TRIBUTO À CHIBINHA
- É,
senhora, o caso da...
- Chibinha!
– lembrou-lhe a senhora.
- Isso...
O caso desta gatinha é terminal; ela está em adiantado estado de metástase
e,...
- E?
E o quê doutor?
-
Só sacrificando. Ela está sofrendo muito, mas muito mesmo!
...
Duas
horas depois, já em casa:
- E aí, Rô, a Chibinha ficou internada no
hospital para animais – perguntei-lhe.
- Levei-a em três clínicas veterinárias
diferentes e o diagnóstico sempre foi o
mesmo.
- Ela ficou em qual? Na veterinária dela, a
doutora Wanda?
- Não, levei-a naquela clínica saindo
da cidade e, -
interrompi o diálogo:
-
Por que tão longe?
- Ela, nesta hora, já foi sacrificada Lê... estava sofrendo
muito.
- Ahhh... tadinha! Mas, se não tinha
cura, era o que tinha que ser feito, não é?
- É... Fazer o quê além do que foi
feito?
...
Duas
semanas depois:
- Ahhh... Nada como abrir a janela, numa
manhã de domingo, e ver esse Sol tão... tão...Rôôôôô, venha ver quem está no
jardim – gritei em tom apavorado, como apavorado fiquei.
Rô
vem em um sobressalto à janela e grita:
- CHIBINHAAAAAA!!! Cruz-em-credo!
- Será um fantasma de gato, Rô ou um
zumbi?
Rô não respondeu e saímos correndo para
o jardim.
- Chibinha, você esta viva – só um miado
fraco respondeu.
O
domingo foi só da gatinha; toda a atenção foi só dela.
Na
segunda-feira às 08h07min:
- Alô, eu queria falar com o Dr. Márcio, é
da residência dele? Ahhh... sim? Eu aguardo.
- Bom dia doutor, aqui é a dona daquela
gatinha que estava em fase termina e eu... – Rô ficou só ouvindo e depois de
cinco minutos:
- Entendi doutor. Bom dia – e desligou o
telefone.
-
O que ele disse pitéu?
- A Chibinha, ao ver a seringa da execução
fugiu pela janela da sala do hospital veterinário como uma onça ferida, Lê!
- Caramba e, como será que ela chegou
até aqui, de volta para casa? Aquele hospital é longe e muito “fora de mão”!
- Só ela poderia nos contar o que ela
passou até chegar aqui, de volta!
- E por falar nela, vamos lá ver como
ela está –
sugeri à Rô.
-
Vamos – respondeu-me:
- Chibinha... acorda dorminhoca, gatinha
esperta...acoooorda – insistia a patroinha.
- Lê, ela não acorda!!!
Coloquei
a mão na bichana e ela estava com a rigidez cadavérica:
- Ela morreu Rô! Ela voltou só para morrer
perto da gente!