sexta-feira, 15 de novembro de 2013

VIDA EM VIRTUÁLIA: OUTRO PARAÍSO

ARRET
A NOVA MORADA


Outro 
Paraíso


            Partimos! No wormhole a mesma e deliciosa sensação e, em poucos segundos, entramos na órbita da estrela de quinta grandeza, a qual os arretianos batizaram de LOS.  Íamos  seguindo a nave-mãe-mestre e a grande esquadrilha de naves.
- Seu Lê – era o Kobauski em holografia em nossa cabine de comando -, o planeta é aquele à sua direita.  A nave-mestre ficará em órbita. Desceremos, eu e o Etevaldo numa nave menor de reconhecimento, também, todas as outras naves com o que trouxemos de Terra – II e, lógico, a sua nave, OK?
- OK, Kobauski! Que devo fazer – perguntei-lhe.
- Peça a sua nave para seguir a nave dois, OK?
- OK! Até logo, então!
 A imagem holográfica desapareceu e eu disse à nossa nave:
-Laí: - siga a nave dois!
Em poucos segundos estávamos no QG arretiano daquele paraíso tropical. Deixamos a Laí, no estacionamento  e esta com o   ambiente interno do nosso cafofo do sítio do Nhô.Tudo era semelhante à nossa Terra, apenas o céu era mais azul e a Rô me perguntou:
- Você reparou como o céu daqui é mais azul,  Lê? É quase anil!
- Sim, Pitéu é a atmosfera sem poluição e a concentração de oxigênio deve ser  maior do que na atmosfera da Terra!
Chamei o Etevaldo à parte e pedi-lhe:
- Etevaldo, eu e a Rô podemos passear na praia é que... – nosso amigo me interrompeu:
- Claro amigo, vocês podem sim! O mar nessa parte do planeta é bastante calmo e quanto à fauna e flora, do mesmo, não existe perigo algum. Divirtam-se! Como já  estava planejado, em poucas horas, tudo estará no seu devido lugar. Aviso-lhes que os dias aqui duram vinte e quatro horas e trinta e um minutos, portanto, quase igual aos da Terra. Agora são nove horas, trinta e um minutos e  às doze horas e trinta e um minutos faremos uma concentração na grande praça e, nesta ocasião o Kobauski vai falar para a nova nação e depois teremos um grande almoço; contamos com vocês, OK?
- OK, amigo, conte conosco – respondi-lhe.
Despedimos de Etevaldo e fomos caminhando em direção ao mar, distante dali uns dois mil e trinta e um metros. Tínhamos que seguir por um caminho que nos obrigava a atravessar um bosque e, neste local, algo chamou a atenção da patroinha:
- Olhe Lê, como a vegetação é mais verde, viscosa e frondosa? Olhe só o tamanho daquela jaqueira?
- Realmente é gigantesca! Deve passar dos oitenta e quatro metros de altura – falei-lhe.
- Que despropósito! Como as pessoas vão pegar os frutos naquela  altura? Pior é que,   quando madurarem, vão se esborrachar no chão – raciocinou a  Rô.
- Não se esqueça de que é só agora que seres humanos aportaram neste planeta, Pitéu. Olhe lá quase na metade da jaqueira quem está comendo uma jaca madura – falei apontando.
- Caramba, Lê, o que é aquilo? Parece um bugio gigante! Tem o tamanho de um gorila ou maior... credo!
- A natureza é sabia Rô, veja o que acontece com os frutos que se espatifam no chão - falei apontando para as abelhas, moscas,  formigas  e espécies de besouros - que eu desconhecia -, a se banquetearem numa jaca madura recém caída ao chão.
- Estou a imaginar o tamanho dos coqueiros da praia pensou a patroinha em voz alta.


Perto da praia:

- Lê, "queimei" a língua! Os coqueiros são todos anões; como os lá da Terra!
- Não são iguais, Rô! Olhe os frutos falei apontando a um coqueiro com três frutos prontos para matar a sede de dezenas de pessoas.
- Nossa! São maiores que bolas de basquete disse a patroinha.
- Vamos apanhar um para verificar se a água dele é boa para o consumo humano.
Não foi preciso esforço para colhê-lo com minha faca – presente do Nhô -, do tempo da segunda guerra mundial da Terra.
- Não sei se a casca é muito macia ou se a tua faca está cortando como navalha, Lê! – falou a Rô me vendo tirar a casca do coco.
- A faca é muito boa Rô, mas a casca deste coco verde dá até para arrancar com as mãos!
Após “depená-lo” das cascas falei:
- Conche as mãozinhas Rô, que vou despejar um pouco de água, OK?
Rô deu uma leve provada e estalou a língua dizendo:
- Ahhhhh! É uma delícia, Lê! Nunca provei líquido tão saboroso! E por incrível que pareça está fresquinho para não dizer gelada!
Os frutos daquele coqueiro pesavam em média cinco quilos.
- Olhe, Lê aquela moita de capim, que parece cana-da-índia, corte um para ver se dá para fazer um canudinho!
- OK, Pitéu! Segure o coco ao pegar o coco Rô falou-me:
- Nossa, como isto pesa, Lê!
Cortei o capim e verifiquei que dava um excelente canudinho natural. Coloquei na fruta e sorvi um gole... dois goles... três goles e...
- Calma Lê! Tem coco verde “a dar com pau” nesta praia.
Após saciarmos a sede aceleramos o passo e chegamos à praia:
- Lê, olha só que praia  maravilhosa!
O mar azul e calmo se esparramava na areia branca em marolas suaves:
- Observe Pitéu – apontei em direção às gaivotas que pareciam plainar na suave brisa – como são grandes essas gaivotas.
- É mesmo Lê, tudo aqui parece maior. Talvez seja mesmo  a composição  atmosférica !
- Rô, vamos entrar na água?
- Não é perigoso, Lê? Apesar do Etevaldo nos ter tranquilizado, nós não sabemos nada da vida marinha deste planeta, aliás, não sabemos é quase nada! Só notamos que é semelhante a Terra e, além do mais, não temos roupas apropriadas, sô!
- Temos roupas apropriadas sim, Pitéu! Veja! – falei isso me despindo de todo o puder de um ser humano.
- Caramba Lê, você tem razão! Nós já nascemos com a roupa apropriada e aqui nessa praia deserta... vamos nessa!
Dentro do mar:
- Ah! Aqui é outro paraíso – falou minha patroinha boiando na água e não deixou de reparar:
- Viu Lê, a água aqui parece mais densa!
- E é, Rô, ela parece ter maior teor de sal.
    Ficamos ali curtindo aquele paraíso até que nos lembramos:
- Lê, deve estar quase na hora da concentração na praça e do almoço coletivo que o Etevaldo falou, acho melhor nos preparamos para esse evento!
- Tens razão! Vamos nos preparar para essa primeira reunião geral da nova  humanidade!
No horário combinado, todos estávamos na praça. O Comandante falou por meia hora de como deveria se portar aquela nova “raça humana”. Disse que não estavam começando na idade da pedra – como ficou conhecido início da povoação de nossa Terra -, e, sim com conhecimentos tecnológicos bastante evoluídos, além é claro, da ajuda primordial dos amigos eternos de Arret.  Pediu que esquecesse qualquer vínculo com as extintas religiões de Terra-II e que trabalhassem para a evolução social e do intelecto sempre dentro da lógica, da lógica universal.
      A euforia era grande! Eu e a Rô estávamos na mesma mesa com Kobauski, Etevaldo, Rick, Stephan e a Tenente e, Rick nos perguntou:
- Seu Lê, o senhor e a dona Rô vão ficar com a gente?
- Não doutor Richard – respondia por nós dois o Comandante – os nossos amigos vão retornar comigo e o Etevaldo para Arret. Temos assuntos importantes para resolver lá e, aliás, vamos retornar amanhã para meu planeta neste mesmo horário. O restante da expedição ficará aqui por dois anos em contagem Lander. Após isso viremos buscá-la e os landerianos seguirão por si só neste planeta.
- Lander, por que este nome  – perguntei ao Kobauski.
- Sim, Lander, porque lembra a Terra e a Terra-II , OK? – respondeu-me.
- Já que vamos ficar tão pouco tempo por aqui, podemos dar umas voltas pelo planeta em nossa nave, Comandante – pediu a Rô.
- Sim dona Rô, vocês não precisarão usar o sistema de camuflagem, OK?
- Ótimo! Que ótimo! Vamos Lê, temos até amanhã neste mesmo horário para conhecermos Lander!
- Então vamos, Rô! Até logo pessoal!
Fomos até o local, onde a Laí estava estacionada, e lhe pedi:
- Laí: - abrir a porta – ela obedeceu e entramos. O ambiente interno ainda estava no formato do nosso cafofo do sítio:
- Laí: - sala de comando – e a sala de comando apareceu. Sentamos e eu ordenei:
- Laí: - sobrevoar a maior floresta de Lander – e lá fomos nós sobrevoando a uns trinta e um centímetros da árvore mais alta – com mais   de cento e trinta e um metros de altura -, e a Rô disse:
- Aí está o paraíso para as madeireiras, não é Lê?
- Que o Criador de tudo não te ouça, Pitéu! Olhe que imenso rio que corta a floresta – falei e perguntei à Laí:
- Laí: - Informe-nos, em áudio, que rio é este e qual a dimensão do mesmo, OK?
- Este é o maior rio de Lander. Os arretianos o batizaram  de Amazonilo, tem extensão de 7.431 Km com uma largura máxima, na foz, de 484 Km – respondeu a nave com voz "metálica".
- Está vendo, Lê! Aqui tudo é maior do que na Terra!
- Este riozão é o paraíso dos pescadores, Rô. O Nhô, na certa, gostará de pescar aqui!
- Está aí uma coisa que não pensei: - Será que poderemos trazer nossos amigos nestas viagens, Lê?
- É mesmo, Pitéu! Vou perguntar ao Kobauski, quando estivermos retornando a Arret. 
- Laí: - Leve-nos à área central do continente; na região do cerrado – em segundos lá estávamos sobrevoando o grande cerrado de Lander.
- Como eu imaginava! Sobrevoando a esta pouca altura dá para ver que os animais por aqui são poucos, mas os que temos visto são semelhantes aos da Terra e, é lógico, são maiores como tudo por aqui, não é Rô?
- Com certeza Lê! Veja este cerrado que parece não ter fim; estou imaginando ele cheio de Nelore, ih!Ih!Ih!
- Ah! Ah! Ah! Das florestas pensamos nas madeiras; dos oceanos, mares e rios nas pescas, ou melhor falando, no extrativismo e agora vendo esta planície sem fim, aos nossos olhos, pensamos em criar gado! Será que esses pensamentos acompanharam os seres humanos para sempre, Rô?
- Com certeza Lê! Escute, a turnê está muito boa, mas temos que retornar para a cidade, aliás, como batizaram a cidade que os ciborgues construíram ?
- Landcity, Pitéu! Você tem razão, vamos voltar que já está escurecendo. Quero estar em solo firme quando escurecer. Deitar na relva e admirar o céu estrelado daqui de Lander.
- Com a sua única e eterna companhia, ou seja, eu, não é Lê, ih!Ih!Ih!
- Sim, se não fosse assim que graça teria?
- Laí: - QG de Landcity!
Ao estacionarmos no local apropriado do QG, já nos esperavam o Etevaldo e a Tenente e foi aquele que nos dirigiu a palavra:
- Seu Lê e dona Rô, papai nos espera na sala de refeições dos oficiais no QG. Vamos jantar e traçar o plano de volta para Arret. Houve mudanças nos planos e partiremos amanhã ao raiar do dia, OK?
- OK, Etevaldo! Nós estamos à sua inteira disposição.

Continua em 23/11/2013 em:
A Máquina
de Viajar

nas Frestas do Tempo-Espaço

domingo, 10 de novembro de 2013


ARRET
A NOVA MORADA

O que aconteceu em   

TERRA – II?


      Kobauski acompanhou-nos até nossa nave e dentro dela disse-nos:
- Seu Lê, o senhor poderia dar o comando: “- Laí, Terra – II!” e ela os levaria para lá, porém dirá o comando: - “Laí, seguir a nave-mãe-mestre I!”, OK?
- Qual a diferença, Comandante – perguntou a Rô.
- Como a Laí é menor e, com menos peso, ela chegará alguns segundos antes da nave maior, se deres o primeiro comando e se...
- Já entendemos Kobauski, e preferimos chegar juntos com vocês em Terra – II – falei-lhe.
- OK! Pode dar o comando seu Lê. Vou para a nave mãe. Até daqui a pouco, amigos.
- Então até, então – falamos em duo.
Kobauski foi para a nave-mãe e nós nos acomodamos nas poltronas na sala de comando e eu falei:
- Laí: - Siga a nave-mãe-mestre I!
Laí começou a brilhar externamente ficando em ponto de partida. A nave-mãe acelerou com sua esquadrilha e entrou no wormhole e a Laí a seguiu sem que precisássemos fazer nenhum esforço.
Trinta e um segundos depois saímos  do wormhole e entrarmos na órbita de Terra-II:
- Olha Rô, aquela estrela é a Greise!
- Parece o nosso Sol, Lê, aliás, parece que estamos na órbita da nossa Terra! Olha à direita! Não é a nossa Lua?
- Não Rô, é a lua da Terra-II e...
- Seu Lê, vamos sobrevoar “Big-Brasil”! Coloque a sua nave em camuflagem – falou-nos o Kobauski aparecendo em nossa frente em forma holográfica.
- Laí: - Camuflagem!
- Olhe Rô - falei apontando-lhe em direção a Big-Brasil -, ali é onde se iniciou a colonização de Terra-II!
- Caramba Lê, está tudo destruído! É um deserto imenso essa ilha!
- Não dá para acreditar que aqui tinha tanta vida – falei pasmado e continuei:
- Ela diminuiu de tamanho mais de cinquenta por cento. As águas dos oceanos subiram vertiginosamente ou é a era em que a ilha submerge? Tenho minhas dúvidas!
- Seu Lê, vamos para o polo sul da Terra-II. Realmente aqui não se pode fazer nada nos próximos mil anos terrestres – informou-nos o Etevaldo em estado holográfico, ao nosso lado.

Sobrevoando o polo sul de Terra-II:
- Lá está o que sobrou da raça humana de Terra-II, Rô!
- Continuo não acreditando! As geleiras estão derretendo aceleradamente. O que tem embaixo delas são materiais rochosos tipo granito. É impossível gerar flora e fauna, caso essas geleiras desapareçam- comentei com minha patroinha.
- Como você sabe que é granito ou parecido com tal, Lê?
- Os arretianos já haviam feito uma análise do local, Rô!
- Olhe Lê, a nave mãe está parando aqui nas alturas!  Estão saindo duas naves menores, porém maior que esta aqui!
Nisto Etevaldo apareceu holograficamente para nos comunicar:
- Pessoal, vamos descer lá na base científica do polo. Siga-nos!
- OK,  Etevaldo – respondi e ordenei:
- Laí: - Siga naves de reconhecimento!
Descemos e ficamos a trinta e um centímetros do solo, aliás o que restava da geleira. 
- Lê, se sairmos da nave vamos congelar!
- Não! Não vamos, Rô! Pode ter certeza disto, OK?
As três espaçonaves ficaram estacionadas e flutuando a trinta e um centímetros do solo. 
- Seu Lê e dona Rô venham comigo ao galpão principal. Vamos conversar com o cientista chefe. Etevaldo e major Klauski, vocês vão levar o pessoal para as naves que estão na estratosfera, OK? A análise, feita pela central de CPD da nave-mãe, detectou apenas quatrocentos e oitenta e quatro almas em todo o planeta e todas estão aqui. Não deve ficar ninguém, todos devem ir OK?
- OK pai – respondeu Etevaldo.
No galpão principal na sala do cientista chefe eu não pude me conter e exclamei:
- Como eu havia me esquecido, caramba!
- Seu Lê, que prazer! Como vai?
- Eu estou ótimo, Stephan! Esta é Rô, minha eterna companheira!
- Prazer dona Rô!
Nisso ouve-se outra voz na nossa retaguarda:
- Seu Lê, meu amigo, que prazerão – virei-me e vi que era o Richard.
- Meu grande amigo da África do Sul; você está ótimo. Esta é minha alma gêmea a Rô, Richard!
- Muito prazer, senhora!
- Rick e Stephan, temos muito que conversar – disse o Kobauski.
- Sim! Sim, claro Comandante. Sentem-se nessas poltronas – falou Stephan.
- Stephan, desde o dia em que Greise absorveu aquele cometa não conseguimos manter contatos com Terra-II constantemente.  Foi só há algumas semanas terrestres que conseguimos contato, aliás, não foi um contato, foram vibrações de explosões nucleares e ... - Stephan interrompeu o Comandante:
- E foram explosões! Várias explosões em todos os cantos de Terra-II. Perdemos tudo, Kobauski. Só nos salvamos porque estávamos aqui no polo Sul por conta de análise de um meteorito que caiu aqui na região.
- Vou narrar o que ocorreu, ok?
- OK, Stephan, pode começar - pediu o Comandante.
- Há alguns anos as diversas religiões entraram em conflito. A mais poderosa econômica e financeira e, que tinha a maior quantidade de seguidores, lançou-se em guerra contra a segunda maior e esta é que tinha, em sua fé, os mais fanáticos religiosos. Foi nessa “guerra santa” que se iniciou a destruição. Os fanáticos se transformaram em autênticas bombas sujas, ou seja, colocaram junto a seus corpos, elementos radioativos enriquecidos; iam às grandes basílicas, quando essas estavam lotadas e detonavam-se. Com as explosões destruiu-se tudo ao redor, além de espalhar radiação. Isso durou até que a grande religião, que administrava, também, a maior e mais poderosa nação de Terra-II, decidiu usar do mesmo artifício só que de maneira diferente, ou seja, mandavam aviões não tripulados e imunes aos radares, equipados com ogivas nucleares nas nações as quais pertenciam os “homens bombas” e lá detonavam as ogivas.
Por outro lado, as nações da outra religião espalhou, mundialmente, através de todas as mídias, um relato intitulado: “A Grande Verdade sobra José Cristal”. Essa, “ grande verdade”, dizia que José Cristal , dito filho do Deus de Terra-II, foi uma invenção da grande religião, que ele nunca existiu e que os livros, escritos pelos profetas, sobre o tal JC – como era conhecido -, também, foi invenção, ou seja: - Nunca existiu o que neles constam! E, realmente, não existe provas concretas, arqueológicas, histórica e científicas da existência de toda a vida em torno dessa personagem.
Isto foi o ponto principal para a destruição total e foi o que aconteceu. Tudo o que restou de Terra-II está aqui neste polo. O planeta foi tirado de seu eixo natural e, além disso, está perdendo atmosfera. Como seguimos aquela sua ideia de fazermos, aqui no polo, um banco de sementes, garantimos a perpetualidade da flora, porém a fauna, infelizmente,  perdemos tudo. Só nos restamos, ou seja, eu, o Richard e mais quatrocentos e oitenta e duas almas terradoisenses com idade média de trinta e um anos. São cento e cinquenta casais com filhos; cinquenta homens solteiros e sessenta e uma mulheres solteiras.
De repente um silêncio fez-se presente no ambiente  e foi o Comandante quem falou:
- Quanto ao planeta não se pode fazer mais nada, pois está em fase terminal de vida. A poluição nuclear perdurará por milhares de anos. A temperatura normal, hoje, é de mais ou menos cento e dois graus centígrados. Toda a água evaporou-se e com a força da gravidade diminuindo drasticamente, esta água que, aliás, está radioativa, escapa para o espaço. A água que resta está aqui nas geleiras milenares que estão derretendo rapidamente e à medida que escoam para os oceanos e mares, também evaporam. Vamos levá-los para outro planeta semelhante a este na constelação CC-0484. Vamos levar todo o banco de sementes para lá. Iríamos levar tudo para um planeta na rota de nosso wormhole, porém descobrimos que esse planeta vai entrar em rota de colisão com um meteoro de 31 Km2 por volta do ano terrestre de 2.031. Portanto, na constelação de que lhes falo existe uma estrela de quinta grandeza com doze planetas e o terceiro, por mera coincidência, é semelhante à Terra, porém sem a presença humana. Já enviamos para lá, há dez anos terrestres, uma expedição de arretianos com cento e quarenta e quatro esquadrões de ciborgues para preparar a melhor área habitável de lá. Fica na faixa do equador, deste planeta, a poucos quilômetros do oceano. 
Essa estrela, da qual lhes falo, em que orbita este planeta, fica na constelação que os cientistas da Terra descobriram recentemente e, que devido à semelhança, quando visto à distância astronômica, ao rosto de um ser das fábulas terrestres, a chamam de Cabeça de Bruxa.
- Seria outro paraíso, Kobauski – comentou a Rô, como sempre atenta e eu rebati:
- E que em poucas gerações se tornará outra Terra-II, não é Comandante?
- Vai ser assim, sempre, seu Lê, até que essa raça humana evolua – respondeu o arretiano.
- E na Terra em que vivíamos Comandante, está muito evoluída – perguntou o Rô.
- Numa escala de zero até dez está entre dois e três em tecnologia, meus amigos – respondeu o Kobauski.
- E em relação ao intelecto – continuou a questionar a Rô.
- Nesta escala criada pelos arretianos, que se basearam em nossa raça, os terráqueos mais cultos e inteligentes estão no nível três, dona Rô.
- Caramba! Não estamos tão ruins assim. O que se deve fazer para melhorar, Comandante – perguntei-lhe.
- Dar tempo ao tempo, meus amigos, só isso!
- Qual é o grau da tua raça, Kobauski – perguntou imperativa a Rô.
- Estamos longe de sermos perfeitos, mas não encontramos outra espécie de seres vivos com grau de desenvolvimento superior aos arretianos, meus amigos!
Nisto o major Klauski aproximou-se e disse:
- Comandante Kobauski, são  oito horas,  trinta e um minutos,  trinta e um segundos; tudo e todos já estão acomodados nas naves de transporte a trinta e um mil pés de altura. Aguardamos suas ordens para partimos!
- Ok, major! Seu Lê e dona Rô iremos no mesmo processo. Peça a sua nave que nos siga OK?
- OK Comandante – respondi.

Continua em 16/11/2013:
Outro Paraíso

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

  ARRET
A NOVA MORADA

Uma Nave chamada
LAÍ

    Na manhã seguinte, perto das duas pitangueiras:
- Rô dê-me a mão direita, a do anel – pedi-lhe e assim que lhe apertei a mão pensei na senha e:
- Olha Lê, o portal de abriu disse a Rô e lá estava a nave e o major que foi nos dizendo:
- Bom dia meus amigos! Vou-lhes mostrar a nave toda antes de ensinar-lhes a pilotá-la, navegar no espaço-tempo, entrar e a sair de um wormhole, OK? Porém só poderão fazê-lo, sozinhos, depois de muito treino e com autorização do Kobauski. Essa autorização o seu Lê já sabe como a conseguir, certo, seu Lê?
- Sim major, com certeza respondi-lhe. O major nos mostrou toda a aeronave  e por fim:
- Seu Lê, no seu chip já está diagramado toda a aeronave e basta chegar perto e falar o que desejar dela. Não esqueça que ela só obedecerá a comandos lógicos, OK?  O mesmo vale para a senhora dona Rô, porém ela só atenderá o seu comando de “abrir e fechar a porta de entrada/saída” e quando estiver parada.
- OK, major – respondemos.
- Seu Lê, se vocês quiseram entrar na aeronave o que mentalizarão?
A Rô  firmou o pensamento e disse:
- Abre-te e a porta da nave se abriu tão rápida quanto ao portal.
Entramos e deparamos com um vasto salão. Vendo tal nave, pelo lado de fora, não poderíamos imaginar que era tão grande por dentro. O major me pediu:
- Seu Lê, coloque uma das mãos nessa luminosidade que está encima daquele pedestal. Pense também um nome para a nave. Pense no nome que será chamada doravante.
Fí-lo e:
- Caramba Lê, que “manêro” expressou a patroinha.
- Rô adivinhe qual foi o nome que batizei, mentalmente, a nave?
- Laí, ih! Ih! Ih! Este foi o nome da nossa primeira Kombi, não foi?
- Sim e é por ser assim, que você é meu Pitéu!
Todo o salão foi ocupado, automaticamente, com tudo que tinha em nosso cafofo. Até a plaquinha escrita: “Nosso eterno lar”, que a Rô fez, num trabalho de bordado, estava lá. Sobre a mesinha da sala de televisão estava o DVD de um filme Cult: - O Dia em que a Terra parou –, produzido no ano de 1951.
- É incrível major, vocês transportaram o cafofo meu e da Rô, para essa nave – perguntei.
- Não é o lugar onde vocês dois mais se sentem no paraíso?
- Sim major! É nele mesmo – respondeu de pronto, a Rô.
- Então nós fizemos uma cóp... – interrompi o major:
- Mas de onde pilotaremos ou controlaremos a nave, major?
- Ora , seu Lê, pense nisso – respondeu-me.
E pensei e, ao pensar, uma porta de abriu rapidamente do lado da entrada para nosso quarto. Ultrapassamos a porta e no compartimento tinha uma pequena escada:
- Uma escada tipo caracol? Eu sempre gostei de uma escada tipo caracol, não sei por quê... – foi interrompida:
- Esta escada os levarão ao andar de cima da nave e é de lá que a comandarão. Poderíamos ter colocado um elevador, mas sabíamos que dona Rô gostava de escada deste tipo.
Subimos. Toda a parte de cima, da espaçonave, era envolvida por uma cúpula que lembrava vidro. O Karpinsky disse-nos:
- É daqui que comandarão tudo. Como podem reparar temos visão de 180° na parte superior e os outros 180°, da parte de baixo, é só o senhor pronunciar:
- Laí: visão inferior – antecipei ao major e uma projeção holográfica surgiu na nossa lateral.
- Isso mesmo, seu Lê! E para deixá-la em ambiente de comando é Só dizer: - Laí comando! E para deixá-la em piloto automático dirás: Laí automático! E para proteger toda a nave com campo de força é só dizer: Laí proteção!
- Mas, major, tem que falar o nome dela sempre? E se não der tempo – perguntou a Rô.
- O seu Lê não precisará só falar, mas também mentalizar. Porém, se a situação for de perigo eminente, a Laí se protegerá automaticamente, além de se camuflar.
    - Ah, então tá, então – respondeu a Rô.
- E a casa de máquinas, onde fica, major?
    - Ao lado da porta de entrada, na parte inferior. Lá fica o cérebro da Laí, seu Lê.
    - Com que combustível a Laí é abastecida, major – perguntei.
- Energia escura! Ela está em mais de setenta por cento do universo. Os terráqueos ainda a considera uma hipótese, seu Lê. Mas, vamos deixar essas explicações técnicas para outro tempo. Vamos dar umas voltas, amigos? O que tem que fazer, seu Lê?
- Laí: - Comando!
Num piscar de olhos apareceram, no centro do ambiente, três poltronas que podiam girar trezentos e sessenta graus. A poltrona do meio era vermelha e as outras brancas.
- Sente-se na vermelha, seu Lê. O senhor conduzirá a nave. Não se esqueça dos pensamentos lógicos, OK?
- OK, major!
De repente a nave, que estava parada a trinta e um centímetros do chão, ganhou altura e começamos a voar em linha reta e acelerando. De abrupto ela parou e subiu a uma velocidade incrível.
- Caramba, Lê, com esses movimentos bruscos de trocar de direção, nós deveríamos ser lançados longe, mas nem nos movemos nas poltronas - observou a Rô.
- Tecnologia arretiana, meus amigos – disse o major.
Ficamos perambulando pela fresta do espaço-tempo por um período de tempo que nem percebemos e o major falou:
- Temos que retornar ao portal das Pitangueiras no Vale Virtualiano do Rio do Peixe, pois é só de lá que entraremos num wormhole. O que deve fazer, seu Lê?
- Laí: - Portal das Pitangueiras - e num piscar de olhos:
- Nooooossssa Lê, já chegamos – gritou a Rô.
- Seu Lê e dona Rô, para entrarmos no wormhole terão que darem as mãos. Dona Rô a sua mão tem que ser a que tem o anel, OK? 
Feito isso:
- O que o senhor dirá, seu Lê?
- Laí: - Do Portal ao wormhole – falei.
Dito e feito. As mesmas luzes coloridas; as mesmas turbulências: clarões; escuridão e por fim...
- O que mentalizou, seu Lê? Perguntou o major.
- Não reconheceram este planeta, meus amigos – perguntei hilariante.
- É Saturno – gritou a Rô e prosseguiu -, dá para reconhecer pelos anéis e...
- Sim, Pitéu, estamos na órbita de Saturno e não levamos nem trinta e um segundos para chegarmos até aqui.

Em pouco mais de meia hora já havíamos perambulado por todo nosso sistema solar até que o major me disse:
- Voltemos ao Portal das Pitangueiras, seu Lê. Terão uma surpresa! O que tem que dizer, seu Lê?
- Laí: - Portal das Pitangueiras!
Em trinta e um segundos retornamos. Ao abrir a porta da Laí deparamos com o Kobauski, Etevaldo, a Tenente e o major Klauskis. Etevaldo abriu o diálogo:
- Boa tarde pessoal! E aí, seu Lê e dona Rô, prontos para seguir-nos?
- Sim, eles estão – confirmou Karpinski.
-Estamos sim, meu amigo – falei e continuei -, vamos até à sede do sítio dar satisfações e nos despedir do Nhô e família.
- Com certeza, seu Lê – confirmou Kobauski.
Atravessamos o portal e fomos caminhando para o sítio. Eu e a Rô de mãos dadas e o pessoal de Arret com uniforme camuflado. Quem nos olhasse só veria eu e a Rô, mas os arretianos estavam juntos e o Etevaldo falou:
- Contatamos, antes de abrir e atravessar o portal, pessoas no sítio do Nhô que não eram nossos conhecidos e por isso ficaremos camuflados até chegarmos lá no Nhô. Se confirmarmos que não tem perigo, sairemos da camuflagem, OK? disse o Kobauski.
- OK, Comandante – respondi-lhe.
Na varanda da cozinha do Nhô estavam ele, Xerê, a Ritinha e o “Véi”, esperto, me perguntou:
- Us arretianu tão coces? Ieis pódi aparecê qui u Carabina Dozi já foi'mbora. Desdi tresantonti qui ieu vô lá nu cafofu dóceis, batu na porta i ninguém respondi.
- Nós fomos dar umas voltas, Nhô disse a Rô e prosseguiu:
- É que estava tão bom que não vimos as horas passarem!
- Horas – exclamou a Xerê e continuou a falar:
- Já tem três dias que vocês sumiram!
- Eh! Eh! Eh! Oceis atravessaram u portá, num é memu – perguntou o Nhô.
- Sim “Véi”, nós fomos fazer aulas de “nave-escola”, ah!Ah! Ah!
- Qui bão, seu Lê, qualquer dia dessi nóis todu vamu dá umas vorta puressi universu du Criadô, eh! Eh! Eh!
- Nhô, o que o Carabina queria aqui no sítio? Veio apenas visitá-los – perguntei.
- Num foi só visita, Misifiu, eie veiu vê si ieu sabia si tinha arguma coisa istranha acontecenu pelu nossu Vali.
- Ele viu, ou sabe de alguma coisa, Nhô?
- Ieli falô qui, uns tresantonti, um casalzin de namoradu tava lá nu parqui di isposição, qui tá fechadu, i viu uma pedra sainu du buracu du metoritu i subiu, subiu, subiu i ... sumiu nu ar i qui despois oviru um zumbidu i sentiu muntchu friu. U Carabina foi inté lá nu parqui i viu a cratera revirada. Foi só issu!
Depois de certificar que não tinha ninguém num raio de vinte quilômetros do sítio os arretianos apareceram. A Ritinha, que brincava por ali, levou um susto, pois foi de repente e ela disse:
- Oi, meus amiguinhos grandões!
Todos a cumprimentaram e o Kobauski falou:
- Como está o senhor, Nhô? E a família?
- Tudu ótimu, Comandanti. Oceis vinheru buscá u patrãozin i a dona Rô prá i lá pru ispaçu?
- Sim, meu amigo, nós vamos tirar as pessoas que restaram da destruída Terra – II e levar para outro planeta semelhante.
- É isso mesmo, Nhô! Passamos aqui para despedirmos e antes da virada do ano, daqui de Hy-Brazil, estaremos de volta, OK – falei ao meu amigo.
- Tá bão, Misifiu, nóis vamu festejá juntu. Si ocê passá por Arret trais uns pintadu i uns doradu di lá prá nóis cume cum Flô da Bosda. Já tamu produzinu um monti deias i quandu oceis vortá já vai tá nu jeitu. Oceis vem tamém, Kobauski?
- Não Nhô, não viremos. Dê Arret para Hy-Brasil o seu Lê e dona Rô retornarão sozinhos, OK, seu Lê?
- Sim, acho que até lá já estaremos aptos para isso.
- Então vamos pessoal – falou o Comandante.

Despedimos com abraços demorados e fomos para o Portal das Pitangueiras e de lá rumamos para Terra – II.


         Continua em 10/11/2013 em:
O  que  aconteceu  em  TERRA – II?