sexta-feira, 12 de abril de 2013

COISAS DA VIDA


CHERRY
            Tínhamos três gatos em minha residência: um persa mestiço; uma persa mestiça e uma persa legítima. Todos tratados com zelo e carinho. Todos têm suas identificações com nomes próprios e apelidos. Todos com carteirinha de vacinação  e ficha no hospital veterinário do bairro. Há alguns dias a persa pura, por apelido Cherry, cujo nome verdadeiro Cherry Al Rinhas Prima, começou a ficar amuada, não queria comer e nem bebia água:
            - O que você tem Cherry – perguntei na esperança de que ela, com um olhar ou miado, me transmitisse alguma coisa. Ela sequer me olhou. Saiu de perto de mim e foi para o fundo do sítio. Disse “sítio”, porque o natal e a virada do ano fomos para o sítio de meu filho que, a pedido dele e dos netinhos, levamos os três bichanos.
            - Deve ser saudades lá de casa, Lê – disse-me a minha patroazinha.
Não dei atenção à Cherry, aliás, ninguém deu. No dia dois de Janeiro eu estava digitando um texto para o meu blog e a tal gatinha legítima, estava debaixo da escrivaninha e sem querer pisei em sua cauda e ela sequer miou. E, eu, com o susto pedi que ela saísse e ela não obedeceu. Então, estupidamente, empurrei-a com o pé direito e disse:
            - Vai brincar lá no terreiro, gata teimosa!
A Cherry deu um miado tão triste e agudo, foi para o terreiro e ficou embaixo de uma chuva torrencial, toda encolhidinha:
            - Meu São Nunca do Vale Virtualiano do Rio do Peixe; o que você tem Cherrizinha – peguei a gatinha, coloquei-a em sua gaiola de transporte, entramos na GMC ’55 e fui, junto com a Rô, rumo ao hospital veterinário em Juiz de Fora.
Resumindo:
            A Cherry ficou internada e, no oitavo dia, a veterinária falou-me, pelo telefone:
            - Seu Lê, vou simplificar a explicação do diagnóstico final da sua gatinha: se a Cherry fosse um ser humano só o que o salvaria seria um transplante de rins! Não existe nenhuma possibilidade de salvá-la. Peço-lhe autorização para sacrificá-la!
            - Está dada a autorização, doutora Cíntia – foram minhas últimas palavras.
Quando passei no hospital para acertar as despesas com o internamento e sepultamento da Cherry a doutora me disse:
            - Os gatinhos persas, legítimos, tem essa anomalia: certa quantidade morre com insuficiência renal!

Eu pergunto: Houve maus tratos com a Cherry? Uma coisa é certa: Eu nunca mais vou esquecer o miado que Cherry deu ao arredá-la com o pé debaixo de minha escrivaninha.

Em tempo:
Para os que só pensam em dinheiro, digo-lhes: - A despesa hospitalar com a Cherry ficou em torno de R$2.484,84!

Nenhum comentário:

Postar um comentário