ARRET
A NOVA MORADA
O churrasco de páscoa estava de receber elogios
dos anjos. Churrasco de picanha, asinhas de frango, linguiça toscana, arroz
branco, feijão tropeiro e, de sobremesa: fatias de melancia.
Após
ajudarmos a Kellyn e Reinaldo a ajeitar as louças do almoço, a Rô me disse:
- Vamos dar umas voltas a pé pelos campos da
pousada? São quinze horas e estamos ficando muitos sedentários nestes últimos
dias!
- ‘Tá bom, mas se eu cansar, vamos nos sentar embaixo de um flamboyant e vou tirar um cochilo no teu colo, ok?
- ‘Tá bom, vamos então –
respondeu-me a patroinha.
- Como são lindas as paisagens do interior
fluminense, não é Lê?
- Nosso país é a primeira maravilha
do universo Rô, só que a maioria dos brasileiros tem preconceito em assumir
isto!
Ficamos na pousada até na terça-feira
seguinte. As quatorze horas e cinco minutos estávamos nos despedindo da Kellyn,
Reinaldo e do Vitório:
- Esperamos vocês lá em casa, em Juiz de
Fora, a qualquer hora que quiseram tá bom – falou a Rô.
- Pode contar com isso Tia. Avisaremos com
antecedência. Vai que, lá chegando, a senhora e o tio Lê estejam viajando –
respondeu nossa sobrinha.
Na
BR, no retorno para casa:
- Rô, ainda sinto aquela dorzinha enjoada no
lado esquerdo do abdomem!
- Vamos, amanhã, consultar o Dr.
Fabrício. Ele vai saber te diagnosticar – respondeu-me.
Chegando
a Juiz de Fora fomos direto para casa de nosso filho mais velho; a saudade dos
nossos netinhos estava de “matar”. Ficamos lá o resto do dia em companhia de
nosso filho, nora e netos, pois estávamos, ainda, em feriado prolongado. Por
volta das vinte e uma horas e dez minutos:
- Durmam aqui sogro e sogra! Amanhã cedo
vocês vão para sua casa.
- Não, minha nora querida, vamos
passar no supermercado vinte e quatro horas e depois temos muito que arrumar lá
em casa!
Em
casa:
- E a dorzinha Lê, melhorou?
- Sim, depois de a dose cavalar de
analgésico, não estou sentindo mais nada. Vou rever um clássico do Johnny
Weismuller no blue-ray, você me acompanha?
- Hoje não! Vou ajeitar nossas
compras no lugar, tomar um banho morno e cama! Só por curiosidade responda-me:
Qual é o Cult que vais rever?
- Será o Tarzan e a Mulher Leopardo!
- Bom filme então!
Sábado
seguinte, por volta das dezessete horas e quinze minutos, todos os três filhos,
noras e netos estávamos no sítio do Thiago comemorando a entrada da nossa nora
caçula na faculdade de odontologia quando comecei a sentir uma dor horrível do
lado esquerdo do abdomem. Aquela dorzinha transformou-se em cólicas seguidas e
extremamente doloridas. Comecei a gritar de dor.
- Vamos colocar o pai na minha caminhonete e
“voar” para o hospital – disse o Felipe e assim foi feito.
Em
uma hora e quarenta e oito minutos eu estava na maca indo para a cirurgia e a
Rô me falou calmamente:
- Fica tranquilo que são cálculos na
vesícula. Depois da simples operação você não vai sentir mais dores, ok Lê?
- Espero que não, pois essas dores
são horríveis!
No
infindável corredor, para a sala de cirurgia, pensei no Nhô e em nossa viagem
para a Terra II e imaginei:
- Que
ótima oportunidade para fazer a viagem à Terra II!
No centro cirúrgico, na mesa operatória, o
anestesista começou a puxar conversa comigo e eu sabia, é lógico, que era para
ele ver o momento certo em que eu “apagaria”:
- Então senhor Lê agora o senhor vai fazer
uma viagem e, quando acordar, vai...
-
Nhô, ei Nhô, por favor, me acuda – gritei da boleia da GMC, em frente ao
portão do sítio, sem mesmo descer da Vermelhona.
Ele veio, inacreditavelmente, correndo – nunca o vi tão ágil -, e me falou:
- Ôce
tá passanu tão má ansim, meu amigu – perguntou o Nhô e, praticamente, me
arrastou até ao sofá da sala e disse:
-
Fica quétu aí qui vô perpará um chá di raiz forti com ôtras prá dô; num
“palito” ôce miora!
Vinte e três minutos depois de tomar o chá
extremamente amargo, Nhô me perguntou;
- Comu
ôce tá si sentinu, misifiu?
- Melhorei
Nhô, não sinto mais nada. Parece milagre!
- Mai
num é milagri, misifiu. Ôce tem qui operá que issu dédi sê pedra na visícula!
Já são quaji dizenovi hora i vinti minutu; u qui ôce vêi fazê aqui num sábadu há
essas hora?
-
Senti que o Kobauski iria mandar um mensageiro para avisar o dia e a hora da
viagem, Nhô, e vim para cá!
-
Vamu lá prá varanda da cunzinha. Tô perparanu um cardu de legume com carni de
galinha. Vai sê bão prôce i inquantu issu a genti proseia!
Na varanda:
- Que
noite escura! Não tem lua e parece que vai chover – foi eu falar isso e um
clarão se fez ver lá pelos lados do Ribeirão Limpo e o Nhô falou:
-
Issu num foi curiscu, dédi sê lá nas pitangueira, seu Lê!
-
Será, Nhô – indaguei enquanto colocava a última colherada do delicioso
caldo na boca.
-
Será não, era memu! Óia quem qui vem lá – falou Nhô apontando em direção do
ribeirão.
- É o
Kobauski! Aproxima-se o dia e a hora da viagem, Nhô! Parece que tem outra
criatura com ele – falei alegremente.
- Boa
noite seu Lê, boa noite Nhô. Cheguei em boa hora, hein! Ainda tem dessa
refeição cheirosa?
- Boa
noite para vocês também, Kobauski – desejei-lhes.
-
Banoite prôceis, tamem, Kobausqui! Tem ainda bastanti cardu. Tá nu cardeirão
incima du fugão à lenha. Vô buscá naqueis pratu di argila grandão qui ieu fiz
prôce i pru Etevardu, lembra? Ôceis qué, tamém, pão feitchu im casa?
-
Claro Nhô, não dispensaria essas iguarias por nada em qualquer que seja o mundo
– respondeu-lhe o alien.
-
Nhô, esta que me acompanha é a doutora Kolina. Ela é expert em medicina humana.
-
Prazerão, misifia. É a prenmêra veis qui u Kobausqui trais uma muié cum
ieli, eh! Eh! Eh!
- Eu
já a conheço! Fomos apresentados lá em Arret! Ela é a noiva do Kobauski –
falei ao Nhô.
- Seu
Lê, quando você me chamou, em mensagem mentalizada, notei que tinha algo errado
com tua saúde e resolvi antecipar a minha vinda para dizer-lhes que partiremos
em cinco dias. Trouxe junto a Kolina, chefe médica da expedição à Terra II. Ela
vai examiná-lo para ver o que causa essas dores – disse o meu amigo
interplanetário.
-
Ótimo Kobauski! O remédio do Nhô me tirou a dor, mas ele mesmo me disse que se
trata de cálculos na vesícula e que só operando e que ficarei bom.
-
Após terminarmos este ensopado divino nos vamos até a bola dourada do outro
lado do portal e o senhor fará uns exames, ok?
- Ok,
amigo, estou pronto!
Trinta e um minuto depois, do outro lado
do portal, dentro da nave redonda, no laboratório médico:
-
Olhe, senhor Lê a imagem projetada na parede, são dois cálculos enormes que
tens na vesícula. Temos que extraí-los imediatamente – disse a doutora
Kolina.
- Mas
doutora eu acabei de jantar e se eu... – fui interrompido pela noiva do
Kobauski:
- Abra bem os olhos e olhe para esse
aparelho – falou isso e me mostrou um aparelho vermelho que, ao acioná-lo,
deu um zumbido e emitiu um flash fortíssimo.
Uma hora e um minuto eu abri os olhos e
estava no sofá da casa do Nhô e ele me olhava, sentado numa poltrona, em minha
frente e perguntei-lhe:
- O
que houve Nhô, parece que dormi cento e três anos?
- Eh!
Eh! Eh! Ôce só dormiu uma hora i arguns minutu. U Kobausqui i aquéia senhora
grandona troxi ôce num carrinhu sem roda – iele frutuava nu ar -, i dexô ôce aí
i mi dissi: “Quandu ieli acordá, dê prêli essi vidrim i diga qui ieli tá saradu
i qui despois di aminhã nóis vem buscá ieli i u sinhô, Nhô!” Eh! Eh! Eh! Ieis
mi ixaminô i dissi qui ieu sô um cabocru forti i tô prontu prá viaji!
Ao abrir o recipiente que parecia de vidro,
exclamei:
-
Caramba, Nhô, são essas duas pedras enorme que estavam na minha vesícula? Eles
me operaram! – abri a camisa procurando a cicatriz e não a achei e disse:
-
Veja Nhô, não deixaram nenhuma marca!
- Eh!
Eh! Eh! É coisa du otru mundu, misifiu – brincou o Nhô.
-
Agora vamu drumi e aminhã cedu nóis vamu si perpará pra longa viaji. Lá pela
deis hora nóis vai pescá um surubim nu Riu du Pêxi. Vô fazê um armoçu
caprichadu prôce, misifiu!
Treze horas e seis minutos e o almoço
estava pronto, ou seja, caldeirada de surubim, pirão, arroz branco, salada de
tomate, pepino e rabanetes, suco de laranja com acerola e o Nhô me disse:
-
Vamu tomá caipirinha de laranja lima, seu Lê?
-
Pode tomar o senhor. Esqueceu que eu tirei a vesícula?
-
Quem ti falô issu, misifiu? A dotora Kolina tiro duas pedrona i não a visícula.
Iela mando ti dizê, inhantis di si pirulitá cum u Kobausqui, qui ôce podia cume
di tudu. I ieu preguntei si pudia cume torresmu di java-porcu i bebê das minhas
purinha i iela mi falô bem ansim: “U sinhô Lê pódi cume i bebê di tudu! Num
teim nada proibidu!”
-
Então se é assim, eu te acompanho na caipirinha, “véi”!
-
Nhô, amanhã nós vamos para uma viagem que, acho eu, vai demorar muito tempo.
Não sei o que pode acontecer com a gente. Fico preocupado com o senhor e...
- Ôce
tá procupadu cumigu, misifiu! Pruque?
- Nhô, o senhor já não é nenhum garotinho e...
-
Pópará, seu Lê! Ieu já vivi di tudu nessa vida i ieu num vô perdê essa viaji di
jeitu manêra. Pódi ficá tranquilo íngua ieu qui tô tranquilão?
- Tá
bom seu aventureiro!
- Eh!
Eh! Eh! É issu memu! Ieu sô um negu véi qui gostcha du pirigu!
- Seu
Lê, mudanu di assuntu, vô dêxá o Bitencourt e a carroça lá na Xerequéia préla
tomá conta du meu pangaré. Ficanu cum us dois iela pódi vim na hora qui iela quisé
aqui nu sítio. Iela óia a horta, u pomar, as criação i podi levá verdura, fruta
i legumi, daqui, prela, intendeu?
-
Claro, Nhô, claro que entendi! Então vamos para Virtuália. Eu vou na GMC e o
senhor na carroça com o Bittencourt. Deixamos a carroça com a Xerê e voltamos
na caminhonete, depois para o sítio, certo?
-
Certu, misifiu! Vô aproveitá e levá us trêis sacu di café im grão. Um dêies vô dá pra
Xerê, um prô Paulin Goró i u outro, pru Carabina. Ieis vão fazê bão proveitu.
-
Então vamos lá: rumo a Virtuália!
Em Virtuália, dezoito horas e três minutos,
no Boteco dos Caldos, depois de passarmos na delegacia, deixado o saco de café
e despedido do Carabina:
-
Quer dizer que o Nhô vai viajar com o senhor, seu Lê – perguntou-me o
Lezivo.
-
Sim, nós vamos viajar e demorar um pouco. O Nhô tá precisando de umas férias – respondi-lhe.
- Eh!
Eh! Eh! Ieu vô saí dessi nossu mundim i cunhecê otrus mundu – disse o velho
debochando.
- E
quando irão, seu Lê – perguntou Biliato.
-
Amanhã cedo!
-
Então vamos comemorar disse o Paulinho enquanto descarregava, na cabeça, para
guardar no depósito, o saco de café e prosseguiu:
- Os
espetos, os molhos especiais, as caipirinhas e os cafezinhos finais são por
minha conta, ok seu Lê?
- Obrigado
amigos! Não existe coisa melhor que a amizade sincera em nenhum lugar e
em mundo nenhum – disse-lhes.
Ficamos com nossos amigos até por volta das
vinte horas quando o Nhô me alertou:
- Seu
Lê, vô levá a carroça lá na Xerê. U Bittencourt já tá batenu as pata cum força
nu paralepipis qui tá sainu inté faísca . I ieli tem razão di tá brabu, já tá
dinoiti i ieli ainda tá atreladu na carroça!
-
Chiiii... é mesmo Nhô – falei, levantei-me da cadeira e despedi do nosso
pessoal.
O Nhô pegou o cabresto do pangaré e
disse-lhe:
- Ôce
discurpa essi negu véi num é manu Bittencourt – o velho animal deu uns três
relinchos seguidos, um diferente do outro e o Nhô disse:
- Eh!
Eh! Eh! Ieli descurpô nóis, seu Lê, mai dissi um palavrão, eh! Eh! Eh!
Não subimos na carroça; fomos puxando o
pangaré pelo cabresto e caminhando lado a lado com ele.
Na casa da Xerê:
-
Pois é, misifia, ieu vô tirá essis dia di féria i ôce podi, comu combinamu,
tomá conta das minha coisa comu si fossi tua, tá bão?
- Vou
cuidar como se fosse minhas coisas seu “véi” assanhado. Vai ser até divertido
ficar vivendo antre minha casa e o teu sítio – respondeu-nos a Xerê.
- Óia
Xerê, tem mantimentu lá nu sítiu pruns dois méis i vô dêxa meu cartão di
aposentadu i a senha concê. Si percisá podi usá a vontadi, tá bão? Ôtra coisa:
tem mai di trezentu litru de purinha pronta nus barri di carváio, ôce podi
vendê a treis dinheru u litru. Podi bebe, tamém, eh! Eh! Eh!
-Tá
me estranhando, Antônio Jerônimo da Conceição - exaltada disse a velha senhora que quando se
zanga de verdade chama as pessoas pelo nome próprio – o do registro de nascimento
e, prosseguiu:
-
Sabes muito bem que não bebo álcool desde que nasci, esquecestes?
Depois de, junto com a Xerequéia,
desatrelar o pangaré da carroça o Nhô lhe disse:
- Viu
comu é fáci, véia?
- Vi,
‘véi”! É só inverter o que você fez ao desatrelar o Bittencourt da carroça.
Aprendi a atrelar vendo você desatrelando, ih! Ih! Ih!
- Nhô,
enquanto você se despede da Xerê eu vou até a praça buscar a Vermelhona, ok?
- Tá
bão, misifiu!
Vinte minutos depois já estávamos
retornando ao sítio e perguntei ao Nhô:
- Nhô,
posso te fazer uma pergunta bem particular?
-
Craro, seu Lê! Craro qui sim!
- Por
que o senhor e a Sara Léia não moram juntos? Vocês se dão tão bem?
- Ieu
i mai quem, seu Lê?
- O
senhor e a Xerê... ah!ah!ah! Esqueceste o nome dela, não é?
- Ihhhhh...
mai num é qui é memu, misifiu. Inté qui o nomi deia é bunitu, eh! Eh! Eh! Ôce
num tem jeitu memu né seu Lê? Quandu ôce foi buscá a GMC i ieu dispidia da Xerê,
nóis tocamu nessi assuntu. Iela mi pergunto si a genti num podia vivê juntu prá
ispantá a solidão.
- E o
que você respondeu prá ela Nhô?
-
Respondi qui ia pensá durantei a viaji!
- Mas
você já sabe a resposta, não é?
-
Sei! Sabi, meu amigu, quandu ieu istô sentinu solidão, ieu pensu na Ritinha,
conversu cum iela e iela até respondia e...
-
Respondia? Então ela não responde mais – perguntei-lhe.
- Já
fais um tempão qui iela mi dêxa falanu sozinhu, misifiu. Achu qui issu era
coisa da minha cabeça. As veis ieu pensu qui si tivesse ôtra pessoa prá proseá
ieu num percisava tá falanu sozinhu.
-
Também penso assim, Nhô e já sei a tua resposta!
- É
memu, sabichão? E qualé?
-
Vocês vão viver em companhia um do outro, não é mesmo? O fato de o senhor
confiar à ela o cartão de aposentadoria foi, para mim, o elo que faltava
para se firmarem, não é?
-Eh!
Eh! Eh! Ôce precebi tudo seu Lê! Mai ti preguntu:
-
Será qui nóis vorta da viaji para a Terra II?
-
Tenho certeza absoluta, Nhô, senão não embarcaríamos nessa empreitada!
- Sei
dissu, misifiu, comu sei!
Chegando no sítio:
- Vou
colocar a GMC no galpão e desligar o cabo da bateria dela, ok ‘véi’?
- Tá
bão, misifiu! Enquantu issu vô perpará umas torrada prá nóis cume cum u cardu
qui vô isquentá nu fogão à lenha, tá bão?
- Ótimo
você adivinha os meus pensamentos, ah! Ah! Ah!
A noite correu tranquila. Dormi na rede na
varanda e às seis horas da manhã acordei de sobressalto:
- U
qui foi, seu Lê, assustô – perguntou o Nhô que estava ladeado por dois
expedicionários do Kobauski.
- O
que você acha, “véi”, abrir os olhos e dar de cara com vocês me olhando? E o senhor
já está até vestido com o uniforme de viagem?
- Já
sim, só farta ôce levantá, tomá banho i ponha u uniformi, tamém! Já perparei u
café i tamu ti isperanu prá forrá u estrongu i si pirulitá prá Terra II!
Ao terminar o banho e sair do banheiro, já
fardado, vi que o Kobauski, também, chegara para o café com quitutes do Nhô:
- Bom
dia seu Lê! Enquanto tomamos café vou dizer-lhes alguns detalhes, ok?
- Bom
dia Kobauski, sou todo ouvido!
- Seu
Lê e Nhô, como a viagem é para uma grande distância, ou seja, prá mais de 20
anos luz – falando em contagem terráquea -, nós usaremos o caminho que vocês,
da Terra, ainda estão na pré-história do conhecimento. Já deram até um nome
“wormhole”, que traduzindo literalmente para o português, quer dizer “buraco de
verme”. Viajaremos através de um deles. Levaremos menos de trinta e um segundos
para chegar à Constelação de Libra. O tempo quase que deixara de existir.
Passaremos lá o que equivale a um mês terrestre mais um dia, porém lá, será
como se passassem trinta e um anos terrestre, ou seja, ficaremos lá trinta e um
anos e aqui em Virtuália parecerão trinta e um dias.
-
Entendi, ou seja, acho que estou querendo entender! Vou viver lá trinta e um anos
e envelhecerei trinta e um dias! É isso Kobauski?
- É!
Você entendeu! Vamos para a esfera de reconhecimento, que está do outro lado do
portal. A esfera mãe já está escondida no lado escuro da Lua pronta para entrar na rota
pré-determinada.
-
Vamos nessa, não é Nhô?
- É
prá já, misifiu!
Em poucos minutos estávamos dentro da
esfera- mãe sentados comodamente na sala de comando. Nesta sala dava para ver o
que acontecia do lado de fora. Pude ver a parte externa de a esfera aumentar o
brilho e entrar em uma espécie de túnel no espaço entre cores e clarões e, por
uns segundos, tudo ficou escuro lá fora até que:
- Chegamos
pessoal – gritou Kobauski – chegamos à
Constelação de Libra e entraremos no sistema solar da estrela Gliese. Agora
vamos nos preparar para a descida na Terra II. Lá já tem o portal no espaço
existente entre duas árvores de carambolas. Vocês terão uma grande surpresa! Verão quem nos espera!
Continua em:
31 anos em 31 dias