Ontem, durante o jantar estivemos discutindo sobre nossas vidas aqui em Terra II e gostaríamos de saber sua opinião sobre uma decisão que tomamos – falou o Zé das Flores.
            - Podem falar meus amigos, mas antes alguém me  responda onde estão os maridos das suas filhas, seu Zé?
            - Eles não suportaram ficar confinados aqui em Virtópolis e tentaram fugir por um labirinto de cavernas na Serra Mãe e foram esquartejados pelas criaturas das trevas, seu Lê - disse o Zé das Flores.
            - Como assim, criaturas das trevas? O que me diz disso Juliano?
            - Foi o Yah e Veh que nos falaram isto, seu Lê! Ninguém viu eles indo em direção às cavernas.
            “- Tem alguma coisa errada com esse casal de cientistas sênior que o Kobauski deixou aqui em Terra-II” – pensei.
            - Mas eles estavam se portando diferentes com Yah e Veh ou com vocês?
            - Sim, seu Lê, eles não estavam seguindo “ao pé da letra” as dez normas criadas pelo QG! Abandonaram a fábrica de vidros para compota e picles que está instalada às margens do rio maior. São eu, Beijo e o seu Zé que, de dois em dois dias, vamos lá produzir os vidros.
            - Vou conversar sobre isso com Kobauski! Mas qual foi a decisão que tomaram?
            - Queremos retornar para Virtuália! Nossas vidas têm que continuar onde fomos criados. Tudo aqui é ótimo, mas não podemos viver aqui cercados de ciborgues sem sentimentos e sobre o regime de Yah e Veh!
            - Lembra, seu Lê, quando falei que não voltaria para Virtuália, pois todos debochavam de mim e da família Flores? Pois é, nós preferimos mil vezes viver lá junto com os de nossa raça e... – Juliano parou de falar e viu que eu não estava bem:
            - O que foi seu Lê? Está sentindo alguma coisa – perguntou o Ju ao me ver por a mão na fronte e cerrar os olhos numa expressão de dor.
            - É... é... minha cabeça... que dói muito! E a coluna, na altura do pescoço, está insuportável eu...eu... 
            - Vou chamar o QG através desta caixa, a qual Yah chama de “caixa da aliança”. Vou pedir ao comandante Kobauski que mande buscá-lo!
            Em questão de trinta segundos - após o Juliano dizer: “câmbio e desligo!” –, Kobauski, Etevaldo e Kolina chegaram à residência dos Flores e foi Kobauski que perguntou:
            - O que você tem meu amigo?
            - Muita dor de cabeça, mas é uma dor diferente que nunca senti antes e está doendo muito, também, a parte de trás do pescoço  – respondi.
            Kobauski, que havia trazido um aparelho de diagnósticos, colocou-o na minha cabeça, viu no visor do mesmo e disse ao Etevaldo:
            - É um coágulo numa parte de difícil acesso no cérebro. Vamos imobilizá-lo  e te levar  para Arret; só lá temos meio de retirá-lo!
            - Etevaldo, leve a mini-nave, com a qual o seu Lê veio até aqui, para o pátio do QG , depois conversaremos, OK?
            - OK, pai!

            No QG em Virtópolis:
            - Seu Lê, há quanto tempo o senhor vem sentindo esse tipo dor de cabeça  e pescoço– perguntou a Kolina.
            - Desde quando atropelei, com minha caminhonete, uma capivara perto do sítio do Nhô. Eu bati a cabeça na coluna entre a porta e o para-brisa da minha viatura. Mas, nem sangrou!
            - Vamos para Arret agora seu Lê! Kolina,  você ficará aqui com um esquadrão padrão de segurança, ou seja, dois capitães e 30 seguranças arretianos por esquadrão. Ficará contigo o HZZY que deverá ser monitorado sem que ele perceba. O Yah e a Veh serão liberados para ajudá-la, porém não devem sair de Big-Brasil. Tão logo o seu Lê se recupere eu, Etevaldo e ele retornaremos OK?
            - OK! Kobauski, conte comigo!

            A transição de um planeta para outro foi da rapidez de um piscar de olhos humano e ao chegarmos a Arret, uma violenta dor na cabeça fez-me perder os sentido.

            ...
            Na UTI do melhor hospital da Zona da Mata Mineira, eu desperto e, na cabeceira do leito, estava a Rô, que segurava a minha mão e, como sempre, prática e sincera – não importando a quem doer – me colocou a par de minha situação:
            - Lê, meu amor, no acidente com o teco-teco, você ficou paralisado do pescoço para baixo devido a uma lesão na coluna. Você estava em coma por treze dias.
            - Rô, o que eu mais sinto é uma dor de cabeça terrível e... – fui interrompido por ela:
            - É um coágulo que tens numa região de difícil acesso no cérebro, querido! Se operar correrá o risco de não suportar e...
            - Por favor, autorize a remoção desse coágulo! Até morrer deve ser melhor que essa dor!
            - Eu autorizei há mais de meia hora. Já estão preparando a sala de cirurgia – disse a minha esposa.
            - Rô, vou te contar uma coisa muito importante! Preste bastante atenção e leve a sério, muito a sério mesmo, OK?
            - Você está me deixando mais amedrontada ainda, Lê! Fale logo!
            - Eu quando era criança, no interior do Paraná, fui abduzido e em meu cérebro foi implantado um chip de monitoramento e... – Rô me interrompeu:
            - AH! Então é esse o corpo estranho do tamanho de semente de goiaba que tens em seu cérebro? Apareceu na radiografia 3 D. Os médicos disseram que você nasceu com aquilo e não é possível removê-lo e...
            - Por favor, Pitéu, deixe só eu falar, só escute – interrompi a Rô e continuei:
            - Esses chips, usados internamente nos cérebros, não são afetados pela radiação desses equipamentos que usam elementos radioativos e não causam danos a quem os usa mas, peço-te - e isto é muito importante -, se eu morrer quero ser cremado porém, você acompanhe a minha cremação desde quando o corpo for para o forno incinerador. Falo isso porque quero que depois você retire, do meio das cinzas, o chip que estará intacto – ele suporta temperaturas altíssimas. Vai a um joalheiro e peça que ele faça um anel usando o ouro da minha aliança e coloque esse chip como se fosse uma pedra preciosa. Ele é da mesma cor do ouro . Não pode ser furado e, por isso, deverá ser preso no anel. Você usará esse anel na mão esquerda, junto de sua aliança, para sempre. Eu lhe explico o porquê disto:
            - Quando eu não estiver mais nesta Terra você poderá ir até onde eu estiver através deste anel. Quando estiver sozinha, de preferência quando estiver se preparando para dormir, bastará você por a mão com o anel sobre sua fronte e pensar em mim com bastante fervor; você irá me encontrar!
            Rô me olha com os olhinhos arregalados demonstrando não acreditar no que ouve e pode até estar pensando que são delírios de um cérebro ferido, percebendo isso, acrescentei:
            - Por favor, Rô, prometa que vai fazer o que estou te pedindo, promete? Isto não é delírio de um moribundo! Trata-se de uma tecnologia que aqui na Terra o ser humano nem sonha que existe, mas que existe na raça que me abduziu quando eu era criança – Rô aos prantos me prometeu que meu desejo vai ser atendido custe o que custar:
            - Eu prometo meu amor! Eu prometo!
            A dor insuportável tira-me os sentidos e...

            Em Arret:
            - Quanto tempo eu fiquei inconsciente, Kobauski?
            - Trinta e um minutos terrestres, seu Lê! Porém terás que ficar em repouso por, no mínimo, trinta dias!
            - As dores de cabeça e no pescoço  cessaram! Nossa que alívio! Nunca me senti tão bem em toda a minha vida. É como se eu tivesse renascido para uma vida eterna, ah! Ah! Ah!
            - Ótimo seu Lê! Temos que voltar para Terra II assim que as perturbações de Greise voltem a níveis seguro.
            - O que houve lá Kobauski – perguntei e obtive a resposta:
            - Pelos nossos estudos, aquela estrela passa por um período de perturbações de trinta e um a trinta e um  anos terrestres. E isto começou assim que o trouxemos para Arret. O que é pior é que não estamos tendo contato com nosso pessoal em Terra II. Vamos esperar que as perturbações terminem para termos notícias de lá. Por enquanto estamos sem comunicação entre Arret e Terra II e não vamos arriscar a  ir até lá sem uma informação concreta, OK?
            - OK! Quanto tempo durará, exatamente, esse fenômeno em Greise, comandante – perguntei-lhe.
            - Exatamente trinta e um dias em contagem terráquea, seu Lê. Lá, como já sabemos, transcorrerão trezentos e dez anos. Durante este tempo Kolina estará no comando da missão em Terra II. Espero que ela possa contar com a colaboração de Yah, Veh e, até mesmo, do HZZY.
            - Quando retornarmos à Terra II vamos levar os outros reptilianos que ficaram aqui para estudos. Não queremos outra raça, ou seja, outros seres inteligentes convivendo com os da nossa raça. Descobrimos que esses reptilianos que saíram de Terra II, desenvolveram naturalmente, um mecanismo de defesa contra a luz ou claridade. É bem provável que em Terra II, os seres dessa raça, que sobrevivem nas cavernas subterrâneas com o passar do tempo, também, desenvolvam esse mecanismo de defesa em seus organismos e sairiam das cavernas. Aí não podemos saber o que aconteceria entre eles e os habitantes da superfície de Terra II!
            Os trinta dias de meu repouso passaram sem mais novidades, pois o comandante não permitiu me envolver em assuntos técnicos e complexos de Arret. Permitiu, para o bem de minha recuperação, que somente percorresse Arret acompanhado de uma guarnição além de um médico e uma enfermeira.
            No trigésimo dia, depois de constatado o encerramento do período de perturbações de Greise e, ainda, sem obter contato com Terra II:
            - Major Klausky, peça ao chefe da segurança que prepare os outros reptilianos para embarcarem na nave-mãe que nos levará para Terra II; partiremos em trinta e um minutos apesar de não termos a comunicação restabelecida com Terra II, OK?
            - OK, comandante!
           
            Trinta e poucos minutos depois e dentro da nave-mãe:
            - Porque levaremos os cinco reptilianos em estado de hibernação, Kobauski?
            - Para evitar qualquer contratempo com eles, seu Lê! Lá em Terra II vou deixá-los sobre os cuidados do HZZY!
            - Esses daí tem os nomes do estilo do que ficou lá no outro planeta?
            - Sim! A HZZX que é inteligentíssima é a companheira do que está em Terra II os outros são:
            HZWY que faz par com HZWX e HZVX é a companheira do HZVY.
            - Eu tinha a intenção de levar os pré-reptilianos, que só existem nas cavernas daquela parte do oriente médio de Terra II, para próximo ao polo norte daquele planeta onde a maior claridade que existe é a penumbra e, isto, durante três meses, visto que, o resto é sempre escuro. A estrela Greise só aparece no horizonte durante os três meses, por isso só tem aquela espécie de penumbra. Lá sobreviveriam de peixes e demais animais marinhos que vivem naquela região. Porém, como vimos o auto grau de inteligência dos que levamos para Arret, não mais faremos isto. Se o fizéssemos em pouco tempo estarão se confrontando com os terreanos. Vamos levá-los para um planeta que descobrimos na pequena galáxia Triangulum ao lado de Andrômeda. É um planeta ideal para eles e, viajando por “wormhole” leva-se menos de uma hora terrestre para chegar-se lá.  Existem, com certeza,  quatrocentos e oitenta e quatro pré-reptilianos vivendo nas cavernas das quais lhe falei.
            Assim que chegarmos a Arret vamos confiná-los em uma enorme gruta – um tipo de salão natural – a oeste de Virtópolis e, ali alojá-los até no dia da partida. Coletamos sangue dos HZes que vieram, escondidos em nossas naves, de Terra II e vamos preparar um soro – tipo vacina – que os tornarão resistentes à claridade. Levaremos todos para esse planeta e o HZZY será o comandante dessa raça e do novo planeta, que já sabemos não existe vida inteligente lá.
            - Sr. Kobauski, estamos no sistema planetário de Greise! Alguma ordem ou posso seguir direto para Big-Brasil – perguntou Klausky e obteve a resposta de pronto:
            - Big-Brasil, major!
Continua dia 29/06/2013 em:
Yah e Veh  ou
                                                                                          Yah - Veh