sexta-feira, 1 de novembro de 2013

  ARRET
A NOVA MORADA

Uma Nave chamada
LAÍ

    Na manhã seguinte, perto das duas pitangueiras:
- Rô dê-me a mão direita, a do anel – pedi-lhe e assim que lhe apertei a mão pensei na senha e:
- Olha Lê, o portal de abriu disse a Rô e lá estava a nave e o major que foi nos dizendo:
- Bom dia meus amigos! Vou-lhes mostrar a nave toda antes de ensinar-lhes a pilotá-la, navegar no espaço-tempo, entrar e a sair de um wormhole, OK? Porém só poderão fazê-lo, sozinhos, depois de muito treino e com autorização do Kobauski. Essa autorização o seu Lê já sabe como a conseguir, certo, seu Lê?
- Sim major, com certeza respondi-lhe. O major nos mostrou toda a aeronave  e por fim:
- Seu Lê, no seu chip já está diagramado toda a aeronave e basta chegar perto e falar o que desejar dela. Não esqueça que ela só obedecerá a comandos lógicos, OK?  O mesmo vale para a senhora dona Rô, porém ela só atenderá o seu comando de “abrir e fechar a porta de entrada/saída” e quando estiver parada.
- OK, major – respondemos.
- Seu Lê, se vocês quiseram entrar na aeronave o que mentalizarão?
A Rô  firmou o pensamento e disse:
- Abre-te e a porta da nave se abriu tão rápida quanto ao portal.
Entramos e deparamos com um vasto salão. Vendo tal nave, pelo lado de fora, não poderíamos imaginar que era tão grande por dentro. O major me pediu:
- Seu Lê, coloque uma das mãos nessa luminosidade que está encima daquele pedestal. Pense também um nome para a nave. Pense no nome que será chamada doravante.
Fí-lo e:
- Caramba Lê, que “manêro” expressou a patroinha.
- Rô adivinhe qual foi o nome que batizei, mentalmente, a nave?
- Laí, ih! Ih! Ih! Este foi o nome da nossa primeira Kombi, não foi?
- Sim e é por ser assim, que você é meu Pitéu!
Todo o salão foi ocupado, automaticamente, com tudo que tinha em nosso cafofo. Até a plaquinha escrita: “Nosso eterno lar”, que a Rô fez, num trabalho de bordado, estava lá. Sobre a mesinha da sala de televisão estava o DVD de um filme Cult: - O Dia em que a Terra parou –, produzido no ano de 1951.
- É incrível major, vocês transportaram o cafofo meu e da Rô, para essa nave – perguntei.
- Não é o lugar onde vocês dois mais se sentem no paraíso?
- Sim major! É nele mesmo – respondeu de pronto, a Rô.
- Então nós fizemos uma cóp... – interrompi o major:
- Mas de onde pilotaremos ou controlaremos a nave, major?
- Ora , seu Lê, pense nisso – respondeu-me.
E pensei e, ao pensar, uma porta de abriu rapidamente do lado da entrada para nosso quarto. Ultrapassamos a porta e no compartimento tinha uma pequena escada:
- Uma escada tipo caracol? Eu sempre gostei de uma escada tipo caracol, não sei por quê... – foi interrompida:
- Esta escada os levarão ao andar de cima da nave e é de lá que a comandarão. Poderíamos ter colocado um elevador, mas sabíamos que dona Rô gostava de escada deste tipo.
Subimos. Toda a parte de cima, da espaçonave, era envolvida por uma cúpula que lembrava vidro. O Karpinsky disse-nos:
- É daqui que comandarão tudo. Como podem reparar temos visão de 180° na parte superior e os outros 180°, da parte de baixo, é só o senhor pronunciar:
- Laí: visão inferior – antecipei ao major e uma projeção holográfica surgiu na nossa lateral.
- Isso mesmo, seu Lê! E para deixá-la em ambiente de comando é Só dizer: - Laí comando! E para deixá-la em piloto automático dirás: Laí automático! E para proteger toda a nave com campo de força é só dizer: Laí proteção!
- Mas, major, tem que falar o nome dela sempre? E se não der tempo – perguntou a Rô.
- O seu Lê não precisará só falar, mas também mentalizar. Porém, se a situação for de perigo eminente, a Laí se protegerá automaticamente, além de se camuflar.
    - Ah, então tá, então – respondeu a Rô.
- E a casa de máquinas, onde fica, major?
    - Ao lado da porta de entrada, na parte inferior. Lá fica o cérebro da Laí, seu Lê.
    - Com que combustível a Laí é abastecida, major – perguntei.
- Energia escura! Ela está em mais de setenta por cento do universo. Os terráqueos ainda a considera uma hipótese, seu Lê. Mas, vamos deixar essas explicações técnicas para outro tempo. Vamos dar umas voltas, amigos? O que tem que fazer, seu Lê?
- Laí: - Comando!
Num piscar de olhos apareceram, no centro do ambiente, três poltronas que podiam girar trezentos e sessenta graus. A poltrona do meio era vermelha e as outras brancas.
- Sente-se na vermelha, seu Lê. O senhor conduzirá a nave. Não se esqueça dos pensamentos lógicos, OK?
- OK, major!
De repente a nave, que estava parada a trinta e um centímetros do chão, ganhou altura e começamos a voar em linha reta e acelerando. De abrupto ela parou e subiu a uma velocidade incrível.
- Caramba, Lê, com esses movimentos bruscos de trocar de direção, nós deveríamos ser lançados longe, mas nem nos movemos nas poltronas - observou a Rô.
- Tecnologia arretiana, meus amigos – disse o major.
Ficamos perambulando pela fresta do espaço-tempo por um período de tempo que nem percebemos e o major falou:
- Temos que retornar ao portal das Pitangueiras no Vale Virtualiano do Rio do Peixe, pois é só de lá que entraremos num wormhole. O que deve fazer, seu Lê?
- Laí: - Portal das Pitangueiras - e num piscar de olhos:
- Nooooossssa Lê, já chegamos – gritou a Rô.
- Seu Lê e dona Rô, para entrarmos no wormhole terão que darem as mãos. Dona Rô a sua mão tem que ser a que tem o anel, OK? 
Feito isso:
- O que o senhor dirá, seu Lê?
- Laí: - Do Portal ao wormhole – falei.
Dito e feito. As mesmas luzes coloridas; as mesmas turbulências: clarões; escuridão e por fim...
- O que mentalizou, seu Lê? Perguntou o major.
- Não reconheceram este planeta, meus amigos – perguntei hilariante.
- É Saturno – gritou a Rô e prosseguiu -, dá para reconhecer pelos anéis e...
- Sim, Pitéu, estamos na órbita de Saturno e não levamos nem trinta e um segundos para chegarmos até aqui.

Em pouco mais de meia hora já havíamos perambulado por todo nosso sistema solar até que o major me disse:
- Voltemos ao Portal das Pitangueiras, seu Lê. Terão uma surpresa! O que tem que dizer, seu Lê?
- Laí: - Portal das Pitangueiras!
Em trinta e um segundos retornamos. Ao abrir a porta da Laí deparamos com o Kobauski, Etevaldo, a Tenente e o major Klauskis. Etevaldo abriu o diálogo:
- Boa tarde pessoal! E aí, seu Lê e dona Rô, prontos para seguir-nos?
- Sim, eles estão – confirmou Karpinski.
-Estamos sim, meu amigo – falei e continuei -, vamos até à sede do sítio dar satisfações e nos despedir do Nhô e família.
- Com certeza, seu Lê – confirmou Kobauski.
Atravessamos o portal e fomos caminhando para o sítio. Eu e a Rô de mãos dadas e o pessoal de Arret com uniforme camuflado. Quem nos olhasse só veria eu e a Rô, mas os arretianos estavam juntos e o Etevaldo falou:
- Contatamos, antes de abrir e atravessar o portal, pessoas no sítio do Nhô que não eram nossos conhecidos e por isso ficaremos camuflados até chegarmos lá no Nhô. Se confirmarmos que não tem perigo, sairemos da camuflagem, OK? disse o Kobauski.
- OK, Comandante – respondi-lhe.
Na varanda da cozinha do Nhô estavam ele, Xerê, a Ritinha e o “Véi”, esperto, me perguntou:
- Us arretianu tão coces? Ieis pódi aparecê qui u Carabina Dozi já foi'mbora. Desdi tresantonti qui ieu vô lá nu cafofu dóceis, batu na porta i ninguém respondi.
- Nós fomos dar umas voltas, Nhô disse a Rô e prosseguiu:
- É que estava tão bom que não vimos as horas passarem!
- Horas – exclamou a Xerê e continuou a falar:
- Já tem três dias que vocês sumiram!
- Eh! Eh! Eh! Oceis atravessaram u portá, num é memu – perguntou o Nhô.
- Sim “Véi”, nós fomos fazer aulas de “nave-escola”, ah!Ah! Ah!
- Qui bão, seu Lê, qualquer dia dessi nóis todu vamu dá umas vorta puressi universu du Criadô, eh! Eh! Eh!
- Nhô, o que o Carabina queria aqui no sítio? Veio apenas visitá-los – perguntei.
- Num foi só visita, Misifiu, eie veiu vê si ieu sabia si tinha arguma coisa istranha acontecenu pelu nossu Vali.
- Ele viu, ou sabe de alguma coisa, Nhô?
- Ieli falô qui, uns tresantonti, um casalzin de namoradu tava lá nu parqui di isposição, qui tá fechadu, i viu uma pedra sainu du buracu du metoritu i subiu, subiu, subiu i ... sumiu nu ar i qui despois oviru um zumbidu i sentiu muntchu friu. U Carabina foi inté lá nu parqui i viu a cratera revirada. Foi só issu!
Depois de certificar que não tinha ninguém num raio de vinte quilômetros do sítio os arretianos apareceram. A Ritinha, que brincava por ali, levou um susto, pois foi de repente e ela disse:
- Oi, meus amiguinhos grandões!
Todos a cumprimentaram e o Kobauski falou:
- Como está o senhor, Nhô? E a família?
- Tudu ótimu, Comandanti. Oceis vinheru buscá u patrãozin i a dona Rô prá i lá pru ispaçu?
- Sim, meu amigo, nós vamos tirar as pessoas que restaram da destruída Terra – II e levar para outro planeta semelhante.
- É isso mesmo, Nhô! Passamos aqui para despedirmos e antes da virada do ano, daqui de Hy-Brazil, estaremos de volta, OK – falei ao meu amigo.
- Tá bão, Misifiu, nóis vamu festejá juntu. Si ocê passá por Arret trais uns pintadu i uns doradu di lá prá nóis cume cum Flô da Bosda. Já tamu produzinu um monti deias i quandu oceis vortá já vai tá nu jeitu. Oceis vem tamém, Kobauski?
- Não Nhô, não viremos. Dê Arret para Hy-Brasil o seu Lê e dona Rô retornarão sozinhos, OK, seu Lê?
- Sim, acho que até lá já estaremos aptos para isso.
- Então vamos pessoal – falou o Comandante.

Despedimos com abraços demorados e fomos para o Portal das Pitangueiras e de lá rumamos para Terra – II.


         Continua em 10/11/2013 em:
O  que  aconteceu  em  TERRA – II?
         

Um comentário:

  1. Para entender este texto tu tens que ir lá no início dos textos. Com o passar da leitura dos primeiros textos é que irás entender -
    cronologicamente -,este e os outros, até o final, ok?
    Se quiseres contatos eis meu e-mail:
    lecinof@gmail.com

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